Hattie McDaniel, primeira mulher negra a vencer um Oscar
Hattie McDaniel, a primeira mulher negra a ser nomeada e a vencer um Oscar
Hattie McDaniel (Wichita, 10 de junho de 1895 – Los Angeles, 26 de outubro de 1952), atriz e cantora norte-americana. Em 1940 se tornou a primeira artista de origem africana a ser indicada e a receber um prêmio Oscar (o de melhor atriz coadjuvante por sua performance no drama E o Vento Levou).
Em 1940 – E o Vento Levou é o primeiro recordista em número de troféus. O clássico do cinema leva oito estatuetas: atriz (Vivien Leigh), atriz coadjuvante (Hattie McDaniel), direção (Victor Flemming), direção de arte (Lyle Wheeler), edição (Hal C. Kern), fotografia colorida (Ernest Haller e Ray Rennahan), roteiro (Sidney Howard) e melhor filme.
Filha de um casal de ex-escravos, ela venceu a estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante em 1940 por seu papel como Mommy em “E o Vento Levou”.
A mais nova de 13 irmãos e nascida em 10 de junho de 1895, em Wichita, no Estado do Kansas, a atriz começou sua carreira como uma performer de Vaudeville (antigo gênero de entretenimento de variedades predominante nos EUA e Canadá do fim do século XIX) e como uma das primeiras afrodescendentes a trabalhar em rádio. Em 1910, ela foi a única pessoa negra a participar do evento Women’s Christian Temperance Movement, no qual a ganhou uma medalha de ouro por recitar um poema que ela mesma escrevera, “Convict Joe”. Em 1925, começou a cantar na KOA, uma estação de rádio em Denver, e seu trabalho como musicista a levou a gravar várias canções, das quais a maioria ela mesma tinha composto.
Em 1931, Hattie se mudou para Los Angeles ao lado dos irmãos Sam, Etta e Orlena. Quando não conseguia papel em filmes, trabalhava como empregada doméstica. Sam trabalhava num programa de rádio chamado “The Optimistic Do-Nut Hour”, no qual conseguiu uma participação para a caçula da família. Depois disso, sua carreira deslanchou e ela se tornou extremamente popular, virando uma estrela. No início dos anos 30, conseguiu vários papéis em diversos filmes, no entanto, seu nome não era creditado em grande parte. Ela apareceu em inúmeras produções desta década e tornou-se mais conhecida por sua participação em “E o Vento Levou”, dirigido Victor Fleming, como Mammy.
Sua atuação lhe rendeu uma distinção no mais cobiçado prêmio do cinema. “Este é um dos momentos mais felizes da minha vida. Espero sinceramente ser sempre motivo de orgulho para a minha raça e para a indústria do cinema”, agradeceu, emocionada, ao pegar sua estatueta. Este foi apenas um de seus 74 personagens vividos nas telonas, os quais eram sobretudo criada, serva ou empregada. Após os estereótipos e durante uma época de graves obstáculos raciais, Hattie é creditada como responsável por abrir os olhos de Hollywood para criar papéis mais multidimensionais para a comunidade negra.
A primeira negra a levar uma estatueta para casa foi Hattie McDaniel, em 1940, por seu papel de atriz coadjuvante no sucesso “…E o vento levou”. Ela ganhou não só o reconhecimento da crítica, mas também do público. O filme estreou em 15 de dezembro de 1939, em Atlanta, e foi reprisado diversas vezes no Brasil. Em 11 de abril de 1971, por exemplo, O GLOBO anunciava mais uma exibição do filme no país — com elogios à interpretação da atriz.
Demoraria mais de 20 anos para um novo negro avançar na conquista de espaço. Em 1964, Sidney Poitier se tornou o primeiro negro a ganhar um Oscar de melhor ator, pelo filme “Uma voz nas sombras”, dirigido por Ralph Nelson.
Dos anos 1920 a 1950, cineastas como Oscar Micheaux (1884-1951) estavam restritos a produzir filmes que só circulavam na comunidade negra. Uma mudança mais forte só veio na década de 1970, quando o movimento pelas liberdades civis e contra a segregação racial favoreceu o surgimento de um cinema negro mais expressivo. Foi ali que surgiram nomes como Gordon Park, com “The learning tree” (1969) e “Shaft” (1971) — este com Richard Roundtree no papel principal.
Quando “Shaft” estreou no Rio, O GLOBO destacava que seu êxito de bilheteria havia sido moderado, mas o filme servira para quebrar um tabu. A reportagem dizia ainda que atores e diretores afro-descendentes, em número cada vez maior, lutavam para que o retrato dos personagens refletissem “a dignidade do homem negro”.
Mas ainda assim atores, produtores e diretores negros eram marginalizados. O filme “Faça a coisa certa”, que Spike Lee lançou em 1989, é considerado um divisor de águas. A força criativa do diretor transformou o cinema negro em tendência de mercado — conquistando Hollywood e influenciando direções de cineastas.
Graças a seu filme, surgiram outros longas-metragens do tipo, como “Mais e melhores blues”, “Malcom X” e “Febre na selva”, entre outros. Foi um movimento que se expandiu ao longo dos anos 1990, com anunciava O GLOBO em 13 de setembro de 1991. Uma reportagem de Eduardo Magalhães falava que a nova tendência “recontava a história de uma raça”. Ele destacava a quantidade de filmes de diretores negros ou sobre a questão racial no Festival de Cannes daquele ano.
Apesar do sucesso e da porta aberta por “Faça a coisa certa”, Lee nunca teve sua obra reconhecida pela Academia.
A artista morreu aos 57 anos de idade, no hospital da Casa para os Artistas de Cinema e Televisão, em 26 de outubro de 1952, vítima de um câncer de mama. Em seu testamento, ela deixou seus pedidos finais, conforme relatado na biografia: “Eu desejo um caixão branco e uma mortalha branca, gardênias brancas no meu cabelo e nas minhas mãos, juntamente com uma manta branca de gardênia e um travesseiro de rosas vermelhas. Eu também desejo ser enterrada no Cemitério de Hollywood”.
(Fonte: http://www.terra.com.br/cinema/infograficos/oscar-vencedores – DIVERSÃO – CINEMA – OSCAR – História do Oscar – 2 de março de 2014)
(Fonte: http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/historia-dos-negros-no-cinema-cheia-de-avancos-retrocessos- – FATOS HISTÓRICOS – CULTURA – Publicado: 16/01/15)
(Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/ArteAgenda/Variedades/Cinema/2018/1/639346/Hattie-McDaniel,-primeira-mulher-negra-a-vencer-um-Oscar – ARTE & AGENDA – VARIEDADES – CINEMA – 10/01/2018)