Armand Pierre Fernandez, escultor franco-americano, amplamente conhecido apenas como Arman

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Conhecido por suas “assemblages”, artista franco-americano era considerado um “fazedor de objetos”

 

 

Armand Pierre Fernandez (Nice, França, 17 de novembro de 1928 – Nova York, 22 de outubro de 2005), escultor franco-americano, amplamente conhecido apenas como Arman, uma figura de liderança e vanguarda no movimento neo-realista da segunda metade do século 20.

Nascido em Nice, de mãe francesa e pai espanhol, o polêmico Arman, ao lado de Yves Klein, Claude Pascal, César e Jean Tinguely, entre outros, integrou o chamado Novo Realismo francês, movimento criado na década de 1960 a partir de manifesto escrito pelo crítico de arte Pierre Restany, intitulado Nouveau Réalisme.

O artista começou sua carreira na pintura, mas ficou conhecido pela prática escultórica e do assemblage, cuja senha de identidade era a acumulação de materiais de todos os tipos, desde os mais banais itens do cotidiano como tênis, relógios, máquinas de escrever, tampas de garrafas.

A escolha desse caminho estava de acordo com os princípios do movimento no qual Arman se inscreveu: descrever o cotidiano sem idealização, mas reinventado-o. Como definiu Restany, o Novo Realismo tinha por princípio ser a “poética de reciclar a realidade urbana, industrial e de propaganda”. Por essa prática do acúmulo, fazia em suas obras comentários e críticas sobre uniformização, padronização e o caráter serial da sociedade de consumo que se firmava.

Bastante conhecido por suas “assemblages”, que transformam objetos de natureza diversa em escultura -por meio de sua acumulação, repetição ou conjunção-, Arman era com frequência classificado como um “fazedor de objetos”.

Classificar, aliás, era uma de suas práticas rotineiras, tendo sua obra sido definida por Umberto Eco como da ordem da “poética da enumeração e da catalogação”.

Uma poética que, ainda segundo o escritor e linguista italiano, ao contrário de estabelecer uma ordem e uma hierarquia ao mundo, apenas revela, com grande ironia, a indefinição de suas identidades. Facilitando a compreensão dessa lógica, Arman também criava esculturas a partir de objetos queimados, itens encontrados no lixo ou destruídos, como pedaços de instrumentos musicais que ele rearranjava e expunha em grandes museus internacionais. Para arremedá-los, o artista utilizava técnicas diversas, incluindo cimento e explosões.

Nascido na cidade de Nice, no sul da França, e tendo inicialmente o nome de Armand Pierre Fernández, Arman foi iniciado na pintura a óleo por seu pai, um vendedor de móveis antigos. Foi a partir desse interesse que decidiu ingressar na Escola de Artes Decorativas de Nice e, em seguida, concluídos esses estudos, na Escola do Louvre.

Foi em 1949 que conheceu Yves Klein (1928-1962) e Claude Pascal, com quem, um ano mais tarde, formou o grupo artístico Triangle. Juntamente com Klein, Arman fundou, nos anos 60, o Movimento Neo-Realista. Na mesma década é que se mudou para os EUA, onde acabou adquirindo a dupla nacionalidade. Foi só em 1973 que adotou o nome Armand Pierre Arman.

Outro caminho seguido pelo artista foi o de destruição dos materiais – ele cortava ou ateava fogo nos objetos antes de usá-los. “A destruição faz aparecer estruturas escondidas”, afirmou Agnes Nordmann na ocasião da retrospectiva do artista no Brasil, em 1999.

Armand Pierre Arman morreu em 22 de outubro de 2005, em Nova York, aos 76 anos e já há algum tempo vinha batalhando contra um câncer.

A mudança para os EUA, apesar de alavancar uma difusão mais internacional de sua obra, não impediu que ele continuasse sendo profundamente estimado na França. Ontem, o presidente francês, Jacques Chirac, lamentou a morte desse “incansável criador”, que trabalhava apaixonadamente com constante curiosidade e entusiasmo. “É uma grande figura da arte contemporânea que acaba de nos deixar”, concluiu Chirac.

Juntamente com o funeral, foi realizada uma dupla cerimônia em homenagem ao artista, simultaneamente nos EUA e na França.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada – ILUSTRADA / ARTES PLÁSTICAS – DA REPORTAGEM LOCAL / Com agências internacionais – 24 de outubro de 2005)

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(Fonte: http://www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/secao/62/materia – VARIEDADES – 26 de outubro de 2005)

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