Tony Benn, ex parlamentar britânico, veterano da 2ª Guerra e presidente do Comitê Anti-Guerra.

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Tony Benn: um ícone do idealismo democrata

Tony Benn (Holland Park, em Londres, ), ex parlamentar britânico, veterano da 2ª Guerra e presidente do Comitê Anti-Guerra, último dos grandes idealistas políticos do mundo.

O político trabalhista que se manteve à esquerda, quando o Labour virava à direita. Tony Benn foi ministro do governo britânico e deputado na Câmara dos Comuns. Apoiou a luta dos mineiros contra o governo Thatcher, opôs-se às guerras em que a Grã-Bretanha se envolveu e foi presidente da coligação “Stop the War”.

Eleito para o Parlamento Britânico pela primeira vez em 1950, pela ala esquerda do Partido Trabalhista, Tony Benn serviu “a mãe de todos os parlamentos” durante 50 anos, até 2000. Quando deixou de candidatar-se em 2001, o fez para fazer o que ele chamou de “política de verdade”.

Tony Benn nasceu em 1925 e foi deputado do Labour durante 50 anos, entre 1950 e 2000. Foi também ministro e secretário de Estado nos governos de Harold Wilson e James Callaghan, nos períodos 64-70 e 74-79.

Nos anos 80, quando o partido Trabalhista virava à direita, Tony Benn foi um dos raros políticos que virou à esquerda, tornando-se uma figura de referência de toda a esquerda britânica.

Tony Benn apoiou o Sinn Féin e a unidade da Irlanda, nos anos 80, e opôs-se à guerra das Malvinas.

Apoiou a greve dos mineiros, em 1984-85, contra o governo de Margareth Thatcher e depois da derrota tentou, sem êxito, uma amnistia para os mineiros que tinham sido presos nos confrontos durante a greve.

Em 2001, deixou o cargo de deputado, afirmando que ia “dedicar mais tempo à política” e tornando-se presidente da coligação “Stop the War”.

Em 2003, esteve na frente das grandes manifestações contra a guerra do Iraque em Inglaterra, combatendo sempre a política de Tony Blair e a sua aliança com George W. Bush.

Para ele, no momento em que a sociedade torna-se complacente e assume simplesmente, sem preocupar-se em defender seus princípios, que a democracia veio para ficar, neste momento o fantasma da tirania ergue a sua velha e feia cabeça.

“Na verdade, não existe realmente democracia”, refletiu, naquela entrevista, lembrando que enquanto os partidos políticos forem movidos pelo Capital, que financia as campanhas independente de ideologia para manter privilégios e interesses, não haverá democracia.

Parte integrante do Parlamento Britânico, fundado em 1236, Tony Benn acreditava que a sociedade deve aprender com a história.

Entendia o privilégio de ser parte de uma sociedade onde celebra-se a história e o conhecimento para que seja possível evoluir e melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos.

Por isso resolveu abandonar o privilégio do título herdado de marquês. Era fácil encontra-lo numa tarde ensolarada, tomando uma cerveja, num dos pubs da vizinhança da sua casa em Holland Park, em Londres.

Veterano da 2ª Guerra e tendo perdido um irmão para os fuzis nazistas, reivindicou que a invasão Argentina das Ilhas Malvinas, em 1982 fosse resolvida pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Quando isso não ocorreu e houve a guerra, exigiu que fosse feito um balanço das perdas – tanto econômicas quanto humanas.

Tony Benn estava lá para ajudar a recolher os pedaços, quando Margaret Thatcher deixou o governo britânico e o país de joelhos, após anos de chibatadas neo liberais começando pelas guerras sindicais domésticas e as privatizações, à esfera internacional, às alianças com ditaduras brutais como com o General Pinochet e Sadam Hussein.

Se decepcionou tremendamente quando, num governo trabalhista, o Reino Unido enviou tropas para o Iraque, em 2003. Sem falar do Afeganistão. Já aposentado e com alguns problemas de saúde, enfrentou seu próprio partido de origem, colocando os ideais acima da política partidária, liderando os grandes protestos à guerra contra o Iraque no centro de Londres, alguns dos quais chegaram a mobilizar 750 mil pessoas. E falou a jovens no concerto de Glastonbury, o festival de música realizado anualmente no Reino Unido desde a década dos 1960, em resposta ao Woodstock estado unidense.

Tony Benn faleceu na madrugada de quinta para sexta em casa, entre filhos e netos, aos 88 anos.

(Fonte: http://www.esquerda.net – SOCIEDADE – 14 de Março, 2014)

(Fonte: http://www.brasilpost.com.br – Cristina Müller – Jornalista, analista da ONU e Comissão Europeia – 14/03/2014)

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