Edgar Wallace, foi um dos maiores sucessos da literatura policial do mundo, o “príncipe do mistério”

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Wallace: emoções reforçadas pelo amor

Richard Horatio Edgar Wallace (Greenwich, Londres, 1° de abril de 1875 – Beverly Hills, 10 de fevereiro de 1932), escritor londrino transformado num dos maiores sucessos da literatura policial do mundo, conhecido como o “príncipe do mistério”.

HUMOR CORTANTE – Filho de uma atriz – e de pai desconhecido – Wallace foi criado por um casal de peixeiros, junto com outras dez crianças. Antes de conseguir editar seu primeiro livro (“Os Quatro Homens Justos”, de 1905), trabalhou como tipógrafo, jornaleiro, cozinheiro, entregador de leite e soldado. No Exército, foi mandado para a África, participou da Guerra dos Boers e acabou contratado como correspondente pela agência de notícias Reuters, – depois de ser surpreendido fazendo um poema em homenagem a Rudyard Kipling (1865-1936), o escritor e jornalista inglês.

 

A experiência africana está presente neste “O Homem de Marrocos”, escrito em 1926 e apontado, com justiça, como um de seus melhores romances. A ação começa entre Londres e Sussex, mas vai transferir-se logo para a “misteriosa” Tânger, com densidade e tensão sempre crescentes, cercando as aventuras de um excêntrico ladrão, James Lexington Morlake – que invade bancos para roubar as caixas de depósito, e não o dinheiro trancado dentro delas.

 

EM HOLLYWOOD – Vinte anos depois da publicação de seu primeiro livro, o filho da atriz desconhecida já era famoso e rico. Um sucesso que transformou Wallace num bon vivant, perdulário que compensava, com excessos, as privações da infância e da juventude. Engordou, tornou-se um homem sofisticado, sempre acompanhado por uma piteira, sua marca registrada.

Apaixonado pelas corridas de cavalo, era preguiçoso a ponto de pedir seu Rolls Royce apenas para atravessar uma rua. Mas, ao mesmo tempo, tinha energia para escrever até 10 000 palavras por dia, uma velocidade que, ao lado da fama, acabou por levá-lo à Hollywood delirante dos anos 30. Lá, num espaço de apenas nove semanas, escreveu quatro roteiros cinematográficos, inclusive o antológico “King Kong” da versão original.

 

Seu triunfo cinematográfico, entretanto, duraria pouco. Quando preparava a vinda de sua família, em abril de 1932, foi atacado por uma pneumonia dupla, que o matou em três dias. Poucas semanas antes, tinha completado 56 anos, no dia 10 de fevereiro de 1932, com 56 anos. Além dos 173 livros, deixou quase 1 400 contos, vinte peças de teatro. Uma atividade que em nada contribuiu para sua morte. Em Hollywood, os produtores é que não conseguiam acompanhar o ritmo de Edgar Wallace.

 

Edgar Wallace foi o gume do humor no mercado do livro policial, ao publicar “Horas em Suspense”, “A Irmandade do Crime” e “Os Olhos Velados de Londres”,  transformado-o num dos maiores sucessos da literatura policial do mundo. Um êxito que só começou a declinar quando entraram em cena os métodos dedutivos do inspetor Poirot, de Agatha Christie.

(Fonte: Veja, 24 de outubro de 1979 – Edição 581 – LIVROS/ Por EDMAR PEREIRA – Pág: 93)

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