CRONOLOGIA DO CRISTIANISMO

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CRONOLOGIA DO CRISTIANISMO

4a.C. – 27
Durante o reinado do imperador Tibério (14-37), Jesus nasce em Belém, na Judéia dominada pelos romanos. Batizado aos 30 anos por João Batista, organiza um movimento religioso que desprezava a ênfase nos rituais da lei mosaica (de Moisés) e pregava o amor ao próximo, a ligação direta do homem com Deus, a crença na imortalidade da alma e o advento do reino de Deus na Terra. Com isso, atrai a fúria dos sacerdotes hebreus ortodoxos (saduceus), qe consideravam herege, e de Roma, que o considerava um líder subversivo.

29
Denunciado por um discípulo, Judas Iscariotes, Jesus é preso e acusado de blasfêmia pelo caifás, o sumo sacerdote judaico. Levado ao Sinédrio (conselho de religiosos), é condenado e a sentença é confirmada pelo procurador romano Pôncio Pilatos. Depois de torturado, Jesus é crucificado em Jerusalém. A crença de que ele teria ressuscitado no ter ceiro dia depois de sua morte e, por isso, seria o Messias, o esperado (Cristo, em grego, significa o escolhido do Senhor), dá ímpeto aos seus seguidores.

40-67
Saulo (Paulo) de Tarso, um judeu da Diáspora (judeus que viviam fora da Palestina) e antigo perseguidor de cristãos, se converte ao cristianismo e se torna o grande divulgador do novo credo no mundo greco-romano. Ao pregar que a mensagem cristã deveria ser difundida também entre os gentios (não-judeus), Paulo funda o cristianismo como religião distinta do judaísmo. Essa emancipação torna o cristianismo atrativo para os não-judeus, que se interessavam pelo monoteísmo hebraico, mas rejeitavam as rígidas exigências da lei mosaica, como a circuncisão e as restrições alimentares O apóstolo Pedro se torna o primeiro bispo da Igreja de Roma. Em 49 convoca o Concílio de Jerusalém para discutir as posições dos conservadores, que davam destaque à raiz judaica do cristianismo, dos adeptos das teses de Paulo, que desejavam levar a mensagem cristã para além das fronteiras do judaísmo. Pedro apóia Paulo e os conservadores são derrotados.

64
Os cristãos são perseguidos pelo imperador romano Nero.

70
Para esmagar o nacionalismo judaico, o imperador Tito manda destruir Jerusalém e seu templo. A partir da tradição oral, o apóstolo Marcos formula a mensagem cristã em escrituras. Mais tarde, Mateus e Lucas, valendo-se do relato de Marcos, escrevem evangelhos maiores. Estes, juntamente com o Evangelho de João, o Apocalipse, os Atos dos Apóstolos e as epístolas de Paulo, Tiago, Pedro e João, constituem os 27 livros do Novo Testamento. Além deste, a Bíblia cristã inclui os escritos judaicos do Velho Testamento. Surgem seitas gnósticas (do grego gnose, conhecimento), que reivindicavam o cristianismo. Acreditavam que o mundo material era impuro, mas as almas de alguns eleitos poderiam fugir dele. Por isso, repudiavam o Velho Testamento.

250-260
Década de brutal perseguição dos cristãos pelos romanos.

300-313
Os imperadores Diocleciano e Galério promovem um banho de sangue, aniquilando comunidades cristãs na África, no Egito e na Palestina.

313
O Edito de Milão, do imperador Constantino, concede liberdade de consciência a todos os cultos, legalizando a existência do cristianismo.

319
O sacerdote líbio Ário lidera em Alexandria ma facção que nega a divindade de Cristo, alegando que Deus criou Cristo do nada. O arianismo recruta muitos seguidores.

325
Convocado pelo imperador Constantino, o Concílio de Nicéia (Atal Iznik, na Turquia), o primeiro concílio ecumênico, condena o arianismo como heresia e estabelece que Deus e Cristo são da mesma substância, iguais e eternos.

340-420
São Jerônimo traduz o Velho e o Novo Testamentos do hebraico e do grego para o latim, obra conhecida como Vulgata (versão comum), que se torna a edição oficial da Bíblia para a igreja do Ocidente.

380
O imperador Teodósio I faz do cristianismo a religião oficial do Império Romano do Oriente.

396-430
Antigo seguidor do maniqueísmo (doutrina que opõe o bem ao mal), Agostinho se converte ao cristianismo e é sagrado bispo de Hipona, na África, em 396. Neoplatônico, defende o pensamento filosófico grego como complemento à fé e liga a salvação à predestinação.
Suas principais obras são Confissões, onde descreve sua busca espiritual, e A cidade de Deus, onde sustenta que o Estado mundano não pode ser a preocupação principal de um cristão. Combate os donatistas, que condenavam as relações dos cristãos com o Estado, e os seguidores de Pelágio, que negavam a doutrina do pecado original. Agostinho é considerado um dos principais padres da Igreja.
431
O Concílio de Éfeso condena as proposições do padre Nestório (nestorianismo), que alegava que havia duas pessoas em Cristo – Deus e o homem ao mesmo tempo – e Maria não poderia ser chamada de mãe de Deus, já que era mãe do homem Jesus. Os nestorianos fundaram igrejas na Pérsia, Índia, Arábia e China.

451
Contra os monofisistas, que pregavam que Cristo tinha apenas uma natureza, a divina, o Concílio de Calcedônia estabelece que as duas naturezas distintas – divina e humana – estão preservadas na sua pessoa.

476
Depois de quase dois séculos de assédio por tribos bárbaras, o Império Romano do Ocidente deixa de existir com a derrubada do imperador Rômulo pelos germanos. As divergências entre as igrejas cristãs do Ocidente e a do Oriente, baseada em Constantinopla, começam a emergir.

480-547
Bento de Núrsia estabelece O mosteiro de Monte Cassino, perto de Nápoles, determina regras aos monges e funda a ordem beneditina.

496
O rei dos francos Clóvis I (481-511) se torna cristão e conquista a Gália, convertendo toda sua população à nova fé. Torna-se aliado potencial do papado, já que a maioria dos reis germanos se convertera ao arianismo.

590-604
O papa Gregório Magno envia monges para converter os anglo-saxões da Inglaterra e o rei Etelberto de Kent é batizado na Cantuária.

732
Os árabes muçulmanos, que haviam conquistado a Palestina, Síria e Egito, e boa parte da Espanha, são detidos pelo rei cristão franco Charles Martel na Batalha de Poitiers.

751
O rei franco Pepino I, o Breve, é ungido pelo papa Estevão II. Expulsa os lombardos do Norte da Itália e entrega ao papado as terras conquistadas, um território entre Roma e Ravena que ficaria conhecido como Estados Papais.
787
O II Concílio de Nicéia restabelece o uso de imagens sacras de Jesus e dos santos, que havia sido combatido pelos iconoclastas.

800
O rei franco Carlos Magno, fundador da dinastia dos carolíngios, amplia o reino e força os saxões a se converter. É coroado imperador do Sacro Império Romano-Germânico pelo papa Leão II, iniciando a fase dos Estados cristãos medievais.

909
Guilherme, duque de Aquitânia, funda o mosteiro de Cluny, no Norte da França, e o doa à ordem beneditina. Cluny se expandiria pela França, Estados germânicos, Inglaterra e Itália e se tornaria centro de ensino, liturgia e arte.

988
Vladimir, o grão-príncipe de Kiev, adota o credo ortodoxo e ordena que todos os seus súditos se convertam.

1054
O grande cisma cristão: a Igreja Ortodoxa oriental e a Igreja Católica ocidental se separam porque a primeira se recusa a reconhecer a primazia do papa.

1076-1085
Querela das investiduras: rejeitando a autoridade civil sobre a hierarquia da Igreja, o papa Gregório VII excomunga o imperador Henrique IV, que depusera o arcebispo de Milão. Pressionado, o imperador pede perdão ao papa em Canossa. Anos depois, Henrique invade Roma, depõe Gregório e entroniza um antipapa, Clemente III.

1095
Atendendo a um pedido do imperador bizantino Aléxis I, o papa Clemont-Ferrand, uma guerra santa contra os turcos muçulmanos, acusados de profanar templos cristãos. É o início das Cruzadas, idealizadas para reconquistar a Terra Santa (Jerusalém) dos infiéis. Houve oito cruzadas nos séculos seguintes, que tiveram como efeito indireto um enfraquecimento do feudalismo, mas criaram ma atmosfera de intolerância que alimentaria o anti-semitismo e a Inquisição.

1098
Surgimento da ordem cistercience (de Cister, na Borgonha, França), liderado por Bernardo de Claraval, que se tornaria um grande pregador crítico de reis e príncipes.
1187
O sultão muçulmano Saladino conquista Jerusalém dos cruzados, pondo fim ao reino cristão da cidade, mas tornando-a acessível aos cristãos.

1122
A Concordata de Worms (cidade germânica) estabelece qe os bispos devem ser eleitos por seu clero na presença do imperador do Sacro Império Romano-Germânico.

1170-1184
Heresia valdense: o comerciante Pedro Valdo distribui suas propriedades aos pobres e passa a pregar o evangelho no vernáculo – e não em latim. Apesar da perseguição, os valdenses se mantêm como grupo no Norte da Itália.

1170-1221
O nobre espanhol São Domingos funda a ordem dos dominicanos para combater as heresias. A ordem se dedica a estudar e a formar teólogos.

1181-1226
Francisco, filho de um mercador da cidade italiana de Assis, abre mão dos seus bens e se dedica à imitação de Cristo, pregando a sua mensagem aos pobres. Mas, ao contrário dos valdenses, ele e os seus seguidores, peitavam a autoridade da Igreja e se tornaram ma ordem mendicante.

1198-1216
Sob o pontificado de Inocêncio III, o papado vive o auge do seu poder. O papa repreende reis e imperadores, sobretudo quando tentam interferir no direito do clero de eleger seus bispos. Lidera a repressão à heresia dos cátaros ou albigenses, um movimento radical que misturava gnosticismo e maniqueísmo e lutava contra o relaxamento moral do clero. Convoca o IV Concílio de Latrão em 1215, que condena formas de enriquecimento do clero, convoca os bispos a lutar contra as heresias e proíbe os judeus de ocupar cargos públicos, exigindo que vestissem roupas que os distinguissem.

1233
O papa Gregório IX (1227-1241) cria o Tribunal da Inquisição para combater as seitas heréticas que proliferavam na Itália, na França e nos principados germânicos. Os juízes foram escolhidos entre os frades dominicanos. Os condenados eram entregues ao braço secular para serem punidos. Nos tempos medievais, as penas mais comuns eram a penitência, multas ou prisão. A tortura era sistematicamente utilizada para se obter confissões.

1267-1273
Tomás de Aquino conclui a Suma Teológica, síntese do pensamento cristão medieval. É o coroamento da escolástica, corrente de pensamento que empregava o argumento racional dos clássicos para servir aos interesses da fé. Entre os precursores estão os franceses Anselmo (1033-1109), que teria dito: “creio para entender”, Pedro Abelardo (1079-1142) – cujo trágico romance com uma aluna, Heloísa, se tornaria um dos mais conhecidos da literatura – e o filósofo alemão Alberto Magno (1206-1280). O tomismo (de Tomás de Aquino) empenha-se em conciliar a filosofia de Aristóteles com o cristianismo. Para ele, a razão e a revelação não estão em contradição porque ambas vêm de Deus.

1280-1349
Guilherme de Ockham critica o tomismo afirmando que a razão não pode provar a existência de Deus, a imortalidade da alma o qualquer doutrina cristã e que os postulados da fé estavam além da razão.

1321
Inspirado na obra de Tomás de Aquino, o italiano Dante Alighieri (1265-1321) escreve A Divina Comédia, uma viagem ao inferno, ao purgatório e ao paraíso, na qual a cosmologia medieval é escrita em forma poética. Ao ser escrito no vernáculo (italiano no caso), o poema rompe a tradição de se escrever em latim e se torna um precursor do Renascimento.

1309-1377
“Cativeiro da Babilônia” – Período em que o papado, pressionado pelo rei francês Felipe, o Belo, transfere sua sede para Avignon, na França. Nesse período, todos os papas são franceses. O teólogo inglês John Wycliffe (1330-1384) critica o papado em Avignon, a opulência e a hierarquia da Igreja e acaba sendo declarado herege. Seu seguidor tcheco, Jan Hus, seria executado na fogueira em 1415.

1378-1417
“Grande Cisma do Ocidente” – De volta a Roma, as disputas políticas levam os católicos a eleger dois e depois três papas (o antipapas): um em Roma, outro em Avignon e outro em Pisa. O grande cisma só termina em 1417, com a eleição de Martinho V.

1400-1600
Renascimento: período de revalorização da cultura clássica Greco-romana que tem início na Itália e se espalha pela Europa. Os valores do período se fundam no Humanismo, que busca enfatizar o indivíduo e a dimensão leiga contra a cosmologia medieval da Igreja. Alguns dos seus principais representantes são Giotto, Michelangelo, Rafael, Boticelli, Petrarca e Maquiavel.

1431
Joana D’Arc, visionária que lidera as tropas francesas na Guerra dos Cem Anos, é capturada, julgada por um tribunal eclesiástico, acusada de heresia e condenada à morte na fogueira. Seria canonizada em 1920.

1470-1520
Entre os fins do século XV e início do século XVI, as famílias mais poderosas da Itália dividem o papado entre si e os pontífices favorecem seus parentes, tornando a instituição um antro de corrupção.
Sixto IV (1471-1484) faz seis sobrinhos cardeais. Rodrigo Bórgia, o papa Alexandre VI (1492-1503), se torna símbolo de corrupção, de intriga e de crimes. Mas alguns deles se revelam mecenas das artes, como Júlio II (1503-1513), que encomenda a Michelangelo a decoração da Capela Sistina e a Rafael a decoração da Basílica de São Pedro. O abuso de poder dos papas abre caminho para a Reforma Protestante.

1478
Com a aprovação do papa Sixto IV, os reis espanhóis Fernando e Isabel estabelecem m tribunal da Inquisição na Espanha para julgar judeus e depois muçulmanos convertidos. O Grande Inquisidor era quase sempre m dominicano e o primeiro e mais notável deles foi Tomás de Torquemada. Bem mais brutal que a sua antecessora medieval, a Inquisição espanhola pratica execuções em massa em fogueiras.
O tribunal também julga casos de bigamia, sedução, usura e é ativo na Espanha e nas suas colônias. Estima-se que cerca de 30 mil pessoas foram executadas até a abolição do tribunal, em 1834.

1492
Fernando e Isabel conquistam Granada, último bastião muçulmano na Espanha. Para completar a unificação política e religiosa da Espanha, os soberanos ordenam a expulsão dos judeus do país e determinam que os muçulmanos devam ser forçados a se converter ao catolicismo.

1515
O missionário espanhol Bartolomé de Las Casas escreve Apologética História das Índias (que seria publicado só em 1876) no qual descreve o massacre dos índios pelos colonizadores espanhóis em terras americanas.

1517
O monge agostiniano Martinho Lutero, discípulo de Guilherme de Ockham, se rebela contra a venda de indulgências pela Igreja e lança suas 95 Teses na catedral de Wittenberg. Lutero é excomungado, mas seu gesto desencadeia a Reforma Protestante. O movimento, o maior cisma da Igreja ocidental, se espalharia por toda a Europa.
1518-1520
Na Suíça, H. Zwingli começa uma campanha contra a venda de indulgências pela Igreja, levando a Reforma para os cantões do país.
O movimento anabatista, uma forma radical de protestantismo iniciado também na Suíça, espalhou-se por vários países da Europa.

1529-1531
A Segunda Dieta de Speyer (Estado germânico) derruba decisão anterior que permitia aos príncipes do Sacro Império adotar o luteranismo; os príncipes fazem um protesto contra o decreto – por isso ficariam conhecidos como “protestantes”.
Nobres formam a Liga Schmalkadic para se opor às ameaças do imperador Carlos V de usar a força contra o luteranismo.

1534
Na Inglaterra, a tentativa do rei Henrique VIII de se divorciar de sua mlher, Catarina de Aragão, provoca um conflito com o papa Clemente VII, que excomunga o monarca. O rei promulga o Ato da Supremacia, estabelecendo a Igreja da Inglaterra sob a soberania da coroa.
A liturgia protestante é introduzida posteriormente. Em 1535, Thomas More, autor da Utopia, é executado por se recusar a aceitar o Ato de Supremacia.

1536
Jean Calvin se estabelece em Genebra e escreve Instituição da Religião Cristã, pedra fundamental do calvinismo. A doutrina calvinista coloca a Igreja acima do Estado, enfatiza a idéia da predestinação e a noção de graça. Calvin também convenceu os líderes de Genebra a implantar uma teocracia na cidade, com um código moral rígido.
O calvinismo teve importância no desenvolvimento do puritanismo inglês, no presbiterianismo escocês e nas comunidades teocráticas e intolerantes dos puritanos da Nova Inglaterra.

1545-1563
O Concílio de Trento, cidade no Norte da Itália, convocado pelo papa Paulo III marca o início da Contra-Reforma Católica na tentativa de conter os abusos e a corrupção no clero e deter o crescimento do protestantismo. O Santo Ofício, nova designação da Inquisição, atua agora contra hereges e protestantes. O Concílio foi precedido por uma onda reformista que se expressou na reformulação de ordens religiosas, como a efetuada por Teresa D’Ávila e São João da Cruz entre as carmelitas, e no nascimento de novas ordens, como a Companhia de Jesus, fundada por Ignácio de Loyola, em 1534. Os jesuítas expandiram o espírito da Contra-Reforma pelo mundo – principalmente na América -, fundaram novas escolas e reconverteram protestantes.

1562-98
Guerras da religião. Católicos e huguenotes (protestantes franceses) travam sangrentas guerras civis na França. Em 23 de agosto de 1572, milhares de huguenotes são massacrados por ordem da rainha Catarina de Médicis, na Noite de São Bartolomeu. Em 1598, o rei Henrique IV (um huguenote convertido ao catolicismo) promulga o édito de Nantes, concedendo liberdade religiosa aos protestantes.

1600
O filósofo italiano Giordano Bruno é executado na fogueira, condenado como herético pela Inquisição por contrariar dogmas da Igreja.

1632
O astrônomo italiano Galileu Galilei é condenado pelo Santo Ofício e colocado sob prisão domiciliar por sustentar as teses de Nicolau Copérnico, que afirmava que a Terra e os planetas giravam em torno do Sol, contrariando a doutrina geocêntrica da Igreja. A condenação somente seria revista em 1992 pelo papa João Paulo II.

1618-1648
A Guerra dos Trinta Anos tem início na Boêmia como uma revolta contra o Sacro Império e se transforma num conflito generalizado entre católicos e protestantes em toda a Europa. O Tratado de Westfália (1648) consagra a divisão da Europa em Estados católicos e protestantes.

1653
O papa Inocêncio X condena como herético o livro Augustinus, de Cornelius Otto Jansen. A doutrina, que ficaria conhecida como jansenismo e teria como um dos expoentes o filósofo Blaise Pascal (1623-1662), era filosoficamente pessimista, pregava o rigor moral e condenava os jesuítas por causa de seu otimismo em relação ao homem e pela facilidade com que davam absolvições.

1675
Philip Jacob Spener (1635-1705) funda o Pietismo, um movimento de renovação que buscava resgatar o luteranismo alemão de seu formalismo litúrgico.

Séculos XVII-XVIII
No rastro da Revolução Científica do século XVII, da qual foram pioneiros Isaac Newton e Galileu Galilei, surge na Europa ocidental um movimento cultural que ficaria conhecido como Iluminismo.
Embora não necessariamente ateu, criticava os dogmas cristãos e o clericalismo e propugnava a liberdade de pensar do indivíduo e o estudo das instituições humanas com o fim de impor-lhes uma ordem racional, sem recorrer à autoridade da Igreja. Inaugurado pelo alemão Immanuel Kant, o Iluminismo teve como expoentes principais Voltaire, John Locke, Adam Smith, Montesquieu, Jean-Jacques Rousseau e Denis Diderot, entre outros. O pensamento iluminista deu base para o surgimento dos “déspotas esclarecidos”, monarcas autocráticos que colocaram em prática reformas racionais na Áustria, na Rússia e na Prússia.

1721
O czar russo Pedro, o Grande, abole o patriarcado de Moscou e coloca a Igraja Ortodoxa russa sob o controle do Estado.

1773
Pressionado por soberanos da Europa, o papa Clemente XIV dissolve a ordem jesuíta, que tinha sido expulsa de Portugal (1759) e da França (1764); a ordem seria revogada em 1814 pelo papa Pio VII.

1776-1783
O apoio das igrejas batistas à Independência dos Estados Unidos contribui para o crescimento da nova nação. A maioria dos colonos americanos eram protestantes ou puritanos perseguidos na Europa.

1784
Nas pegadas do Pietismo, os irmãos John e Charles Wesley lançam na Inglaterra o movimento metodista, buscando restaurar, com sermões e escritos proselitistas, a decadente Igreja Anglicana. O Metodismo se tornaria o segundo maior grupo protestante dos EUA e maior grupo protestante independente do Reino Unido.

1789-1848
A Revolução Francesa começa por atacar a corrupção na Igreja Católica, abolindo os privilégios do clero, e depois interfere na vida interna da instituição. Durante o terror jacobino (1792-1794), a fase mais radical da revolução, o cristianismo é banido do país e mais de 30 mil clérigos são exilados e outros milhares enviados à guilhotina.
O governo cria uma nova “religião nacional”, de natureza deísta. Em 1799, Napoleão Bonaparte se torna imperador da França e estabelece um modus vivendi com a Igreja. A convivência entre Napoleão e os papas é difícil. Dois deles são encarcerados, mas isso, ironicamente, acaba favorecendo o renascimento do catolicismo na Europa ocupada por tropas napoleônicas.
A atitude da França faz com que o papado se alinhe com os poderes reacionários durante as revoluções nacionalistas que varrem a Europa no ano de 1848.

Primeira metade do século XIX
Período criativo para as igrejas protestantes.
Na Alemanha, Friedrich Schleiermacher (1768-1834) funda a teologia liberal para tornar a fé palatável aos influenciados pelo Iluminismo; na Dinamarca, Soren Kierkegaard (1813-1855) cria o existencialismo cristão.
Ao mesmo tempo, inspirada no pioneiro protestante inglês William Carey (1761-1834) nasce uma nova era de missões na Europa e nos EUA para levar o Evangelho à Índia, China, Oceania e partes da África e do Oriente Médio.

1825 – 1860
Nos EUA, os chamados Primeiro e Segundo Grande Despertar, impulsionados pelo catequista presbiteriano Charles Finney (1792-1875), estimulam a luta pelos direitos das mulheres e pela abolição da escravidão. Também surgem novas religiões, como a dos mórmons e as Testemunhas de Jeová.

1846 a 1878
O pontificado de Pio IX, o mais longo da história (1846-1878), ficaria conhecido como um dos mais reacionários da Igreja moderna. Depois das revoluções de 1848, o Vaticano invariavelmente apóia todas as monarquias conservadoras contra os regimes e políticos liberais. A unificação da Itália absorve os Estados pontificiais em 1861 e deixa o papa como virtual prisioneiro do Estado italiano. Sua encíclica Syllabus Errorum é uma veemente condenação ao mundo moderno. O Concílio Vaticano I, de 1870, estabelece o dogma da infalibilidade papal. Sob a influência do Vaticano, cresce o ultramontanismo, movimento conservador que sustentava a centralização da autoridade do pontífice.

1878 a 1903
Leão XIII tenta reconciliar a Igreja com o mundo moderno. Negocia com a Alemanha o fim da KulturKampf – perseguição de Bismarck aos católicos – e publica a encíclica Rerum Novarum (1890), base da moderna doutrina social da Igreja Católica, na qual prega a necessidade de o Estado proteger os trabalhadores.

1895
Em reação à propagação de teoria evolucionista de Charles Darwin (1809-1882), diversas igrejas protestantes americanas lançam o movimento fundamentalista, que defende uma interpretação literal da Bíblia.

1917
Baseada nas idéias materialistas e anti-religiosas de Karl Marx, a Revolução Bolchevique na Rússia impõe um dos maiores programas anticristãos da história. Milhares de padres e bispos são executados, centenas de mosteiros são destruídos e os bens da Igreja Ortodoxa são confiscados. O ensino da religião é considerado crime. Luteranos, batistas e católicos também são perseguidos. As condições para os cristãos na Rússia só vão melhorar com a II Guerra Mundial (1939-1945), quando a Igreja Ortodoxa dá apoio ao governo contra invasores nazistas.

1929
O papa Pio XI assina com o ditador fascista Benito Mussolini o Tratado de Latrão, que reconhece a soberania do Estado do Vaticano.

1933
Mediado por Eugênio Pacelli, futuro papa Pio XII, o Vaticano assina um acordo com Adolf Hitler, que promete garantir a liberdade da Igreja católica na Alemanha à custa da supressão do Centro Católico, partido que se opunha aos nazistas.

1936 a 1939
Durante a Guerra Civil Espanhola, que opõe nacionalistas, fascistas e monarquistas, de um lado, à republicanos, liberais, socialistas, comunistas e anarquistas, de outro, o clero espanhol toma partido do general nacionalista Francisco Franco. Milhares de clérigos são executados durante o conflito.

1939 a 1945
Durante a Segunda Guerra Mundial, cerca de seis milhões de judeus são exterminados pelos nazistas. O papa Pio XII sabia do genocídio, mas preferiu silenciar sob o pretexto de proteger os católicos. O pontífice, contudo, não teria o mesmo empenho em defender seu rebanho quando os regimes comunistas passaram a perseguir as Igrejas católicas no Leste europeu, principalmente na Hungria e na Polônia.

1949
O evangelista americano Billy Graham inicia seu ministério internacional, que em 40 anos atingiria 210 milhões de pessoas em 185 países.

1958 a 1963
O papa João XXIII convoca o Concílio Vaticano II, que aprova teses reforçando o ecumenismo (diálogo com outras religiões) e a reforma da liturgia católica. O Vaticano melhora as relações com os judeus e se aproxima das igrejas ortodoxas.
João XXIII também publica encíclicas (Mater et Magistra e Pacem in Terris) defendendo doutrinas sociais e a paz mundial.

1963
O pastor batista e líder dos direitos civis americanos Martin Luther King comanda uma passeata de 300 mil pessoas contra a discriminação racial em Washington.

1968
O papa Paulo VI desaponta católicos liberais com a encíclica Humanae Vitae, que condena a contracepção artificial.

1968 a 1983
A Conferência dos Bispos Latino-Americanos (Celam) realizada em Medelín (Colômbia) prega que a Igreja deveria fazer uma “opção preferencial pelos pobres”. O movimento inspirou muitos clérigos a lutar contra a opressão, como os bispos brasileiros d. Helder Câmara e d. Paulo Evaristo Arns. Em 1971, o padre peruano Gustavo Gutiérrez publica a obra Teologia da Libertação, que defendia uma aliança da Igreja com os movimentos sociais.
Essas posições foram criticadas pelo clero conservador, para quem elas se inspirariam mais no marxismo do que no evangelho. O movimento seria esvaziado com a ascensão do papa João Paulo II.

1978 a 2000
O papa polonês João Paulo II, primeiro pontífice não-italiano em 500 anos, realiza profundas mudanças na Igreja Católica, enfraquecendo o clero “progressista” e alinhando-se aos setores mais conservadores.
Também tem um papel fundamental e importante na eclosão do movimento Solidariedade, que minaria as bases do regime comunista na Polônia dez anos depois de sua fundação. Com a implosão do comunismo, João Paulo II passaria a criticar os excessos do capitalismo e do neoliberalismo.

(Fonte: Isto É – Nº 1629 – 20 de dezembro de 2000 – 2000 anos de Cristianismo – Por Osmar Freitas Jr. – Pág; 56 a 102)

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