O marquês de Pombal: contra os jesuítas, a pena de Basílio da Gama, no conteúdo da poesia da sua época
Sebastião José de Carvalho e Melo (Pombal, 13 de maio de 1699 – Pombal, 8 de maio de 1782), poderoso primeiro-ministro português, o influente marquês de Pombal, governante lusitano que apoiava escritores financeira e politicamente. Marquês de Pombal usou a arte como veículo de autopromoção. Depois de subir ao poder, em 1750, Pombal patrocinou portentosas obras arquitetônicas deixando sua marca em Lisboa quando reconstruiu a cidade após o terremoto de 1755.
Déspota esclarecido, condicionava o apoio, à exaltação de sua política. Também queria promover um tipo de arte que defendesse ideias iluministas contra o que julgava ser as trevas da religião. Ou seja, que servisse de justificativa para um dos grandes feitos de seu governo, que foi a diminuição da influência dos jesuítas na vida política do país. Jovens escritores brasileiros afinaram-se com essa ideologia.
O caso mais significativo foi o do mineiro José Basílio da Gama (1741-1795), autor do poema épico O Uraguay. Basílio da Gama é retirado do panteão indianista e nativista, para situá-lo como um poeta central no discurso pombalino. O livro demonstra que o grande herói de O Uraguay não é o índio, mas o próprio marquês de Pombal, personagem do poema com o nome de Conde de Oeiras. Essa bela peça poética foi um eficiente instrumento da promoção do primeiro-ministro como o representante – e vencedor – das forças da razão e das luzes contra o obscurantismo dos seguidores de Santo Inácio de Loyola.
Com 28 anos de idade à época da publicação de O Uraguay, Basílio da Gama mantinha com Pombal uma relação de vantagens recíprocas. O poeta “fazia a cabeça” de seus conterrâneos, evitando que as obras de Alvarenga Peixoto, Silva Alvarenga e Joaquim Inácio de Seixas Brandão, entre outros literatos de renome, fossem contagiadas pelo espírito da velha nobreza lusitana, a inimiga de Pombal.
A proximidade entre o primeiro-ministro e Basílio da Gama era tamanha que, após a publicação de O Uraguay, o marquês o nomeou seu secretário particular nas décadas seguintes à queda do governante, em 1777.
(Fonte: Veja, 28 de abril de 1999 – ANO 32 – N° 17 – Edição 1595 – LIVROS/ Por Kenneth Maxwell – “Mecenato Pombalino e Poesia Neoclássica”, de Ivan Teixeira – Pág: 160/161)
Sebastião José de Carvalho e Melo (Pombal, 13 de maio de 1699 – Pombal, 8 de maio de 1782), ministro do rei português José I, o marquês de Pombal, foi o maior político português do século XVIII – e talvez a figura mais polêmica da história de seu país. O homem que expulsou os jesuítas de Portugal costumava ser retratado ora como um tirano, sanguinário, ora como um estadista inovador.
(Fonte: Veja, 8 de setembro de 2004 – ANO 37 – N° 36 – Edição 1870 – Veja RECOMENDA – Pág: 152/153)