EM TORNO DE UM MITO O mito do machismo gaúcho deita raízes nas lutas de fronteira, quando as lindes meridionais do Brasil foram traçadas, segundo anacrônico lugar-comum oratório, a ponta de lança e pata de cavalo. Tornamo-nos brasileiros, naqueles tempos heróicos, não por fatalidade, mas por deliberada e firme opção. Uma opção que exigia coragem e custava sangue. Uma opção de macho.
Atavicamente, o machismo gaúcho é herança recebida de fora, veio através dos povoadores oriundos de outras províncias, potencializando-se e adquirindo características próprias por força das circunstâncias históricas e das peculiaridades locais. O primeiro caudilho rio-grandense, que foi o intrépido Rafael Pinto Bandeira, era de primeira geração lagunista. Rubens de Barcelos foi dos primeiros a relacionar, com sua aguda visão sociológica, a faina campeira dos gaúchos antigos com as atividades guerreiras, reunindo, assim, os componentes básicos do primitivo machismo dos pampas, como neste recorte: A perícia no uso dos instrumentos campeiros, o laço e as boleadeiras, foi, como ainda é (a sua observação data de 1922 ), motivo de admiração geral, porfiando todos em distinguir-se no manejo deles.
(Fonte: SAUDAÇÕES AFTOSAS CARLOS REVERBEL MARTINS LIVREIRO POA – Pág:17)