ARQUITETO, PROFESSOR E ARTISTA
Principal arquiteto do modernismo da Bahia
Diógenes Rebouças é tido como o responsável do paisagismo de Salvador.
Ele projetou avenidas de vale e símbolos como o antigo estádio Fonte Nova.
Diógenes Rebouças (Amargosa, 7 de maio de 1914 – Salvador, 6 de novembro de 1994), foi, indiscutivelmente, o mais renomado e influente arquiteto baiano entre o final dos anos 1940 e o início dos anos 1960. Professor, artista e grande pensador, teve papel fundamental na construção da paisagem de Salvador e de outras cidades baianas e na formação das novas gerações de arquitetos e urbanistas. Protagonista da arquitetura e do urbanismo modernos na Bahia, Diógenes Rebouças é responsável por projetos emblemáticos como a antiga Fonte Nova, o Hotel da Bahia, a Escola Parque e a Faculdade de Arquitetura da UFBA.
Diógenes foi o mais importante arquiteto e urbanista baiano do século XX, com atuação simultânea em diversas frentes: elaboração de projetos arquitetônicos e de planos urbanísticos, ensino, consultoria e preservação do patrimônio construído.
No dia 7 de maio, nascia Diógenes Rebouças, considerado o mais importante arquiteto da Bahia entre 1940 e 1960 por desenhar projetos como o antigo Complexo Esportivo da Fonte Nova, demolido para a construção da Arena da Copa do Mundo, os prédios do Hotel da Bahia, da Faculdade de Arquitetura da UFBA e da Escola Parque, e ainda avenidas como Contorno e Centenário.
Essas integram as quase 100 obras que foram erguidas com os traços do baiano de Amargosa, que também construiu residências – a maioria já substituída por prédios – como a do jornalista, escritor e poeta Odorico Tavares, no Morro do Ipiranga, em Salvador.
Como professor, ajudou a firmar essa linguagem arquitetônica. Tinha uma relação muito próxima entre a arte e a arquitetura, além de muita admiração por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.
A fama de Diógenes Rebouças veio antes do próprio diploma de arquiteto, que só obteve em 1952. Antes, com sua formação de engenheiro agrônomo, já estava envolvido com projetos como o da Fonte Nova e dirigia o Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade de Salvador, logo após a morte do engenheiro Mário Leal Ferreira.
Com o seu escritório montado, assinou ainda as sedes do Centro Educacional do Estado de Alagoas, da TV Itapoã, da Escola Politécnica, da Colônia de Férias do SESC, da Estação Rodoviária da Sete Portas, da Estação Marítima de Passageiros e da sede do BANEB, tendo como principal colaborador o então jovem Assis Reis, depois considerado um dos criadores da segunda geração da arquitetura moderna no país.
Escola Parque (1947 a 1951): “É a mais importante experiência em arquitetura educacional do Brasil. É a materialização do pensamento educacional de Anísio Teixeira. É austera, ao mesmo tempo moderna, que integra as artes plásticas de Mário Cravo, Carybé, Genner Augusto. É uma arquitetura que tem espacialidade fantástica, em uma área de muita pobreza. Ele entende que se pode educar humanamente as pessoas a partir da arquitetura. É uma arquitetura generosa, essa é a palavra”.
Hotel da Bahia (com Paulo Antunes Ribeiro – 1947-1952): “Do ponto de vista estético, foi uma das obras mais importantes da arquitetura moderna do Brasil. Ao mesmo tempo que trazia referência à arquitetura moderna internacional, tem características bem brasileira. Há o tratamento em relação ao clima, à qualidade estética, ao paisagismo original de Burle Marx. Era um espaço socialmente importante. Arquitetura absolutamente de vanguarda na época”.
Complexo Esportivo da Fonte Nova (1942-1951): É a primeira grande obra dele, que ainda não era um arquiteto conhecido. Tinha feito a catedral de Itabuna, a Associação Atlética, mas não tinha feito um projeto de grande porte. Mostraram a ele um projeto, ele achou um equívoco e ele propôs uma solução alternativa, que foi montar um projeto sobre a encosta de Nazaré e criar uma abertura voltada ao Dique do Tororó, criando uma integração paisagística maravilhosa. Adequação à topografia. O governo pensava, antes, em construir o projeto no meio de uma área plana, na mesma região. [A atual Arena Fonte Nova] não tem nenhuma relação, mantiveram apenas a abertura para o Dique. A gente foi contra, fizemos um abaixo-assinado. Houve licitação, da qual participaram projetos que mostraram que era possível preservar a Fonte Nova. Não havia necessidade de demolir. Tinha ginásio poliesportivo, piscinas olímpicas, uma função social importantíssima, que deixou de existir para investir em investimento privado a um custo altíssimo aos cofres públicos. É uma conta que não fecha”.
Faculdade de Arquitetura da UFBA(1963-1971): É considerada uma das faculdades de Arquitetura mais bonitas do mundo. É totalmente aberta, com ventilação natural fantástica. As salas não precisam de ar-condicionado. Há uma integração com a paisagem verde, com a natureza. É a expressão brutalista da arquitetura, usou muito concreto aparente. Foi um marco na arquitetura modernista na Bahia. Na época, fez uma aplicação da Fonte Nova, que também usou essa característica brutalista.
Avenida Centenário (1948-1949): Ele cria a primeira avenida moderna de Salvador, mas ao mesmo tempo, tem escala bucólica muito grande. Hoje está perdida porque bateram a laje em cima do rio. A única que tinha projeto original concebido por Diógenes Rebouças. Ele propunha essas avenidas automotivas ao redor do rio, no mesmo nível do rio canalizado e, ao lado, tinham vias marginais em baixa velocidade para dar acesso às edificações. Tudo isso com muito verde. As ruas, na época, eram a Avenida Sete, a Rua Chile, o Corredor da Vitória, ou seja, ruas estreitas, no máximo com vegetação de passeio.
(Fonte: http://www.diogenesreboucas.com.br)
(Fonte: http://g1.globo.com/bahia/noticia/2014/05 – BAHIA – Tatiana Dourado Do G1 BA – 07/05/2014)