Dyonelio Machado (Quaraí, 21 de agosto de 1895 – Porto Alegre, 19 de junho de 1985), psiquiatra e escritor famoso, é considerado um dos principais nomes do modernismo no Brasil, autor da narrativa inédita O Estadista, na qual desperta curiosidade como toda obra de escritor renomado.
Inexplicavelmente guardada, traz as falhas comuns aos trabalhos não acabados. O romance, do tamanho de uma novela, transita do antigo ao moderno: tem algo de antiquado na linguagem e no cenário – o Rio de Janeiro do fim da década de 20 – e muito de contemporâneo no tema, a ascensão de um político fisiológico.
Dyonelio Machado conta a história de um carreirista, Dantas, jovem, bonito, letrado. Noivo da filha do ministro da Fazenda e amante da sua esposa, tenta ser deputado da situação. Perde a eleição, volta-se para as letras, vira articulista de jornal, começa a criticar o governo, pronto para mudar de lado.
Critica até a política açucareira do futuro sogro. Abre-se nova vaga de deputado e ele, para ser candidato, troca a suculenta noiva da situação por uma desenxabida noiva da oposição, filha do líder. Eleito, brilha como deputado, despreza a desenxabida e então seduz Helena, a mulher indefesa de um corrupto que teve de fugir do Rio de Janeiro.
PULSO – O autor já mostra, nesse texto, escrito em 1926, aos 31 anos, boa parte da força de realista moderno, urbano, que marca o seu primeiro romance publicado, Os Ratos (1935), e O Louco do Cati (1942). Sua temática já era contemporânea, sua prosa já tinha algo da agilidade dos modernistas pós-Semana de 22
Em imagens fortes como “o pampa é o silêncio em paisagem”, ou “mão macia, mordida de diamantes”, sente-se o pulso do bom escritor.
(Fonte: Veja, 12 de julho de 1995 – ANO 28 – Nº 28 – Edição 1400 – LIVROS/ Por Ivan Ângelo – Pág: 115)
Morre o escritor Dyonélio Machado
Após uma cirurgia no fêmur, o escritor Dyonélio Machado teve complicações respiratórias e morreu, em 19 de junho de 1985, no Hospital de Clínicas, na Capital.
Autor do clássico Os Ratos, ele também foi deputado estadual pelo Partido Comunista e jornalista.
(Fonte: Zero Hora – ANO 52 – N° 18.147 – HÁ 30 ANOS EM ZH – 20 de junho de 1985/2015 – Pág: 44)