SÃO PAULO: A METROPOLE ALEM DA IMAGINAÇÃO

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É de se apostar que os padres José de Anchieta e Manoel da Nóbrega não tinham a menor idéia do tamanho da obra que estavam iniciando há 448 anos, quando fundaram um colégio no alto de uma colina cercada pelos rios Anahangabaú e Tamaduateí. Como poderiam saber os jesuítas que a construção de uma escola rústica seria o marco inicial de uma das cinco maiores cidades do planeta?
Eles pensavam, no máximo, em povoar a região. E logo nasceu ali um povoado, batizado como São Paulo de Piratininga, uma vila que não passava de algumas casas de taipa (espécie de tijolo primitivo feito com terra). Deste passado, praticamente nada sobrou. Apenas um pedaço de parede, hoje exposto do lado externo da Igreja construída para substituir o antigo Colégio Jesuíta. As modestas casas erguidas ao redor da escola, que constituíam o então povoado de São Paulo de Piratininga, viraram páginas nos livros de história.
Por muito tempo São Paulo era praticamente insignificante para o País. Exceção feita às expansões bandeirantes, que de São Paulo partiam para explorar o interior, quase nada que alterasse o rumo do Brasil acontecia na cidade. Apenas no final do século XIX as coisas começariam a mudar pelas bandas paulistas. Em cinco anos, entre 1895 e 1900, a população pulou de 130 mil habitantes para cerca de 240 mil.
O ouro que trouxe fortunas a São Paulo atende pelo nome de café. Seus garimpeiros eram imigrantes, que chegaram a compor metade da população paulistana. A cidade desde então se transformou rapidamente em uma metrópole, traduzida em números impressionantes. Hoje, a capital paulista tem cerca de 10 milhões de habitantes. A frota de ônibus chega a 10 mil veículos e há pelo menos 50 shopping centers na cidade. Os números também revelam, no entanto, cerca de 700 mil pessoas vivendo em zonas de risco de enchentes e uma área verde por habitante cerca de três vezes menor do que o recomendável por organismos internacionais.
Em 2002 o aniversário da cidade será comemorado com gigantismo : cerca de 800 shows gratuitos, espalhados em 81 palcos pela cidade de São Paulo. Haverá também o tradicional bolo do Bixiga, que cresce um metro a cada ano e mesmo assim nunca demora mais que um punhado de segundos para ser devorado. Nas ruas, parte da frota de 5 milhões de automóveis estará circulando. Definitivamente, era muita coisa para os padres Anchieta e Manoel da Nóbrega terem imaginado.

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