Robert Wise, diretor de ‘A noviça rebelde’ e ‘West Side Story’
Como poucos, ele transitou com sucesso entre diversos gêneros do cinema.
Em 65 anos de carreira, cineasta conquistou cinco vezes o Oscar.
Robert Wise (Winchester, Indiana, 10 de setembro de 1914 – Los Angeles, 14 de setembro de 2005) nunca teve um gênero específico de direção ou um estilo único que fizesse o público reconhecer facilmente seus filmes, mas era eclético e sabia contar histórias através das câmeras como ninguém. Um dos maiores diretores de Hollywood, que viveu até os 91 anos e deixou como legado filmes que marcaram o cinema, completaria seu centenário em setembro.
O sonho de jornalista ficou de lado quando Wise conseguiu emprego em uma produtora. Ele começou carregando latas de filme e foi montador de som até ganhar oportunidades maiores, como editar o cultuado ‘Cidadão Kane’, de Orson Welles, trabalho que lhe rendeu uma indicação ao Oscar.
O primeiro longa-metragem que ele dirigiu foi ‘A maldição do sangue de pantera’, em 1944, terror que garantiu a Wise uma promoção na produtora. Em seguida, ele comandou o suspense ‘O túmulo vazio’, com Boris Karloff e Bela Lugosi.
A ficção científica ‘O dia que a Terra parou’, de 1951, é considerado um dos melhores do gênero, não pelos efeitos especiais, mas pela forma com que a história foi usada como metáfora para explorar a Guerra Fria. O trabalho acabou ganhando um Globo de Ouro especial por “promover o conhecimento internacional”. Não demorou para que a Academia de Hollywood reconhecesse o trabalho de Wise. A primeira indicação ao Oscar como diretor foi por ‘Quero viver!’, baseado na história real de uma assassina.
Os anos 60 foram a década de ouro para Robert Wise. Ele dirigiu três filmes adaptados da Broadway e viu dois deles se tornarem clássicos. ‘West side story’, traduzido no Brasil como ‘Amor, sublime amor’, é uma releitura do clássico Romeu e Julieta para os anos 50. Nas telonas, Natalie Wood e Richard Beymer interpretam o casal Maria e Tony.
Sem experiência na direção de musicais, Wise aceitou trabalhar ao lado de Jerome Robbins, que já tinha dirigido a peça e as coreografias. O enquadramento foi muito elogiado por mesclar tomadas aéreas, movimentos de câmera e ângulos baixos. O filme ganhou dez dos 11 Oscars a que foi indicado, se tornando o único musical a levar tantos prêmios. O longa-metragem ocupa também o segundo lugar na lista dos maiores musicais de todos os tempos, feita pelo American Film Institute.
Quatro anos depois, veio outro sucesso: ‘A Noviça Rebelde’. No elenco estavam Julie Andrews, como Maria, e Christopher Plummer, no papel do capitão Von Trapp. O cenário foi a cidade de Salzburg e as montanhas da Áustria. Wise recebeu elogios pelo trabalho e a cena aérea de abertura foi descrita pela crítica como “mágica”. A bordo de um helicóptero, o diretor gravou 12 vezes a cena até considerá-la perfeita.
Para o diretor, o sucesso de ‘A Noviça Rebelde’ se deu em uma época em que o mundo estava carente de filmes que divertissem a família inteira. Foi o primeiro filme a faturar mais de US$ 100 milhões, um campeão de bilheteria que virou um clássico dos musicais. A produção foi indicada a cinco Oscars e, mais uma vez, Robert Wise ganhou a estatueta de melhor diretor.
Ele não esperava que o filme fizesse tanto sucesso. Para Wise, era apenas um projeto paralelo, enquanto tentava convencer o estúdio da Fox a fazer ‘O caminhoneiro do Yang-Tsé’, que ficou pronto no ano seguinte e se tornou outro campeão de bilheteria e de indicações ao Oscar.
Seu último grande filme foi em 1979, a primeira adaptação para os cinemas da série de televisão ‘Jornada nas estrelas’. Desde o cancelamento da série, no fim dos anos 60, a Paramount planejava lançá-la no cinema. Foi só após o sucesso de ‘Guerra nas estrelas’ que o estúdio convidou o diretor e manteve todo o elenco para o projeto. Apesar de a arrecadação ter ficado abaixo do esperado e ter recebido fortes críticas, o filme teve outras sequências.
Robert Wise teve 65 anos de carreira como diretor e acumulou cinco Oscars. Como poucos diretores, conseguiu transitar pelo horror, faroeste, comédia e musical, tendo obras cultuadas em todos os estilos.
(Fonte: http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2014/09 – Edição do dia 10/09/2014)