Atriz ficou célebre como a Dona Benta do “Sítio do Picapau Amarelo”
Zilka Sallaberry (Rio de Janeiro, 31 de maio de 1917 – Rio de Janeiro, 10 de março de 2005), atriz conhecida como a Dona Benta da primeira versão do “Sítio do Picapau Amarelo” durante as 11 temporadas do programa, de 1976 a 1986.
Apesar de ser formada em economia, a carioca Zilka Salaberry de Carvalho exerceu a profissão por apenas quatro dias. Bisneta, neta e filha de atores, acabou preferindo os palcos. Sua estreia na TV foi em 1967, na novela ‘A rainha louca’. Depois disso, trabalhou em várias novelas, minisséries e filmes.
Nascida numa família de atores, Zilka optou por ser atriz. Entre os anos 30 e 50, integrou várias companhias teatrais. No cinema, estreou aos 19 anos em “Cidade Mulher”, de Humberto Mauro, e trabalhou em outros dez filmes, entre eles “Society em Baby-Doll” (1965) e os dois da série “Xuxa e os Duendes” (2001 e 2002).
Mas foi na TV que Salaberry desenvolveu a maior parte da carreira. Entrou para a TV Tupi com a ajuda da irmã, Lourdes Mayer, e participou, entre outros programas, do infantil “Teatrinho Trol”, no qual fazia sempre o papel de bruxa. O programa esteve no ar entre 1956 e 1966.
A atriz não teve medo de enfrentar novidades ao longo da vida, como ser a primeira mulher a tirar a roupa no palco no Brasil, nos anos 50, ou ser hippie antes de o movimento virar moda.
Interpretando a inesquecível Dona Benta, personagem criada por Monteiro Lobato e materializada no ‘Sítio do Picapau Amarelo’, Zilka conquistou o carinho das crianças de todo o país. Ela participou todos os episódios dos onze anos que durou a primeira versão da série infantil. Em entrevista, a atriz admitiu que não deixava de sentir saudades de sua famosa personagem.
Na TV Globo, a atriz estreou na novela “A Rainha Louca” (1967), de Glória Magadan. Também atuou em “Sangue e Areia”, “A Última Valsa” e “Véu de Noiva”, entre outras produções, e interpretou três personagens marcantes: Ciana de “Irmãos Coragem” (1970), Donana Medrado de “O Bem-amado” (1973) e Mercedes de “O Casarão” (1976).
Foi em 1976 que ela começou a fazer o papel que a consagraria. Inicialmente, relutou em ser a matriarca criada por Monteiro Lobato, pois não queria retornar ao universo infantil. Com o tempo, afeiçoou-se à Dona Benta, e gostava de ser chamada de “vó” nas ruas pelas crianças.
Zilka trabalhou, ainda, nas novelas ‘Irmãos Coragem’, O casarão’ e ‘O bem-amado’. Seu último papel na TV foi em 2002, na novela ‘Esperança’, de Benedito Ruy Barbosa.
– Algumas pessoas até hoje choram quando me encontram. E quando querem elogiar algum trabalho meu, dizem coisas do tipo: ‘Dona Benta, a senhora estava ótima como uma cafetina na minissérie ’Teresa Batista’!’ Agora, estou entregando o bastão. Daqui a pouco ninguém mais lembra que eu fiz dona Benta. Mas éramos uma família. As crianças me chamavam de vó – disse ela ao jornal “O Globo”.
Salaberry, no entanto, se queixava de que a associação com a personagem se transformara em um obstáculo para fazer outros papéis. Ainda assim, atuou em minisséries como “Tereza Batista” e “Engraçadinha” e novelas como “Que Rei Sou Eu?”, a segunda versão de “Pecado Capital” -da qual saiu por problemas de saúde- e “Esperança”, seu último trabalho, em 2002.
Zilka Sallaberry morreu em 10 de março de 2005, no Rio de Janeiro, de 87 anos. Ela estava hospitalizada desde o dia 15 de fevereiro e sofria de insuficiência renal, infecção urinária e desidratação.
(Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR69223-6011,00 – março de 2005)
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1103200531 – FOLHA DE S.PAULO – ILUSTRADA – 11 de março de 2005)