Yara Bernette (Boston, 14 de março de 1920 – São Paulo, 31 de março de 2002), professora e uma das principais pianistas do Brasil. Dedicou-se por mais de sete décadas ao piano.
Ocupava a cadeira número 17 da Academia Brasileira de Música. Nascida em Boston, em março de 1920, Yara mudou-se com a família para o Brasil com apenas 6 meses e logo foi naturalizada.
Seis anos mais tarde começava a estudar piano com seu tio, José Kliass (1895-1970), uma das mais destacadas figura da vida musical paulistana da época e aluno de Martin Krause (1853-1918), um dos últimos pupilos de Franz Liszt.
Sua estreia ocorreria cinco anos mais tarde, em um concerto infantil no Teatro Municipal de São Paulo. Em 1938, com 18 anos, fazia sua estreia profissional em um concerto com a Orquestra Sinfônica Municipal, regida pelo maestro Souza Lima.
Quatro anos depois toca pela primeira vez nos Estados Unidos, mais precisamente no Town Hall de Nova York, encorajada por ninguém menos que Arthur Rubinstein (1887-1982) e Claudio Arrau (1903-1991).
A esse concerto se seguiram, durante a década de 40, turnê pelos Estados Unidos e Canadá, e uma série de voltas ao Brasil e a outros países da América Latina para apresentações e cursos.
A estreia europeia só viria alguns anos mais tarde, em 1955, quando tocou, como solista da Orquestra do Conservatório de Paris, as Bachianas n.º 3 de Villa-Lobos, com o próprio compositor como regente.
Concertos e recitais em Viena, Amsterdã e Londres vieram em seguida, assim como a medalha Arnold Bax Memorial Award, recebida pela distinção de melhor intérprete de música contemporânea.
Em 1958, Yara fez, em grande estilo, sua estreia em Berlim, durante o Festival Brahms, no qual se apresentou como solista da Filarmônica de Berlim, sob regência de Karl Böhm (1894-1981).
Elogiada pela crítica por onde passava – o New York Post, por exemplo, elogiou “seu virtuosismo espetacular” – Yara logo tornou-se concertista bastante requisitada em todo o mundo, mas também dedicou-se ao ensino.
Durante mais de 20 anos foi chefe da cadeira de piano da Escola Superior de Música e Arte Dramática de Hamburgo, na Alemanha, tendo sido escolhida entre 130 candidatos de diversos países.
Seu trabalho foi documentado em grande número de gravações, em especial para rádios alemãs, que em sua maioria continuam inéditas. Uma destas gravações, ela interpreta duas complicadas peças do neo-romantismo: o Concerto n.º 2 para Piano e Orquestra Op. 50 de Nikolai Medtner (1880-1951), de 1926, e o Concerto n.º 2 para Piano e Orquestra de Heveret Helm (1913-1999), de 1956.
Na primeira peça, toca ao lado da Filarmônica de Munique sob regência de Rudolf Kempe (1910-1976). Na segunda, a orquestra é a Sinfônica de Banberg e a regência é de Ferdinand Leitner (1912-1996).
Yara Bernette faleceu em São Paulo, em 31 de março de 2002, vítima de um ataque cardíaco, aos 82 anos.
(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/musica – 20020402p3346 – CULTURA – MÚSICA – AGENCIA ESTADO – 2 Abril 2002)