Slawomir Mrozek, escritor polonês-francês, adepto do teatro do absurdo

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Dramaturgo polonês, adepto do teatro do absurdo

 

O escritor Slawomir Mrozekm em foto de setembro de 2004, na Polônia (Foto: AFP PHOTO/PAP/Andrzej Rybczynski)

O escritor Slawomir Mrozekm em foto de setembro
de 2004, na Polônia (Foto: AFP PHOTO/PAP/Andrzej
Rybczynski)

 

Entre suas obras mais conhecidas estão ‘O elefante’ e ‘Amor na Crimeia’.

Slawomir Mrozek (Borzecin, 29 de junho de 1930 – Nice, no sul da França, 15 de agosto de 2013), escritor polonês-francês, adepto do teatro do absurdo. Ao condenar a intolerância em seus textos, desafiou o totalitarismo e criticou a invasão de Praga em 1968, vivendo no exílio.

O dramaturgo, escritor e desenhista polonês francês Slawomir Mrozekm, que viveu vários anos no México, e lembrado por sua revolucionária Tango, peça considerada uma releitura contemporânea nada convencional de Hamlet – em que o príncipe é substituído por um adolescente conservador que desaprova a promiscuidade dos pais.

Uma das vozes mais corajosas e lúcidas do teatro, ele desafiou o totalitarismo soviético em 1968, ao condenar a participação polonesa na invasão da Checoslováquia, tendo seu passaporte confiscado e suas peças proibidas, na época, em seu país natal.

Nascido no dia 29 de junho de 1930 em Borzecin, perto de Cracóvia (sul), Slawomir Mrozek começou sua carreira nos jornais e teatros poloneses, utilizando o humor negro e o absurdo.

Em 1963, saiu da Polônia e decidiu se instalar na Itália e depois na França, onde publicou em 1968 uma carta de protesto contra a invasão das tropas do Pacto de Varsóvia na Tchecoslováquia.

Pediu então asilo político na França e, dez anos depois, obteve a cidadania francesa.

Escritor polivalente, de língua polonesa, foi traduzido para diversas línguas. Seus escritos são amplamente publicados em francês: treze volumes de suas obras completas foram publicados pela editora Noir sur Blanc, entre eles Baltazar, sua recente autobiografia, e Desenhos, uma antologia de seus desenhos na imprensa.

Entre suas obras mais conhecidas figuram “Tango”, “O Elefante” e “Amor na Crimeia”. Em 1989, deixou a França para viver no México, antes de retornar à Polônia em 1996.

Tango foi montada no Brasil, que também viu encenações de Strip-Tease, uma peça surrealista sobre dois prisioneiros cujas roupas são tiradas por uma mão pantagruélica fora de cena. Por causa do conteúdo alegórico de suas peças, Mrozek foi alinhado a Ionesco, passando a figurar como um representante do teatro do absurdo, embora seus textos – que, de fato, recorrem ao humor negro e situações bizarras – tenham relação direta com situações reais que Mrozek testemunhou e preferiu transformar em metáforas do mundo intolerante em que viveu.

A aproximação com a estética do teatro do absurdo se deu em função de uma estratégia para driblar a censura polonesa, que o fez trocar a Polônia pela França, em 1964. Mrozek conseguiu a cidadania francesa e viveu em Paris até 1989, quando decidiu fixar residência no México. Mesmo longe de seu país natal, Mrozek teve peças encenadas por diretores poloneses famosos, como o cineasta Andrzej Wajda, que assinou uma montagem de Os Emigrantes em 1975.

Classificado pelo crítico e ensaísta Martin Esslin (1918-2002) como uma figura chave na tradição do surrealismo político, Mrozek abordou em Tango um problema crucial dos anos 1960: a ascensão das massas e da sociedade de consumo, criticando violentamente a vulgarização imposta pelo desejo insano de pertencer a grupos e ceder à uniformização da linguagem e dos costumes da matula. Artur, que se rebela contra a vulgaridade dos pais, acaba morto e seu corpo pisoteado pelo próprio pai e o tio no tango final que dá nome à peça.

A influência de Mrozek sobre outros dramaturgos estrangeiros foi imensa, bastando lembrar o inglês Tom Stoppard, que adaptou os diálogos de Tango quando a peça foi montada na Royal Shakespeare Company. Mrozek não se tornou exatamente popular na Inglaterra, mas a ressonância de sua dramaturgia em Stoppard é inegável (especialmente em Rosencrantz e Guildestern estão Mortos). Outro de seus textos mais conhecidos é Elefante, sobre um zoológico empenhado em ter o animal, que acaba aceitando um sucedâneo de plástico inflável, cuja aparência desagrada às crianças. Sentindo-se enganadas, elas abandonam os estudos e viram hooligans.

Desde 2008 e até sua morte vivia em Nice, no sul da França.

Slawomir Mrozek faleceu em 15 de agosto de 2013, em Nice, no sul da França, aos 83 anos, após meio século vivendo no exílio, anunciaram em um comunicado suas editoras Noir sur Blanc e Wydawnictwo Literackie.

 

O escritor Slawomir Mrozekm em foto de setembro de 2010, na Polônia (Foto: AFP PHOTO/PAP/Grzegorz Jakubowski)

O escritor Slawomir Mrozekm em foto de setembro de 2010, na Polônia (Foto: AFP PHOTO/PAP/Grzegorz Jakubowski)

 

(Fonte: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2013/08 – POP & ARTE – Da France Presse – 15/08/2013)

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral – NOTÍCIAS – GERAL – CULTURA/ Por Antonio Gonçalves Filho, O Estado de S. Paulo – 29 Agosto 2013)

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