Charles Bukowski (Andernach, 16 de agosto de 1920 – San Diego, 9 de março de 1994), escritor, poeta e desenhista americano nascido na Alemanha. Ao morrer em março de 1994, Bukowski levou a mística do escritor-herói americano. Ele era um criador compulsivo, que na vida pessoal agia de forma intempestiva, permanentemente movido pela embriaguez. O estado etílico, no entanto, não o impediu de ser um autor profícuo, que só tardiamente conheceu a prosperidade, quando se viu transformado em objeto de culto, cercado de intelectuais e astros hollywoodianos, dos quais só manteve amizade sincera com Sean Penn.
De modo geral, porém, Bukowski teve uma vida modesta e amarga. Escrevia histórias sórdidas porque passou boa parte da vida entre a escória de Los Angeles, fretando com a decadência. Só aos poucos seu talento lhe rendeu oportunidades de viajar e conhecer pessoas, além dos rudes companheiros do correio onde trabalhou e das moscas dos bares por onde andava. A fama também lhe trouxe mulheres que, já maduro, conquistou facilmente. Mas nem sempre fora assim. Seu rosto coberto por acnes da adolescência o tornou um jovem recluso. O autor americano purgou com doses e doses de álcool perdas afetivas e se viu torturado por ciúmes e amores não correspondidos.
Mas nunca dissimulou sentimentos. Gostava de chocar, nem que para isso tivesse que apregoar pendores pedófilos improváveis e nunca concretizados. Foi um pai amoroso de sua única filha e também um amigo devotado. O autor Charles Bukowski se coloca na lista dos artistas completos. Tanto pela coragem como pelo jeito cruel e ao mesmo tempo sensível de descrever a vida como ela é. Toda esta trajetória é mostrada em Charles Bukowski vida e loucuras de um velho safado, do jovem jornalista inglês Howard Sounes, que não poupou esforços em esmiuçar a existência turbulenta do autor de Cartas na rua e Mulheres.
(Fonte: Isto É N° 1625 22/11/00 Livros Por Celso Fonseca Pág; 116)