Pablo Palazuelo (Madri, 6 de outubro de 1916 – Galapagar, Madri, 3 de outubro de 2007), pintor e escultor espanhol
Com formação em arquitetura, Palazuelo iniciou sua produção nos anos 40. Graças a uma bolsa do governo francês, ele passou a viver em Paris, até os anos 60. Era um período de ditadura na Espanha, e, graças a essa bolsa, ele participou de importantes exposições da arte abstrata.
A obra do espanhol Pablo Palazuelo está entre aquelas que, somente nos últimos anos, ao ser revista em profundidade, revelou um dos mais originais artistas da abstração. Isso ocorreu graças a “Palazuelo – Processo de Trabalho”, mostrou com cerca de 160 obras, organizada no Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (Macba), em 2006. Ainda na Espanha, passou por Bilbao, depois Bogotá, na Colômbia, e chega hoje à Estação Pinacoteca, em SP.
Visões aéreas
Esse “espaço de tensão” pode ser visto nas pinturas da década de 1950, que parecem visões aéreas tomadas de um avião -não por acaso, Palazuelo foi piloto; nas obras da década de 1960, como “Mandala” ou “Cadmio”, pinturas em grande formato com figuras biomórficas; ou então nos trabalhos dos anos 1970 e 1980 que se inspiram em partituras musicais.
Outro elemento que é importante em sua obra, é o aspecto processual de seu trabalho, que é sempre revelado. Especialmente em suas obras dos anos 1950 e 1960, é possível visualizar como os limites entre as formas são borrados, dando a impressão de que seu trabalho nunca é finalizado.
Palazuelo foi um estudioso de religiões orientais, o que também influenciou sua obra, provocando certo preconceito em relação a ela. O que percebe-se é que lhe interessava de fato a mística, mas para ser abordada em um viés racional.
Para alguns artistas brasileiros, como Hélio Oiticica, o uso de figuras geométricas era usado como uma forma de tensionar o espaço plano, o que levou a sua produção à tridimensionalidade. Palazuelo, ao contrário, realizava uma produção escultural limitada, pois se concentrava no desenho e na pintura como suas principais formas de criação até outubro de 2007.
Palazuelo trabalhou de uma forma muito individual, mesmo observando em sua obra princípios do cinetismo, ela tampouco é cinética. O que se mantém sempre é de seu trabalho ser um espaço de tensão.
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2503200812 – FABIO CYPRIANO DA REPORTAGEM LOCAL – Folha de S. Paulo – ILUSTRADA – 25 de março de 2008)
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