Como apresentador de rádio, produtor de compilações e DJ, ele ajudou a popularizar de Caetano Veloso a Criolo
Rémy Kolpa Kopoul (Paris, 23 de fevereiro de 1949 – Brest, 3 de maio de 2015), jornalista francês e grande entusiasta da música brasileira
Jornalista, apresentador de rádio e DJ francês Rémy nasceu em Paris, RKK (como era conhecido) foi um dos primeiros a lançar as bases do que seria chamado de “world music” Um dos fundadores, em 1973, do jornal “Libération” (onde atuou como especialista em música até 1987), ele era um grande especialista em cultura brasileira, ele estava em Brest para um concerto de caridade em prol da família do percussionista argentino (radicado no Brasil) Ramiro Musotto, que morreu em 2009 de câncer. A causa da morte de Rémy (que ocorreu durante o sono) não foi divulgada.
Rémy começou no rádio, ainda estudante do ensino médio, e atuou na France Musique (1977), Radio 7 (1981-1983) e, especialmente, na Rádio Nova, a partir dos anos 1990.
“Rémy foi um dos pilares da Rádio Nova”, disse o programador da emissora Ruddy Aboab, para quem o colega fez “muito para a música ao redor do mundo, com uma preferência para a música brasileira”.
O contato do francês com os artistas brasileiros se deu quando ele era um militante político e conheceu Caetano Veloso e outros músicos que foram buscar asillo político na Europa. Mais tarde, ele ficaria ligado a Gilberto Gil, João Bosco, João Gilberto e Chico Buarque, além de outros artistas a quem ajudaria a organizar turnês. Recentemente, Rémy tinha se aproximado dos rappers brasileiros Emicida e Criolo.
Em abril, Rémy conseguiu levar aos palcos a comédia musical que havia imaginado 30 anos atrás, sobre a história do amor entre o Brasil e a França no início do Século XX. “K Rio K” estreou no Nouveau Théâtre de Montreuil, tendo no elenco a amiga e cantora Mariana de Moraes, neta de Vinicius. “Meu amor, meu amigo! Não consigo parar de sentir sua falta desde que entrei no avião faz uns dias…Eu queria ficar, e muito por sua causa. Porque você foi o melhor amigo que eu tive nessa vida! Te amo!”, escreveu Mariana, emocionada, no Facebook.
RKK descobriu a música africana como repórter do “Líbération”: da rumba zairense e do highlife em Gana ao trabalho de artistas como Kassav, Touré Kunda, Salif Keita e Manu Dibango, não houve quem ele não ajudasse a divulgar.
Durante seus anos, ele apresentou aos domingos na Radio Nova o programa “Contrôle discal”, em que mergulhava na discoteca particular de algum artista. Recentemente, ele inverteu a regra, e os convidados passaram a mergulhar em sua coleção de mais de cinco mil discos.
RKK também foi o autor de várias reportagens, organizou compilações de música brasileira (lançadas pela Radio Nova) e ajudou a fazer a programação de festivais importantes (incluindo o de Nice Jazz Festival, entre 1994 e 1996). DJ desde 1991 sob o nome de DJ RKK, ele animou muitas noites, em festivais e casas noturnas. Em 2009, ele foi alvo do documentário “L’ Improbable Portrait: Rémy Kolpa Kopoul”, de Stéphane Jourdain.
A consternação dos artistas brasileiros com a morte do francês foi imediata. Helder Aragão de Melo, o DJ Dolores, lamentou a morte do amigo, em texto no Facebook.
“Rémy deu-me as primeiras oportunidades em território francês, frequentemente convidava para dividirmos o mix em back to back formidáveis e inesperados. Além de tudo, era um grande DJ, empolgado e tremendamente eficiente.
Nos encontramos no Recife algumas vezes e uma delas foi quando sugeri que ele viesse comemorar o aniversário de 60 anos no carnaval. Foi inesquecível vê-lo no palco da tenda eletrônica fazendo aquele tanto de gente de tudo quanto é origem pular sob seu set repleto de coisas desconhecidas e nada mediano.”
(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/musica -16045656#ixzz3Z7X2x5oF – CULTURA – POR O GLOBO – 03/05/2015)
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