A primeira usina eólica do país

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A primeira usina eólica do país

A riqueza dos melhores ventos. Brasileiros constroem cata-ventos de alta potencia para levar eletricidade a toda população.
Os fortes ventos que sopram na praia de Mucuripe, em Fortaleza, não servem somente para impulsionar as jangadas. Desde setembro de 1996, a brisa está movimentando também as primeiras quatro turbinas que compõem a maior central de energia eólica (movida a vento) do País.
Juntos, os cata-ventos, cada um com potência de 300 KW, somam o dobro da capacidade das torres já instaladas no Brasil. Geram anualmente 4 milhões de quilowatts de eletricidade por hora, o suficiente para abastecer 3 mil residências de dois dormitórios.
Os ventos da região Nordeste são considerados os melhores do mundo para a geração deste tipo de energia. Eles sopram a uma velocidade média de 9 metros por segundo, superior ao dobro do mínimo recomendável para a produção comercial de energia eólica.
Esta alternativa energética pode proporcionar uma economia de até 50% em relação a outras fontes, como geradores a diesel e usinas hidroelétricas.
O potencial eólico do Brasil é enorme: estudo da Eletrobrás indica que, por meio dos ventos, é possível gerar 63 milhões de MW por hora/ano, energia suficiente para iluminar várias capitais brasileiras.
O governo cearense concluiu em 2001, duas supercentrais eólicas com cerca de 300 torres no total. Cada central tem potência de 30 MW e forma, ao lado das turbinas de Mucuripe, o maior parque de energia eólica da América Latina.
Um programa de computador capaz de gerenciar modernos sistemas de energia híbridos utiliza uma técnica que cruza dados sobre as características dos ventos, do relevo e do consumo energético das localidades, acionando as turbinas e os geradores a diesel, simultaneamente, na medida certa para que seja gerada a maior quantidade possível de energia, ao menor custo.
Uma central desse tipo funciona desde 1992, no arquipélago de Fernando de Noronha, no litoral pernambucano. Neste local, privilegiado por ter os melhores ventos já cadastrados no mundo, foi instalada, em 1992, a primeira turbina eólica de grande porte do país. Com potência de 200 mil KW, ela reforça a rede elétrica, até então abastecida somente por geradores a diesel.
Na Amazônia, a proposta alia não dois, mas três sistemas de geração: o eólico, o solar e os geradores a diesel. Em junho de 1996, começou a funcionar na ilha de Marajó, Pará, na foz do Rio Amazonas, a primeira central brasileira deste tipo, reunindo quatro turbinas eólicas e um painel solar, além dos geradores a diesel.
Os equipamentos fazem parte de um programa-piloto, coordenado pelo Centro de Pesquisas da Eletrobrás (Cepel), no Rio de Janeiro, que comanda todo o sistema por computador, via satélite.
A energia eólica vem conquistando aos poucos regiões do país mais populosas, tradicionalmente abastecidas por hidroelétricas. É o caso de Minas Gerais, que abriga a primeira usina eólica do país, instalada em 1994 no alto da serra do Espinhaço, no município de Gouvêa, a 240 km de Belo Horizonte. Nesta localidade, vizinha da histórica Diamantina, quatro turbinas com 30 metros de altura cada podem injetar na rede elétrica energia suficiente para abastecer até 1,5 mil residências.
Desta forma, o Brasil segue os passos de países mais desenvolvidos como Estados Unidos, Dinamarca e Alemanha, os maiores fabricantes de turbinas eólicas do mundo, os países europeus abastecem 17 milhões de habitantes com a energia dos ventos, isso no ano de 2000.
A China, instalou torres com cata-ventos para abastecer uma rede de 3 mil quilômetros de fibras ópticas para telefonia, instalada em locais onde não há energia hidroelétrica disponível. O Chile e a Argentina fazem o mesmo para abrir e fechar oleodutos e gasodutos.
O Brasil que possui milhares de habitantes sem acesso a energia elétrica, não deve ficar atrás. Impulsionado por seus excelentes ventos, o país está redescobrindo as fontes renováveis de energia.

(Fonte: Globo Ciência/Outubro 1996 – Ano 6 – N° 63 – ENERGIA/Por Sérgio Adeodato/Wagner de Oliveira, do Rio de Janeiro – Pág; 20 a 25)

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