Blake: visões revolucionárias
William Blake (Londres, 28 de novembro de 1757 – Westminster, Londres, 12 de agosto de 1827), foi um dos poetas britânicos mais importantes de todos os tempos, precursor de algumas das tendências mais arrojadas da poesia moderna.
Dedicando-se com igual destreza a dois refinados campos da arte, a poesia e a força prodigiosa de suas gravuras, Blake triunfou com seus escritos em prosa e verso nas livrarias do país.
Filho de um pequeno comerciante, dotado de um temperamento excitável e de imaginação febril, dado a transportes emocionais e visões místicas, Blake compunha versos em íntima combinação com suas gravuras.
Desde os primeiros poemas maduros, o escritor já se revelava um artista complexo, voltado para a criação de uma arte revolucionária.
Blake viveu num período significativo da história, marcado pelo iluminismo e pela Revolução Industrial na Inglaterra.
O poeta inspirava-se no ambiente nebuloso e cheio de transformações de sua época – tempo em que a Inglaterra se iniciava nas turbulências da industrialização e a França juntava os cacos de sua sociedade, espalhados desde a Queda da Bastilha.
Em consequência, Blake apresenta uma tensão permanente entre paixões arrebatadoras e um pensamento irreverente. Ele denuncia o conservadorismo das instituições enquanto exalta a libertação das energias subterrâneas do corpo e da imaginação.
“O caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria”, diz ele nos Provérbios do Inferno. A arte do poeta fugia, por isso, das regras tradicionais, buscando a espontaneidade das imagens, a métrica livre e as sonoridades originais, o que torna sua obra excepcionalmente importantes e difícil de traduzir.
(Fonte: Veja, 21 de novembro de 1984 – Edição 846 – LIVROS/ Por Nicolau Sevcenko – Pág: 119)