O tamanho da representatividade do velocista Usain Bolt ao redor do mundo é bem conhecido. Mas, acredite: em 2014, o homem mais rápido do mundo foi sequer eleito o atleta do ano dentro de seu país. Sabe por quê? Tudo por causa de um feito histórico obtido por Alia Atkinson, conterrânea bem menos conhecida mundialmente do que o corredor conhecido como “raio”.
A nadadora jamaicana de 25 anos obteve o título do Mundial de piscina curta de Doha, em 2014, e se tornou a primeira nadadora negra da história a conquistar um título mundial, com recorde histórico nos 200 m peito. Ficou famosa sua reação de espanto, com a indagação “eu?” ao saber do tamanho de seu feito.
Uma das estrelas dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, Alia espera que seu êxito como a primeira negra a vencer um Mundial inspire outros nadadores negros e que jovens de seu país e ao redor do mundo se interessarem mais pelo esporte tradicionalmente dominado apenas por brancos ao longo da história.
“Isso foi um grande feito e significa que jovens de qualquer cor podem se tornar um grande nadador um dia. Eu espero deixar uma mensagem pra outras pessoas”, falou. “Espero que esse feito possa ser uma mensagem para as crianças de que a natação pode sim ser um esporte que eles comecem também há praticar, já que o atletismo tem dominado nos últimos 40 anos”, prosseguiu.
Para se ter uma ideia, o primeiro ouro olímpico de um negro na natação ocorreu com Anthony Nesty, do Suriname, apenas na edição de 1988, 92 anos após o início da era moderna dos Jogos.
No atletismo, por exemplo, a primeira medalha dourada veio com Jessy Owens, em 1936 (52 anos antes). A medalha dourada do nadador de Suriname foi uma verdadeira zebra pois ele tirou do lugar mais alto do pódio o americano Matt Biondi, o grande nome da época.
Alia está representando seu país nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, nos 100 m livre, na terça-feira, mas não conseguiu se classificar para a final. Ainda virá a prova que é seu forte, os 200 m peito.
Ela conta que a experiência de ser maior que Bolt em seu próprio país é algo difícil. “Foi fantástico. Para ganhar aquele prêmio competi também com nomes como Shelly-Ann Fraser (velocista ouro em Londres e Pequim nos 100 m rasos) e outros que fizeram coisas incríveis no esporte. Foi uma coisa linda chegar ao topo e ser eleita neste ano”
A jamaicana, que sonha um dia em ser modelo, disse que tem um apelido em seu país natal. “Queridinha da piscina”, falou, sorridente.
(Fonte: http://pan.uol.com.br/noticias/2015/07/17 – ESPORTE – PAN 2015 – José Ricardo Campos Leite – Do UOL, em Toronto – 17/07/2015)