O filósofo elogia o “revoltado” papa Francisco e diz que o islamismo é a única oposição séria ao capitalismo
Régis Debray: “A esquerda está sem voz”
Régis Debray, filósofo francês, companheiro de guerrilha de Che Guevara
Escritor, filósofo, pensador de esquerda, assessor do presidente François Mitterrand de 1981 a 1985, Debray é proibido de entrar nos Estados Unidos.
A primeira vez que o parisiense Régis Debray veio ao Brasil, foi no Rio de Janeiro em 1964, após o golpe militar, para tentar contatar Carlos Marighella. Tinha 24 anos. Era só uma passagem para Cuba, onde ficou amigo de Fidel Castro. Debray se lançou à guerrilha armada ao lado de Che Guevara. Foi preso na Bolívia e condenado à pena máxima de 30 anos de prisão.
Ficou atrás das grades de abril de 1967 a dezembro de 1970, quase quatro anos, e foi libertado devido a uma campanha internacional de intelectuais liderada por Jean-Paul Sartre. De lá para cá, mudou muito. De revolucionário, tornou-se um “reformista radical”. “Porque continuei a viver nestes últimos 50 anos”, diz, em frente à Praia de Copacabana.
Foi revolucionário em 1965, em outro cenário. Quando se está num país onde não há partidos políticos nem sindicatos, onde se tortura e o regime é ditatorial, entende-se que você abrace a luta armada e caia na clandestinidade. Depois disso, eu voltei à França, um país com partidos, sindicatos, leis. E vivi.
Minha opinião de meio século atrás ganhou nuances e exigências. Eu me tornei um reformista radical na França. Continuo um anti-imperialista e um patriota, que não quer ver ninguém de fora se metendo nas leis de seu país. Não um nacionalista, que se acha superior aos outros.
(Fonte: http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2015/08 – NOTÍCIAS – IDEIAS/ Por RUTH DE AQUINO – 24/08/2015)