Francisco Caamaño, ex-coronel de gestos enérgicos, transformado desde abril de 1965 em mito revolucionário do Caribe

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República Dominicana

FRANCISCO ALBERTO CAAMAÑO DEÑO (Foto: www.elcastrense.com)

FRANCISCO ALBERTO CAAMAÑO DEÑO (Foto: www.elcastrense.com)

O fim de Caamaño

Francisco Alberto Caamaño Deñó (Santo Domingo, 11 de junho de 1932 – San José Ocoa, Cordilheira Central, 16 de fevereiro de 1973), ex-coronel de gestos enérgicos, transformado desde abril de 1965 em mito revolucionário do Caribe, foi um militar e herói dominicano que ocupou o cargo de presidente provisório da República Dominicana durante a Guerra de Abril de 1965.

Par muitos, ele poderia ter sido um novo Fidel Castro. No entanto, o destino levou-o a repetir Che Guevara. Francisco Caamaño Deno foi morto durante um choque com uma patrulha do Exército, quando participava de operações de guerrilha no interior do país. Com ele foram abatidos dois companheiros, sendo os três sepultados pelos militares ao meio-dia de sábado, no mesmo local onde tombaram – as montanhas de San José de Ocoa -, na presença de jornalistas.

Assim, ficou próximo de seu desfecho um estranho episódio iniciado no último dia 4 de fevereiro, quando o presidente Joaquín Balaguer anunciou o desembarque de um grupo de oito guerrilheiros chefiados por Caamaño e provavelmente vindos de Cuba, nas praias de Azua, no sul do país. 

A princípio, a denúncia do presidente foi recebida com reservas. Parecia difícil que apenas oito homens, entre os quais um experiente revolucionário, se dispusessem a assumir a árdua tarefa de depor um governo pelas armas. Balaguer poderia estar apenas iniciando uma manobra destinada a incriminar a oposição – cujo principal líder, o ex-presidente Juan Bosh, passou a ser acusado de cumplicidade com a guerrilha – e garantir sua reeleição para um terceiro mandato, em 1974.

Além disso, as falsas pistas seguidas no passado recomendavam cautela diante das informações sobre o enigmático Caamaño. Líder das chamadas “forças constitucionalistas” durante a guerra civil de 1965, em novembro de 1967 ele abandonou o posto que lhe fora concedido pelo “governo de pacificação” de Balaguer – adido militar em Londres – e desde então correram os mais desencontrados boatos sobre seu paradeiro. Vários países da Europa foram citados. Outras versões davam conta de sua presença entre forças guerrilheiras da Argentina e da Venezuela. E havia também informações de que estaria em Cuba.

Com sua morte, em 16 de fevereiro de 1973, um importante obstáculo foi removido do caminho de Balaguer, a quem a oposição acusa de discípulo fiel de Rafael Leonidas Trujillo, ditador durante 31 anos. Além de Caamaño, também de Juan Bosh ele parece temporariamente livre: diante das acusações dos últimos dias, o ex-presidente tomou rumo desconhecido, passou à clandestinidade e assim não poderá participar das eleições.

(Fonte: Veja, 21 de fevereiro de 1973 – Edição 233 – República Dominicana – POLÍCIA – Pág: 32)

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