Ben Abraham, escritor e sobrevivente, incansável divulgador da história do Holocausto

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Abraham defendia que os jovens aprendessem nas escolas o que aconteceu durante o Holocausto

 

 

Ben Abraham (Lodz, na Polônia, 11 de dezembro de 1924 – São Paulo, 9 de outubro de 2015), escritor e sobrevivente, incansável divulgador da história do Holocausto.

 

Natural de Lodz, na Polônia, Abraham nasceu em 11 de dezembro de 1924, com o nome de Henry Nekrycz. Em setembro de 1939, os alemães chegaram a Lodz e prenderam todos os judeus em um gueto cercado. Aos 14 anos, ele acompanhou fuzilamentos em massa, enforcamentos coletivos e massacre de crianças.

 

Seu pai escapou de caminhões transformados em câmaras de gás para os quais Abraham viu amigos serem levados, mas não sobreviveu à fraqueza causada pela fome no gueto, em 1942. “Minha mãe dizia que ele teve sorte, pois ao menos teve um enterro judeu (no gueto)”, lembra em uma de suas entrevistas.

 

Sua mãe não teve. Com Abraham, foi levada ao campo de concentração de Auschwitz, de quem se parou já na chegada. “Despedi-me pedindo que Deus nos ajudasse a sobreviver à guerra para nos reencontrarmos. Nunca mais a vi. Uma mulher que trabalhava junto com ela disse que foi enviada pelo (cientista nazista) Josef Mengele para a morte.

 

Henry Nekrycz, que tomou o pseudônimo de Ben Abraham, foi escritor e jornalista. Naturalizado brasileiro em 1959, casou-se com Miriam Dvora Bryk, também sobrevivente da Shoá.

 

Passou pelos campos de Brauschweig, Watenstadt e Ravensbruck entre 1943 e 1945, e acabou confinado em Auschwitz, onde sua família foi dizimada. Entre 200 parentes, apenas ele e um primo sobreviveram. Após a derrota do nazismo, tomou como objetivo de vida contar à humanidade as perseguições, atrocidades e matanças instituídas por Adolf Hitler.

 

Durante a guerra, Abraham passou duas intermináveis semanas por Auschwitz durante a guerra até ser “comprado” por uma fábrica alemã de caminhões.

 

Ele chegou ao Brasil em 1954 e recebeu a naturalização em 30 de janeiro de 1959.

 

Autor de 15 livros relacionados ao Holocausto, Abraham recebeu diversas homenagens, entre elas a Chave de Ouro do Memorial Yad Vashem de Jerusalém.

 

Por seu trabalho e pela publicação de 15 livros relacionados ao Holocausto, recebeu inúmeras homenagens, das quais se destacam a Chave de Ouro do Memorial Yad Vashem e a Medalha de Honra ao Mérito da Universidade de São Paulo. Foi presidente da Associação dos Sobreviventes do Holocausto (Sherit Hapleitá) no Brasil.

 

Na cerimônia de inauguração do Museu do Holocausto em Curitiba, em 2011, Ben Abraham relatou a terrível experiência de passar por campos de extermínio nazistas e agradeceu ao Brasil pela acolhida. Emocionada pelo depoimento do escritor, a então ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes, afirmou que “é o País quem deve agradecer aos judeus, por sua contribuição nas mais diversas áreas e por aprender com eles a importância da memória”.

 

“Eu contava os dias, imaginava que seria libertado e assim passava o tempo, sofrendo com fome, sofrendo torturas, sofrendo toda espécie de discriminação. Na nossa cidade, Lodz, viviam antes da guerra 260 mil judeus e só 4 mil sobreviveram”, disse ele ao jornal o Estado de S. Paulo, em janeiro de 2015.

 

“Como testemunha viva desta tragédia prometi a mim mesmo que se sobrevivesse contaria ao mundo tudo o que vi, e de como um regime igual ao de Hitler pode conduzir o mundo para o abismo. A existência de Israel é a nossa resistência. Com Eretz Israel somos livres, independentes e iguais a todos os povos. Israel é nosso futuro, nossa pátria e nossa segurança”, disse ele na 11ª Marcha da Vida Regional.

 

Em 2011, Ben Abraham falou a 170 alunos e professores do Colégio Martha Falcão de Manaus. Ele também falou a 350 pessoas, entre alunos e professores do Colégio Lato Sensu e da Universidade Federal do Amazonas.

 

Em 2013, falou na cerimônia do Iom Hashoá, em São Paulo.

 

“Hitler foi eleito nas eleições livres e democráticas. É preciso alertar em quem votar, para não sermos iludidos como aconteceu com o povo alemão”, dizia ele. “É preciso aprender a história do passado para viver no presente e enfrentar o futuro com cabeça erguida”, afirmava.

Ben Abraham, sobrevivente do holocausto, morre aos 90 anos em 9 de outubro de 2015.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/10 – MUNDO – De São Paulo – 10/10/2015)

(Fonte:  http://www.conib.org.br/noticias – CONFEDERAÇÃO Israelita do Brasil – NOTÍCIAS – 09 Out 2015)

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