Powered by Rock ConvertPela primeira vez é encenado, no palco, os conflitos do casamento de um negro com uma branca
Teatro Negro: muitas primeiras vezes
O Teatro Experimental do Negro foi fundado por Abdias do Nascimento, 54 anos, com o propósito “de resgatar os valores da cultura negro-africana, degradados pela violência branco-européia”. Há muitas primeiras vezes na história do TEN. O espetáculo de estreia foi “O Imperador Jones”, do dramaturgo americano Eugene O’Neill, que pela primeiora vez abriu mão dos direitos autorais para ajudar os negros brasileiros a criarem um teatro que autênticamente os representasse. Em 1946, o TEN encenou “O Anjo Negro”, de Nélson Rodrigues, peça em que pela primeira vez se retratavam, no palco, os conflitos do casamento de um negro com uma branca. No ano seguinte foi montada “O Filho Pródigo”, de Lúcio Cardoso, primeira vez que um autor branco escrevia obra de teatro especialmente destinada a um elenco negro. Em 1957, no Municipal do Rio, o TEN apresentou “Sortilégio”, de Abdias do Nascimento, primeira vez em que se misturavam o realismo da questão racial com a poesia da macumba carioca. “Sortilégio” recebeu elogios até do sociólogo francês Roger Bastide, professor da Sorbonne, que naquele tempo lecionava na Universidade de São Paulo. Diz Abdias do Nascimento que o teatro Experimental do Negro é um processo, “uma forma de antecipação, enquanto o negro não desperta completamente do torpor em queo envolveram. Na aurora do seu destino, o Teatro Negro do Brasil ainda não disse tudo a que veio”.
(Fonte: Veja, 18 de setembro de 1968 – Teatro – Negro em Cena – Pág; 92 a 93)
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