A história do vazio
Como a ciência descobriu que o nada pode ser muita coisa
O nada é quase tudo
Quase todo o Universo é formado de puro vazio. E esse vazio completo – o nada – é muito mais pesado que todo o resto do cosmo. Não entendeu? Os cientistas também não. Mas a história por trás disso é fascinante.
200 a.C.
O filósofo grego Aristóteles diz que não é possível a existência de espaço sem matéria. Ele cria o lema: A natureza tem horror ao vácuo
1643
O italiano Evangelista Torricelli, discípulo de Galileu, cria a primeira bomba de vácuo. A experiência é o primeiro passo para derrubar a doutrina de Aristóteles
1927
A física já aceita plenamente que existe espaço sem matéria. Mas o inglês Paul Dirac sugere que partículas de antimatéria poderiam brotar espontaneamente do vácuo
1947
O americano Richard Feynman incorpora de vez a idéia de que partículas atômicas podem surgir do vácuo por um ínfimo instante e voltar a desaparecer no vazio
1948
Hendrik Casimir põe duas chapas metálicas no vácuo, separadas por 0,02 milímetro. Elas ficam eletrificadas. Hoje se pensa que essa eletricidade vem da energia do vácuo
1980
Alan Guth e André Linde mostram que, ao nascer, o Universo teve um crescimento desabalado por bilionésimos de segundo. A causa: uma liberação formidável de energia do vácuo
1997
Descobre-se que o cosmo está de novo crescendo em ritmo acelerado. É possível que o novo impulso seja um resíduo de energia do vácuo, ainda em ação
2003
A análise de dados do satélite-telescópio WMAP leva a uma conclusão absurda: a de que 73% do peso do Universo vem do vazio. Absurda, porém incontestável.
(Fonte: http://super.abril.com.br – Edição 196 – Janeiro 2004 – Ciência/ Por Flávio Dieguez – Pág; 68/72)