A MAIOR QUEDA LIVRE DA HISTÓRIA
Aquela em que o americano Joseph Kittinger se lançou a 31 330 metros de altura, em 1960, levando 4 minutos e 36 segundos para chegar ao solo
Joseph Kittinger sempre teve atração pela velocidade. Quando adolescente, nos anos 1940, em Tampa, no estado norte-americano da Flórida, era comum vê-lo em lanchas de corrida disputando com outros rapazes a ponteira do mar.
Eram velozes as embarcações. Mas não o suficiente para Kittinger. Ele queria mais. E conseguiu. Provavelmente, mais até do que imaginava.
Afinal, atingir a velocidade de 988 quilômetros por hora é o bastante para qualquer aficionado em adrenalina. Ainda mais com o corpo solto no ar, despencando de uma altura de 31 330 metros durante intermináveis 4 minutos e 36 segundos. Foi exatamente o que fez Joseph Kittinger no dia 16 de agosto de 1960, nquela que passaria a ser a maior queda livre da história.
Nesse mesmo salto, outros recordes foram quebrados: maior altitude alcançada por um balão, maior altitude de um salto de pára-quedas e maior velocidade atingida por um homem na atmosfera.
Claro que Kittinger não era inconsequente. Antes desse, realizou inúmeros outros saltos pela Força Aérea Americana, onde ingressou em março de 1950, ainda jovem (nasceu em 1928). Seu bom desempenho como piloto de jatos o levou a ser indicado por um coronel para o serviço de aviação espacial apenas cinco anos depois. Pode-se dizer que esse foi o primeiro grande salto na sua carreira. Em 1957, ele alcançaria o primeiro recorde ao participar do Projeto Man High, a bordo de um balão que atingiu incríveis 29 500 metros de altitude, feito que lhe rendeu uma condecoração especial.
Logo depois, Kittinger foi chamado para participar do audacioso Projeto Excelsior, que testava um sistema de pára-quedas com uma série de estágios, buscando dar mais segurança às ejeções de pilotos a grandes alturas e velocidades supersônicas. Era uma empreitada que dependia de um maluco que topasse saltar da estratosfera, a segunda camada da atmosfera, após chegar lá num balão de hélio e ser exposto a temperaturas de até 70 graus centígrados negativos. Definitivamente, não era uma experiência para qualquer um. Joseph Kittinger topou.
Ao todo, o americano fez três saltos, sempre vestindo uma roupa pressurizada. O primeiro deles, de uma altura de 23 287 metros, aconteceu em novembro de 1959 e por pouco não terminou em tragédia: um dos equipamentos falhou e Kittinger chegou a desmaiar. Só sobreviveu porque o pára-quedas automático abriu. Três semanas mais tarde ele estava pronto para um novo salto, de uma distância ligeiramente menor: 22 769 metros acima do solo. Por sua coragem em superar o trauma, recebeu outra medalha de condecoração. No salto final, aquele do dia 16 de junho, ele jura ter alcançado 1 148 quilômetros por hora, quebrando a barreira do som. O número propagado oficialmente, no entanto, é de 988 quilômetros por hora. Em se tratando de velocidade, Kittinger nunca parece satisfeito.
(Fonte: Terra – ANO 15 – N° 182 – Extremos/ Por Thiago Medaglia – Junho de 2007 – Pág; 20)