São Paulo terá a primeira cidade compacta sustentável da AL
Construtora vai erguer, em São Paulo, a primeira “cidade compacta” idealizada a partir de parâmetros sustentáveis da América Latina. O complexo, localizado na Marginal Pinheiros, integra moradia, trabalho, serviços, meio ambiente e lazer. A ideia é fazer com que os moradores e usuários tenham tudo à mão. Será uma pequena cidade dentro de uma das maiores metrópoles do mundo.
“A ideia é quebrar paradigmas e pensar diferente. O caminho mais fácil seria uma arquitetura arrojada, mas queremos ser reconhecidos pela essência sustentável do projeto”, explica o diretor de incorporação da Odebrecht Realizações Imobiliárias, que está lançando o Parque da Cidade, Saulo Nunes.
Novo mercado – O Parque da Cidade é visto pela construtora como um marco sustentável para São Paulo. “Queremos ser indutores para que o mercado imobiliário pense de forma sustentável”, afirma Nunes. O complexo, com cerca de 600 mil metros quadrados, será composto por dois edifícios residenciais, cinco torres corporativas, uma torre com salas comerciais, um shopping e um hotel ao redor de um parque. Isso sem contar restaurantes, cafés e praças que permeiam os prédios e tornam o local mais agradável. Tudo certificado.
Segundo a Odebrecht, por sua integração com o resto da comunidade e idealização, a “cidade compacta” caminha para obter o certificado Leed ND (Neighborhood Development, em inglês), inédito na América Latina. O selo é concedido a grandes empreendimentos capazes de impactar positivamente seu entorno. “O projeto vai trazer infra-estrutura para a região e as praças e espaços verdes incentivam a interatividade. As pessoas vão sair, se ver e conversar mais”, diz Nunes.
Relação com a comunidade – Apenas a área residencial será fechada para os moradores, todas as outras instalações serão abertas ao público em geral, atraindo uma média de 65 mil pessoas por dia. Segundo o diretor, a intenção é criar espaços mais abertos e trazer as pessoas para fora dos muros e do concreto tão característicos de São Paulo.
Cada edifício também terá uma certificação individual de acordo com a atividade que irá receber. Os residenciais e os escritórios terão certificação Aqua, os corporativos e o shopping terão o Leed – a do hotel ainda não está definida.
Tecnologia – Para manter a qualidade de vida de quem passa por lá e elevar a qualidade ambiental da região, o Parque da Cidade vai utilizar tecnologias que garantam a redução dos impactos ao longo de seu uso. Em termos energéticos, a meta é gerar uma economia de 37% em relação a um empreendimento feito de forma tradicional. Além do uso de lâmpadas led e fachadas de vidro que minimizam o uso de iluminação e ar-condicionado, os edifícios residenciais terão painéis solares que gerarão 40% da energia utilizada pelos prédios.
O complexo terá ainda uma estação de tratamento de esgoto. A água será reutilizada na irrigação. A água da chuva também será captada. Os sistemas devem reduzir o consumo em 67% na comparação com empreendimentos concebidos no modelo tradicional. A coleta seletiva de lixo será a vácuo – uma tubulação subterrânea levará os resíduos previamente separados pelos moradores para uma central que encaminhará a parte reciclável para cooperativas e a orgânica para plantas de compostagem – e vai diminuir em 50% a quantidade de resíduos enviada para aterros.
Todas essas características fazem com que o Parque da Cidade participe do Climate Positive Development Program. A iniciativa do grupo C40, que reúne as principais cidade do mundo, desenvolvida pela Fundação Clinton, dá assistência e fiscaliza 18 projetos no mundo que priorizam o desenvolvimento urbano e a redução de emissão de gases de efeito estufa. “O comprometimento com metas e objetivos ambiciosos mostra uma mudança de parâmetros que vai além do empreendimento. Buscávamos algo que pudesse ser catalizador das transformações urbanas que a cidade precisa”, explica o representante da C40, Adalberto Maluf.
Tanta inovação tem um preço. O valor médio do metro quadrado no edifício de escritórios, o primeiro a ser lançado, é de R$ 14.200. Com opções de plantas de 30 m² a 36 m² – com lajes de aproximadamente 700 m² – esse primeiro edifício já tem escritórios à venda e deve ficar pronto em 2015. De acordo com a construtora, o empreendimento será lançado em partes e só deve ficar totalmente pronto em 2020.
Trânsito – Uma obra desse tamanho deve agravar um dos principais problemas da cidade, o trânsito. Entretanto, Nunes afirma que a empresa está tomando cuidados, desde a fase de concepção, para que esse impacto seja minimizado.
Para o diretor, o fato de o complexo estar localizado a 300 metros da Estação Morumbi da CPTM é um facilitador. Um sistema de van deverá conectar o complexo à estações de trem e metrô. Além disso, está previsto um programa de incentivo à carona.
Para facilitar a locomoção interna, o projeto visa incentivar seus usuários a andar de bicicleta ou caminhar. Por isso, o Parque da Cidade terá toda a infraestrutura para os ciclistas, além de calçadas amplas para pedestres e caminhos cobertos que conectem os prédios, viabilizando a caminhada mesmo em dias de chuva. De olho no futuro dos carros, os estacionamentos terão vagas especiais e locais de recarga para veículos elétricos.
Todas essas medidas podem não ser suficientes para amenizar o trânsito da região. O projeto está enquadrado na lei como um polo gerador de tráfego, que prevê que cerca de 5% do valor investido na construção seja direcionado para obras viárias. Nunes diz que ainda não foram estabelecidos valores ou projetos específicos. Entretanto, a expectativa é que a construtora fique responsável por uma das alças de uma nova ponte no Rio Pinheiros, a Panambi – entre a Ponte Estaiada e a Ponte do Morumbi – , obras de alargamento da Marginal Pinheiros e melhorias na sinalização do trânsito local.
(Fonte: http://invertia.terra.com.br/sustentabilidade/noticias – DiárioNet – SUSTENTABILIDADE/ Por Sabrina Bevilacqua / Direto de São Paulo – 04 de outubro de 2012)