Pela primeira vez no RS, criança é operada por meio de cirurgia robótica
Em pleno mês das crianças, o Rio Grande do Sul consolidou, em 10 de outubro, uma nova conquista médica para os pequenos. Olívia Pereira, de quatro anos, recebeu alta da primeira cirurgia robótica realizada em uma criança no Estado, abrindo alas para que outros procedimentos do tipo sejam realizados nesta faixa etária.
— Isso abre um campo muito grande para cirurgias minimamente invasivas na criança, e que a videolaparoscopia (com câmera) nos restringia pelas limitações de movimentos que podemos fazer — afirma o cirurgião pediátrico Rafael Deyl, responsável pela intervenção.
A paciente foi atendida em (7) Hospital da Criança Santo Antônio, com auxílio de equipe do Hospital São Francisco, ambas instituições pertencentes à rede Santa Casa. Conforme Deyl, apenas ele e outros três médicos são qualificados para fazer este procedimento no Brasil. Não havia sido feita uma cirurgia do tipo ainda no Rio Grande do Sul porque o equipamento é caro e, entre sua aquisição e o treinamento para utilizá-lo, passou-se cerca de um ano.
No caso de Olívia, o diagnóstico foi de estenose da junção pieloureteral— uma má formação no rim, especificamente no caminho entre a pelve renal e a ureter, que obstruía o caminho da urina. Inicialmente, os pais da criança dirigiram-se a um hospital em Novo Hamburgo, próximo de sua cidade, Campo Bom. De lá, indicaram que o caso era cirúrgico e a encaminharam a Porto Alegre.
Deyl atendeu a família desde a primeira consulta no Santo Antônio. Duas eram as opções para curar a menina de quatro anos: a tradicional cirurgia aberta ou a inovadora cirurgia robótica. Sem qualquer apreensão, os pais dela decidiram apostar na tecnologia.
— Era uma opção menos invasiva, com uma recuperação muito melhor e que teria menos consequências. Eu estava bem tranquila quanto ao procedimento — conta a mãe de Olívia, Bruna da Silva.
Até há pouco tempo, acreditava-se que a intervenção com robôs era muito grosseira para crianças, segundo Deyl. As pinças utilizadas são de 8mm, enquanto na laparoscopia são de 5mm. No caso de Olívia, fazer uma cirurgia pelo método com vídeo, inclusive, não seria recomendado por conta dos movimentos limitados que ela proporciona.
— Eu estou operando no robô como se estivesse utilizando um microscópio e minhas mãos fossem miniaturizadas lá dentro do paciente. Já na laparoscopia é como se eu estivesse operando com dois talos nas mãos, como se estivessem engessadas — explica o médico.
Da sala de cirurgia, Olívia saiu com um dreno, que foi retirado em 13 de outubro. Num geral, a criança está bem e tranquila: só vai ter de esperar alguns dias para brincar em cama elástica, brinca Bruna. Quanto ao Rio Grande do Sul, o precedente para cirurgias robóticas em crianças foi oficialmente aberto — e agora, problemas do trato urinário e digestivo, entre outros casos, ganharam mais uma opção de tratamento.