Arlindo de Azevedo Moura, executivo. Uma única decisão do executivo já custou 2,2 mil empregos em regiões agrícolas do país.
Foi em 1990, logo após assumir a diretoria da Kepler Weber, empresa gaúcha de silos e armazéns que precisava ser reerguida para futura venda. O diagonóstico foi certeiro: para sobreviver, a companhia precisaria reduzir seu quadro funcional de 3 mil para 800 trabalhadores.
Na cabeça do administrador, e dos controladores da empresa, tratava-se não de extinguir 2,2 mil vagas, mas de salvar 800.
Os desafios nunca tiraram o encantamento de Moura com a vida de administrador. Depois de levar adiante a recuperação da Kepler Weber, vendida em 1996, o executivo assessorou a família Logemann na venda da fábrica de máquinas agrícolas SLC para a John Deere, onde continuou trabalhando.
A tarefa lhe rendeu, em 2004, o convite para presidir a SLC Agrícola.
Para seguir as diretrizes do conselho de Administração – fazendo a empresa crescer de 22 mil hectares plantados naquele ano para 220 mil, ser a primeira empresa agrícola a lançar ações em bolsa e faturar R$ 441 milhões em 2008.
Moura vive uma arrebatadora rotina de decisões. Comprar esta ou aquela fazenda? Vender o grão agora ou no fim do dia? Nos maiores negócios envolvendo comercialização de commodities, costuma estar à frente do computador, ao lado do diretor responsável pela área.
Um clique pode significar ganhar ou perder alguns milhares de dólares, dependendo se a cotação amanhã subir ou descer.
O empresário é um indivíduo com propensão à adrenalina. Só que no caso de uma empresa, o radical pode ser o gesto individual de assinar um contrato em um gabinete fechado. A decisão muitas vezes é mesmo um ato solitário. Deve-se acostumar com as regras de sigilo e limitações impostas, inclusive por lei, a administradores de companhias abertas.
(Fonte: Zero Hora – Domingo, 22 de março de 2009 -Dinheiro – Vida de Executivo/Por Sebastião Ribeiro – Pág; 4/5)