A primeira grande passeata pelo voto feminino da história

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A primeira grande passeata pelo voto feminino da história

Emily Wilding Davison (11 de outubro de 1872 – Derby, 8 de junho de 1913), feminista atropelada pelo cavalo do rei da Inglaterra George V, colocou seis mil mulheres nas ruas de Londres pedindo o direito de votar.

Martírio ou suicídio, a questão por trás do atropalemento da sufragista pelo cavalo do rei da George V ao invadir a pista no Derby de Epsom perdura até hoje como uma incógnita.

Mesmo sem um veredicto, o acontecimento escreveu na história do movimento feminista pelo direto de voto um dos seus capítulos mais heroicos e também mais trágicos. Mas resultou à causa sufragista a primeira grande passeata pelo voto feminino da história, que compelta um século.

Milhares de inglesas saíram às ruas de Londres durante os funerais de Emily. As mais jovens, vestidas de branco, e as mais velha de preto, levavam faixas pedindo o direito de voto. “Dê-nos liberdade ou a morte”, dizia uma delas.

O atropelamento. O evento que desencadeou a grande demonstração que completa um século, aconteceu dez dias antes quando milhares de ingleses, junto com a fámília real, reuniram-se no Hipódromo de Epsom Downs para mais um tradicional e aguardado “Derby Day”.

Entre os espectadores da corrida estava Emily Davison, sufragista e militante da União Social e Política das Mulheres. O grupo, fundado e coordenado pela feminista Emmeline Pankhurst (1858-1928), lutava pelo direito ao voto feminino na Inglaterra e nos meses anteriores havia intensificado sua campanha e suas ações. Assim como outras organizações políticas do período, as sufragistas também fizeram sua incursão pelo incipiente território do terrorismo no início do século 20.

Bombas colocadas em lugares públicos foram creditadas às sufragistas, centenas de caixas de correio e correspondências foram destruídas pelas militantes, linhas de trens interrompidas, residências de figuras do governo foram vandalizadas, figuras públicas agredidas. Uma delas foi Winston Churchill, agredido por um delas com “chicote em punho”.

Emily estava disposta a realizar um ato político grandioso, que certamente teria grande repercussão. Tentaria colocar um broche do movimento sufragista no cavalo do rei. Quando todos os olhos estavam voltados para a curva final, e os jóqueis disputavam por melhores posições próximos a linha de chegada, Emily saltou na pista, na frente do cavalo de George V. O animal a atropelou e atingiu gravemente sua cabeça. Desacordada, foi levada ao hospital, onde morreria quatro dias depois.

O famoso jóquei, Herbert “Diamond” Jones, que montava o puro-sangue Anmer, o cavalo no qual o rei apostara, foi derrubado. Sofreu contusões e precisou ter seu braço imobilizado.

Chocados com o evento da corrida, os ingleses se dividiam; houve quem se compadecesse da sufragista, mas a maioria tratava-a como uma desequilibrada, daí a tese de suicídio. A rainha Mary comoveu-se, mas não com a militante. Escreveu ao jóquei desejando-lhe melhoras e lamentando o “triste acidente causado pela conduta abominável de uma mulher lunática.”

Jornais publicavam perfis de Emily sobre suas tendências suicidas e como sua militância radical haviam lhe rendido seis prisões. Um bilhete de trem de volta e um convite para o baile sufragista daquela noite foram encontrados no bolso de Emily, colocando em cheque a teoria do suicídio e levando a crer que seu ato fora tão corajoso, quanto impensado e por isso mal logrado.

A cena foi capturada em filme e exibida nos noticiários de Cinematógrafos por toda a Europa. A imagem tornou-se o símbolo da luta das mulheres pelo direito de voto e espalhou a mensagem de até onde as militantes iriam pela causa.

As imagens da passeata também foram registradas. Outras cenas e mensagens que correrram o mundo.

Só em 1918, após a Primeira Guerra Mundial, as inglesas adquiriram o direito ao voto.

(Fonte: http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo – ACERVO – NOTÍCIAS – Liz Batista – 14 de junho de 2013)

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