Doze inabaláveis membros da Academia Francesa de Letras preferiram discordar dos dezenove outros que elegeram, em 6 de março de 1980, pela primeira vez em 345 anos, uma mulher, a escritora Marguerite Yourcenar, de 76 anos. Considerada genial por muitos críticos, ela contou com a torcida do presidente Giscard, que teria orquestrado o gesto de devolver-lhe a cidadania francesa, único obstáculo à sua eleição.
Yourcenar não vai a Paris há doze anos, mora nos Estados Unidos desde 1945 e deu pouca importância ao gesto da Academia: está viajando pela América Latina. Marguerite tem uma reputação internacional iniciada em 1951, com a publicação do clássico “Memoires d”Hadrien”, erudita biografia do imperador romano do século II. Sua outra obra, best-seller na França, é uma tradução de poetas greco-bizantinos, “La Couronne et la Lyre”.
(Fonte: Veja, 12 de março de 1980 – Edição 601 – LITERATURA/ Por Elizabeth Carvalho – Pág: 82)