Geógrafa é a primeira mulher à frente da Emater no RS
A geógrafa dá um toque feminino ao campo
Do pai, ela herdou o talento para lidar com as coisas do campo. Da mãe, o gosto pelo magistério e também pela liderança. E, ao misturar essas duas paixões, a geógrafa Águeda Marcéi Mezomo, 37 anos, trilhou um caminho que a levou ao comando de um dos principais órgãos de apoio à agropecuária no Estado, a Emater/RS.
Primeira mulher à frente da presidência, ela leva na bagagem os anos de experiência como extensionista da entidade e os ensinamentos apreendidos em Benjamin Constant do Sul, cidade do norte gaúcho onde nasceu. Foi lá que, ainda menina, ajudou o pai agricultor a cuidar da pequena propriedade da família.
Desde a 5ª, 6ª série, já trabalhava na lavoura. Colhia milho, feijão e tirava leite lembra.
Entre uma colheita e outra, também gostava de acompanhar a mãe, diretora de uma escola, no trabalho. E se oferecia para executar algumas das tarefas inerentes à função. Por isso, não foi exatamente uma surpresa quando a adolescente de 16 anos saiu de casa para estudar em Erechim.
Foi na cidade distante cerca de 45 quilômetros de casa que Águeda cursou magistério e se tornou uma professora. A ligação com o campo, no entanto, seguia marcando presença. Aprovada em um concurso, passou a dar aulas em uma escola rural no interior do município. A mudança na carreira amadureceu durante os anos dedicados à faculdade de Geografia.
Decidi que queria trabalhar com a questão agrária e os movimentos sociais confidencia.
Não demorou para que Águeda fosse atraída para as fileiras da Emater. Depois de ser aprovada em um concurso para extensionista de bem-estar social, em 1997, se viu diante de um mapa para definir em que município iria atuar, já que não havia vagas em Erechim. Passou por Lindolfo Collor e, após, encontrou o caminho da realização profissional em Novo Hamburgo.
Começamos com cinco feiras de agricultores. Quando saí, já contabilizávamos 23 relata, orgulhosa.
Com tarefas que incluíam a organização das famílias rurais em grupos para que questões tecnológicas e sociais pudessem ser trabalhadas, Águeda tinha contato direto com os agricultores.
Mestre em geografia, com ênfase em análise ambiental, começou a atuar no coração da Emater, na Capital, por meio de um concurso interno. E depois de ser indicada ao cargo de diretora técnica, em 2008, chegou à presidência em abril passado.
A Emater sempre teve o reflexo da história do campo. Durante muitos anos, ficou mais com a participação dos homens, sobretudo nos cargos de direção pondera.
Realidade que vem mudando ao longo do tempo recentemente, duas mulheres foram nomeadas para cargos de gerente regional e gerente-adjunto. Com uma carga intensa de compromissos, contabiliza uma média de 12 horas diárias de trabalho e brinca: muitas vezes, para conseguir se encontrar com o marido, Evandro, precisa marcar na agenda.
Tanta dedicação se justifica diante de um Estado onde a vocação agrícola foi colocada à prova: os produtores precisaram diversificar para sobreviver. Com a adequação das matrizes produtivas, a profissionalização e a adesão à tecnologia, o campo segue com um desafio:
É preciso motivar e incentivar jovens, em especial mulheres, para que permaneçam no campo e levem adiante a agricultura familiar.
(Fonte: Zero Hora – 18 de junho de 2010 Ano 47 – N° 16370 Gisele Loeblein – Pág; 1)