A primeira mulher a ocupar o posto de rainha de bateria

0
Powered by Rock Convert

A primeira pessoa a ocupar o posto de rainha de bateria

Evans, 1ª rainha de bateria, há 30 anos
Modelo fundou o posto em 1984, na Mocidade, sua escola do coração.

“Fomos para o Desfile das Campeãs e levei uma bronca”

“Lá vem a bateria da Mocidade Independente, não existe mais quente”. A afirmação da letra tão cantada por Elza Soares no samba “Salve a Mocidade” veio bem antes de 1984, mas foi há exatos 30 anos que a bateria nota 10 alcançou a maior sensação térmica de toda a Sapucaí até então.

Foi quando Monique Evans fundou o posto de rainha da bateria, inaugurando o principal cargo da monarquia carnavalesca — até hoje o mais cobiçado posto entre as mulheres na passarela —, elevando a temperatura e acelerando o coração dos ritmistas. O vídeo acima mostra Monique desfilando pela Mocidade em 1985, com o enredo Ziriguidum, 2001.

O enredo era “Mamãe eu quero Manaus”, do carnavalesco Fernando Pinto, que rendeu o segundo lugar à escola. Monique lembra que era jurada do Chacrinha quando surgiu o convite para desfilar pela primeira vez.

Monique soube que iria à frente da bateria no dia do desfile e revela que levou uma bronca por não estar com o samba decorado.

“Quando chegou o dia do desfile, eu cheguei com uma sandália qualquer, nem sabia que existia sandália para sambar.

Além disso, eu nem tinha decorado o samba. Me colocaram na frente da bateria e eu nem notei. Nem sabia que iam me filmar. Eu parava o tempo todo para consertar a sandália na frente das câmeras. Imagina os vexames que eu não dei? Eu estava ali pra brincar mesmo.

Não fui ali para brigar com ninguém, nem disputar posto. Estava ali pra curtir. Estava num posto especial sem saber. Fomos para o Desfile das Campeãs e levei uma bronca porque eu tinha que decorar o samba. Não sabia o samba”, revela.

Polêmica sobre 1ª rainha

Há controvérsias quanto à primeira pessoa a ocupar o posto de rainha de bateria. Alguns consideram que surgiu na década de 1970, quando a famosa mulata Adele Fátima veio à frente dos ritmistas da escola de Padre Miguel, fato inédito até a data.

Na opinião de Monique, as famosas que saíam perto da bateria começaram com a nomenclatura de “madrinha” e as mulheres da comunidade eram “rainhas”. Nos dias de hoje, no entanto, não existe mais a distinção, são todas rainhas, segundo ela.

A modelo lamenta que a festa e a curtição tenham ficado em segundo plano no carnaval e diz que o samba no pé virou uma espécie de balé coreografado.

“Cobravam tanto da gente que era uma coisa quase profissional. A gente podia estar perfeita, mas a pressão era tão grande que quando acabava a gente ficava exausta. Parecia um trabalho. Aquilo cansava muito. Era pra ser uma diversão. Hoje em dia não acho que é mais isso. É uma maneira de as meninas aparecerem. É um trabalho pra elas, que vai trazer outros trabalhos no futuro. Pra gente não. Eu, depois a Luiza (Brunet) e a Luma (de Oliveira) já éramos famosas. Já trabalhávamos o ano inteiro e ainda tínhamos aquilo ali.

Íamos representar as nossas escolas mesmo. Era muita coisa que tínhamos que fazer e não tinha tantas regras. A bateria por si já é a coisa maior de todas. Na minha época, não tinha passos especiais junto com a bateria, você fazia o que quisesse. Não tinha ensaio, regra. A bateria ensaiava pra não sair do ritmo. Era mais natural.”

Monique reinou à frente da bateria da Mocidade até 1987. Depois, se transferiu para a São Clemente, onde também foi pioneira como madrinha dos passistas. Em 1992, a modelo foi campeã com a Estácio de Sá, do enredo “Paulicéia desvairada – 70 Anos de modernismo”. Ficou na escola até 1993. No ano seguinte, desfilou com o cabelo raspado na União da Ilha do Governador, como destaque em um carro alegórico. Em 1995, na mesma escola, ela desfilou como porta-estandarte, com os seios de fora, distribuindo beijos em seu mestre-sala.

A modelo desfilou na União da Ilha pela última vez em 1996. No carnaval seguinte, se despediu da Sapucaí como rainha da Grande Rio, se consagrando como uma das maiores estrelas da Sapucaí de todos os tempos.

(Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/carnaval/2014/noticia/2014/02 – CARNAVAL 2014/ Por Lívia Torres Do G1 Rio – 13/02/2014)

Powered by Rock Convert
Share.