PRIMEIRA GAÚCHA A RECEBER GRADUAÇÃO MÁXIMA DA ARTE MARCIAL
Quando Caroline De Lazzer subiu ao tatame na final do Mundial de jiu-jitsu, em junho de 2006 no Rio de Janeiro, somente um pensamento lhe vinha a cabeça.
– Não olha a faixa dela, não olha repetia para si mesma.
De graduação marrom, a gaúcha tentava não se impressionar com a faixa preta da adversária. Um sonho perseguido por cinco anos e realizado, após o título mundial.
Era 2001 e Caroline morava em Caxias do Sul quando decidiu obter a graduação máxima. Depois de praticar balé, ginástica e handebol, decidiu ser campeã mundial. Mudou-se para a Capital em 2003.
O que seria uma vitória para qualquer pessoa foi encarado como desastre pela atleta: o terceiro lugar no mundial de 2003 levou-a a dois meses de depressão. Sabia que havia perdido a semifinal por um erro bobo, a apenas 20 segundos do final. O sofrimento foi tanto que a estudante de Nutrição chegou aos 78kg luta na categoria até 67kg.
Em 2004, encarou o Mundial ainda acima do peso. Por isso se inscreveu na categoria livre. Só se deu conta do perigo quando enfrentou na final uma adversária de 90kg. Durante 9 minutos, a gaúcha conseguiu segurar a adversária. Tentou derrubar a oponente, mas o golpe saiu errado. E, de novo, viu seu sonho se desfazer nos últimos segundos.
A realização só começou a se desenhar em junho de 2006. Mesmo se dividindo entre a faculdade, os treinos de luta olímpica (esporte que também pratica) e as aulas que ministra em academias, Caroline ainda treinou para o Mundial.
Na decisão, contra a adversária de faixa preta, segurou a oponente com uma chave de perna e conquistou o tão perseguido título Mundial. Em agosto de 2006, mais uma vitória: aos 25 anos, tornou-se a primeira mulher do Rio Grande do Sul a ter a graduação máxima no esporte.
(Fonte: Zero Hora Ano 43 N° 14.980 Sexta-feira, 1° de setembro de 2006 Esportes Jiu-Jitsu Por Tâmara Hauck – Pág; 59)