A primeira peça para o teatro de revista no país

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A primeira peça para o teatro de revista no país

Luís Carlos Peixoto de Castro (1889-1973), teatrólogo, poeta, pintor, caricaturista, escultor e compositor fluminense, co-autor de “Maria”, com Ari Barroso, e “Ai Ioiô”, com Henrique Voegler, e lançador do teatro de revista no Brasil; sobrinho do compositor Leopoldo Miguez, dedicou-se inicialmente à caricatura, a partir dos 16 anos, em “O Malho”, “Revista da Semana”, “Fon-Fon” e outras revistas; em 1911 estreia sua primeira peça para o teatro de revista com o título Seiscentos e seis, com Carlos Bittencourt;

cansado de perder empregos por causa de sua irreverência com os políticos, passou para o teatro; escrita com o mesmo parceiro e com música de Chiquinha Gonzaga, escreveu a burleta “Forrobodó”, a primeira de teatro de revista no país, que alcançou 1 500 representações em 1912; foi parceiro de Custódio Mesquita, Heckel Tavares (“Casa de Caboclo”), Vicente Paiva (“Dizem que Eu Voltei Americanizada” e “Voltei Pro Morro”, compostas especialmente para Cármen Miranda responder às críticas por ter emigrado para os Estados Unidos); produziu trezentos textos teatrais. Luís Peixoto morreu no dia 14 de novembro, 1973, aos 84 anos, de câncer, no Rio de Janeiro.

(Fonte: Veja, 21 de novembro, 1973 – Edição n.° 272 – DATAS – Pág; 112)

No ano da proclamação da República (1889), dia 02 de fevereiro, no bairro do Ingá, em Niterói, Rio de Janeiro nasce Luiz Carlos Peixoto de Castro, filho de Luiz Peixoto de Castro e Lucinda Miguez de Castro, irmã do compositor Leopoldo Miguez, autor da letra do Hino à Proclamação da República.

O pai profetizava quanto ao futuro do filho: “vai ser advogado, médico ou engenheiro”. A mãe, exímia pianista e boa cantora, sufocada por um marido durão, dizia: “Mas, Luiz, o menino tem grande vocação para as artes!”
Seus pais não lhe deram apenas uma vida, mas inúmeras, já que Luiz Peixoto transitou com desenvoltura na área cultural como caricaturista, letrista, pintor, escultor, teatrólogo e poeta, interferindo positivamente na cultura brasileira.

Adolescente ainda, aos 15 anos, a 13 de março de 1904 publicou na Revista da Semana (ainda como suplemento do Jornal do Brasil, mais tarde, em 1915 se transformaria numa publicação independente) suas primeiras caricaturas e charges ironizando aspectos da vida do Rio de Janeiro, onde assinava apenas Luiz.

No ano seguinte, incentivado pelos amigos, mostrou suas caricaturas a Raul Pederneiras e Calixto (K.Lixto), que as publicou na revista “O Malho”.

Esse foi o pontapé inicial, também, para tornar-se colaborador de várias revistas, como “O Papagaio”, “A Avenida “, “Tan-Tan”, “Fon-Fon” e “Revista de Semana” (até 1914), produzindo, com Raul Paderneiras, sob pseudômimo de “Raiz” (Raul e Luiz) com grande sucesso.

Adolfo Aizen, dono da editora Brasil-América/Ebal, conseguiu a proeza de editar o irreverente, indomável e dispersivo poeta e amigo Luiz Peixoto, em 1964, com capa de Monteiro Filho, prefácio de Álvaro Moreyra e apresentação de Luiz Edmundo.

Publicado o livro, Luiz Peixoto se assusta: a receptividade é enorme. Drummond elogia (Imagine! O Drummond gosta da minha poesia!); Di Cavancanti escreve artigos.

Até então, Luiz – com 75 anos – não dera maior importância a sua obra literária.

Luiz Peixoto fez várias viagens à Europa, estudando teatro na Espanha, Portugal e Alemanha.
Trabalhou no início da década de 1920 em Paris, como cenógrafo. Lá, montou várias peças, trazendo novas idéias, que revolucionaram o Teatro de Revista no Rio de Janeiro.

LUIZ PEIXOTO REVISTÓGRAFO

O Teatro de Revista foi um campo fértil para o talento de Luiz Peixoto. Nele, colocou a alma no palco, atuando como autor, cenógrafo, compositor, diretor, figurinista, diretor artístico, mas sobretudo como um homem voltado para a essência das coisas brasileiras, especialmente a música.
De tudo o que escreveu para o teatro, cerca de duzentas peças, a maioria foi revistas musicadas.
Teve inúmeros parceiros entre os quais Olegário Mariano, Ary Barroso, Ary Pavão, Freire Jr., Gilberto de Andrade, Geysa Boscoli, Walter Pinto e Carlos Bittencourt, com quem fez a famosa burleta “Forrododó”, com partituras de Chiquinha Gonzaga.
Mas seu maior e constante parceiro foi Marques Porto.
Essa dupla produziu pérolas do gênero como: “Secos e Molhados”, “Cangote Cheiroso”, “Cadê as Notas”, “Melo das Crianças”, “Dá no Couro”, “Mineiro com Botas”, “Pátria Amada”, “Pau-Brasil”, “Vai dar o que Falar”, “Prestes a Chegar”, “Guerra ao Mosquito”, “Banco do Brasil”, “Dá nela”…..

PRESTES A CHEGAR

– Estreia: Teatro Recreio, de dezembro de 1926 até abril de 1927.

Em dois atos e 28 quadros, esta revista foi recordista de permanência em cartaz, com mais de 200 representações, recebendo aplausos da crítica, que elogiou o luxo e a pompa da revista.
Criticava a nova moeda e o governo, passando pelo candidato a presidente Júlio Prestes, que representava a elite poderosa da época.
O título dava margem a outra interpretação, já que o outro Prestes, o Carlos, fazia uma marcha pelos sertões do Brasil e estava “prestes” a chegar ao Rio.
Destaque para a canção “Paulista de Macaé” e o quadro “O Cruzeiro”, fazendo chacota com a moeda nova, prometida e não implantada por Washinton Luís.

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