Giorgia Meloni, a ultradireitista que desponta como favorita para governar a Itália
Líder do partido neofacista Irmãos da Itália, ela seria a primeira premiê do país a comandar um governo de extrema-direita desde Mussolini.
Giorgia Meloni, em foto em Roma em janeiro de 2021, pode ser a próxima primeira-ministra da Itália. — (Foto: Guglielmo Mangiapane/ Reuters)
Preste atenção nela: a deputada Giorgia Meloni, de 45 anos, líder do partido neofacista Irmãos da Itália, desponta como favorita nas pesquisas para se tornar a próxima chefe de governo do país, nas eleições antecipadas de 25 de setembro.
Desde a sua fundação, em 2012, a legenda, de ideologia ultra radical, nacionalista e eurocética, nunca esteve tão perto do poder e agora lidera um grupo que engloba a Liga, de Matteo Salvini, e a Força Itália, de Silvio Berlusconi.
Essa coalizão ameaça a Itália, terceira maior economia da zona do euro, de inaugurar uma nova era, com o primeiro governo de extrema-direita desde Benito Mussolini. E com uma mulher, pela primeira vez, no comando do país.
Os três partidos se aproveitam da rasteira que a coalizão que sustentava o governo deu no primeiro-ministro Mario Draghi, antecipando as eleições. De um modesto resultado de 4,6% em 2018, o Irmãos da Itália lidera as pesquisas somando entre 21% e 25% das intenções de votos.
Meloni lançou-se candidata com o manjado slogan “A Itália e os italianos em primeiro lugar”, um déjà vu das campanhas de Donald Trump, Viktor Orbán, entre tantos outros do escopo ultradireitista. Abraça com afinco o combate aos imigrantes, ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, à ideologia de gênero, aos desmandos da União Europeia.
Em junho passado, num comício do parceiro espanhol de ultradireita Vox em Marbella, na Espanha, ela vociferou enfaticamente: “Sim à família natural! Não aos lobbies LGBT!”
Seu partido descende do neofascista Movimento Social Italiano, fundado por Giorgio Almirante, ex-ministro do Duce. Mas, agora, em plena ascensão, Meloni tenta se distanciar do rótulo de extremista e disfarçar-se de centro-direita, de olho no eleitor conservador, movido pelo descontentamento político.
Aos que a retratam como um perigo para a Itália, ela dissimula com ataques à esquerda e promete moderar o tom, mas não a sua essência. “Quero chegar ao governo apenas se houver condições para fazer coisas de centro-direita, com uma coligação que tenha uma visão muito clara e seja alternativa à esquerda”, explicou num tuíte.
A líder do Irmãos da Itália é ambivalente em relação a Vladimir Putin. Cautelosa, orientou os diretórios a evitar os extremos e a não fazer a saudação romana – braço direito estendido para o alto – que remete ao gesto hitlerista.
Não se engane com essa ladainha pseudomoderada: uma aliança entre Irmãos da Itália, Força Itália e Liga – que reuniria a trinca Meloni, Berlusconi e Salvini – soma 40% dos votos, de acordo com a última pesquisa realizada por Politico Enquetes, o suficiente para garantir uma maioria confortável no Parlamento italiano.
(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/blog/sandra-cohen/post/2022/07/28 – MUNDO / Por Sandra Cohen – 28/07/22)