A primeira revista abertamente gay no país

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A primeira seção gay da imprensa brasileira

Celso Curi, titular da “Coluna do Meio”, a primeira seção gay da imprensa brasileira, editada pela Última Hora de São Paulo. Colunista e editor de artes espetáculos do Jornal Última Hora, na década de 70; criador do Espaço OFF, sala para apresentação de espetáculos experimentais.
(Fonte: Veja, 16 de Junho de 1976 – Edição n° 406 – Datas – Pág; 77)

As primeiras vozes da imprensa homossexual no Brasil

A representação da figura do gay na imprensa brasileira precede o surgimento de publicações voltadas para o gênero. A primeira pornografia homoerótica brasileira data de 1914, com o aparecimento do conto O Menino do Gouveia, assinado pelo pseudônimo de Capadócio Maluco e editado pela revista Rio Nu. Na época, “Gouveia” era uma gíria utilizada para denominar os homens velhos que curtiam garotões. Mas antes, no início do século, os cartunistas já desenhavam os homens efeminados sob forma cômica. Em 1904 a revista humorística O Malho publicou uma charge e um poema irônico – intitulado Fresca Theoria – satirizando os homens que se reuniam na Praça Tiradentes com o propósito de encontrarem outros homens para fins sexuais ou românticos. Popularmente conhecido como o Largo do Rossio, o local é um dos mais antigos pontos de encontro do Rio de Janeiro.

A mídia alternativa passou a representar a voz das minorias na imprensa brasileira e teve como característica principal a circulação de centenas de jornais e periódicos. Dentre os que veicularam nesse período, O Snob foi a primeira publicação voltada para o público homossexual. Distribuído entre amigos e conhecidos na Cinelândia e em Copacabana, o jornal começou suas atividades em 1963, permanecendo até 1969, tornandose o mais duradouro e influente periódico caseiro do Rio de Janeiro. Fundado por Agildo Guimarães, O Snob era uma espécie de colunismo social, que oferecia acesso ímpar ao mundo gay das “bichas”, “bonecas” e “bofes”. “Bichas” referia-se aos gays mais velhos, geralmente assumidos; “bofes” eram os homens mais discretos, alguns deles casados, que não assumiam a homossexualidade; “bonecas” era o termo empregado para se referir aos que se travestiam nas festas promovidas pelos grupos.

No Rio de Janeiro, o jornal O Beijo (1977) trouxe a discussão da sexualidade como o principal tema, lançando o primeiro ataque contra o preconceito como a mídia tratava os homossexuais. Entretanto, O Beijo teve apenas seis edições veiculadas. Com exceção das publicações pornográficas, a Sui Generis foi a primeira revista abertamente gay do país. A expressão utilizada para se referir à Sui Generis como a primeira revista abertamente gay no país consiste no fato dela ser o primeiro veículo moderno com características de revista direcionada para homossexuais. Os outros que surgiram antes dela trabalhavam com o formato de jornal.

Paralelos ao Lampião outros veículos também traziam os homossexuais para a imprensa, como era o caso da Coluna do Meio, publicada diariamente no jornal Última Hora, de São Paulo. Produzia pelo jornalista Celso Curi, a coluna tinha cunho informativo, social e burlesco. Curi brincava com personagens de criação própria, além de contar piadas e noticiar acontecimentos sociais. Nesse espaço, publicava também o Correio Elegante, dirigida os gays, com cartas e opiniões gerais. A Coluna do Meio durou até o final de 1977, quando a própria direção do jornal extinguiu o espaço por pressão de grupos econômicos, leitores e processos judiciários. No Rio de Janeiro, o jornal O Beijo (1977) trouxe a discussão da sexualidade como o principal tema, lançando o primeiro ataque contra o preconceito como a mídia tratava os homossexuais. Entretanto, O Beijo teve apenas seis edições veiculadas.

(Fonte: www.bocc.ubi.pt – Joseylson Fagner dos Santos/ Maria do Socorro Furtado Veloso)

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