PRIMEIRA TRANSMISSÃO A CORES DA TV BRASILEIRA
Morre o ex-ministro Hygino Corsetti.
Gaúcho é lembrado por transmissão pioneira em cores.
O caxiense Hygino Corsetti, 85 anos, que nos anos 70 se destacou à frente do Ministério das Comunicações por avanços como a primeira transmissão a cores da TV brasileira, na Festa da Uva de 1972, morreu à 1h20min de ontem, no Rio, onde residia desde que deixou o governo.
Há um ano, o ex-ministro lutava contra o câncer. Ele passou o último mês hospitalizado, segundo familiares.
Dono de um apartamento em Caxias do Sul, Corsetti costumava passar os verões na cidade serrana. Sua última visita foi no início de 2002. Na época, ele relembrou os contratempos que cercaram a transmissão que se transformou num marco da TV brasileira, em 19 de fevereiro de 1972: o desfile de carros alegóricos na abertura da Festa da Uva, em Caxias.
A escolha desagradou aos cariocas, que esperavam que as primeiras imagens coloridas fossem as do Carnaval do Rio. Corsetti não cedeu às pressões. A segunda transmissão em cores, no dia seguinte, também foi de Caxias do Sul: um amistoso entre a Associação Caxias de Futebol e o Grêmio.
Corsetti também discordou na ocasião da Rede Globo, interessada em trazer para o Brasil o sistema NTSC, utilizado pelos americanos, mas o então ministro preferiu o sistema Pal-M, dos alemães, que considerava mais avançado para a transmissão em cores.
Titular da pasta das Comunicações de outubro de 1969 a março de 1974, no governo do presidente Emílio Garrastazu Médici, Corsetti foi responsável por outros avanços significativos nessa área, como a criação da Telebrás.
O historiador Mário Gardelin, amigo do ex-ministro, afirma que a passagem do caxiense pelo governo abriu uma nova página na história nacional, principalmente ao estimular a comunicação telefônica com outros países.
Celso Corsetti lembra que foi seu tio quem modernizou a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT):
– Naquele tempo, se você mandasse uma carta para São Paulo, tinha de rezar para que chegasse em 15 dias. Ele organizou e reformulou os correios, transformando-os no que são hoje, o órgão público mais confiável do país.
Hygino Corsetti deixa a mulher, Norah, 81 anos, e a filha Maria Isabel, ambas residentes no Rio. O corpo será cremado às 11h de hoje no Cemitério do Caju, no Rio.
(Fonte: Jornal Zero Hora – 26 de abril de 2004 – GENTE – Edição nº 14127)