Abgar Renault, poeta e tradutor mineiro. Membro da Academia Brasileira de Letras

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Abgar Renault, o último poeta modernista

 

Abgar de Castro Araújo Renault (Barbacena, 15 de abril de 1901 – Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1995), poeta e tradutor mineiro, escritor e membro da ABL (Academia Brasileira de Letras). Membro da ABL, Renault foi ministro do Tribunal de Contas da União e integrou o Conselho Federal de Educação.

 

 

Abgar Renault –  (Foto: Escritas.org / DIREITOS RESERVADOS)

 

 

Seu último livro, de 1994, é Poesia – Tradução e Versão, com traduções de poetas ingleses.

Mineiro de Barbacena, poeta, ensaísta e tradutor especializado em Shakespeare, Abgar Renault foi contemporâneo de Carlos Drummond de Andrade e integrou-se ao grupo modernista.

Renault deixou 17 livros publicados e entrou para a Academia Brasileira de Letras em 68. Foi secretário de Educação de Minas Gerais, ministro da Educação e Cultura no governo Café Filho (54 a 55) e integrante do Conselho Federal de Educação por 12 anos.

 

 

 

Min. Abgar de Castro Araújo Renault (1967-1973)

 

 

O ministro Abgar de Castro Araújo Renault nasceu no dia 15 de abril de 1901 na cidade de Barbacena (MG). Filho de León Renault e Maria de Castro Renault, desde cedo construiu uma trajetória de grande dedicação aos estudos, o que lhe rendeu grande notoriedade intelectual ao longo de sua vida.

Seu pai trabalhava como professor de filhos de famílias ilustres em Minas Gerais, o que fez do contato com as letras e a ciência uma rotina desde sua infância. Fez seus primeiros estudos com o próprio pai, em sua cidade natal, de onde seguiu para Belo Horizonte e fez o curso secundário no Colégio Arnaldo.

Em seguida, no ano de 1920, ingressou na Faculdade de Direito de Minas Gerais onde se tornou bacharel em 1924. Nesse percurso acadêmico estudou também Pedagogia, Língua e Literatura Estrangeira, além de ter começado a construir os conhecimentos que o levariam a participar ativamente do movimento modernista brasileiro.

Logo após sua formatura, trabalhou como professor em vários colégios de Belo Horizonte até se tornar docente em 1926 do ginásio no estado de Minas Gerais. No ano seguinte, Abgar Renault deu seu primeiro grande passo na vida pública ao ser eleito deputado estadual em Minas Gerais, cargo pelo qual foi reeleito em 1930, mas não pôde terminar em razão da revolução sucedida naquele ano e que suprimiu a existência dos órgãos legislativos estaduais.

Entre 1931 e 1933, chefiou a Secretaria de Interior e Justiça de Minas Gerais, cargo que exerceu ao mesmo tempo em que ministrava aulas particulares. Candidatou-se em 1934 ao cargo de deputado federal, alcançando apenas a suplência. No mesmo ano mudou-se para o Rio de Janeiro onde desempenhou algumas atividades ligadas à educação até se tornar catedrático de Inglês no Colégio Pedro II e Lente de Literatura Inglesa na antiga Universidade do Brasil.

A essa altura, Abgar Renault já era uma notoriedade nos assuntos ligados à educação e passou a ocupar em 1937 a diretoria do Departamento Nacional de Educação. Em 1939 o então ministro da Justiça Francisco Campos convidou-o para participar da redação final do Código Penal e do Código de Processo Civil.

Em 1940 retornou ao Departamento Nacional de Educação como diretor-geral do órgão. Nos anos seguintes deu curso a sua trajetória nas questões educacionais se notabilizando internacionalmente a respeito de questões inerentes à educação brasileira.

Em meio a essa trajetória, Abgar Renault participou constantemente de eventos e outras discussões relativas a questões literárias. Em uma delas, o I Congresso Brasileiro de Escritores, evento idealizado por literatos como Jorge Amado, Aníbal Machado e Oswald de Andrade, discursou ativamente contra o cerceamento das liberdades impostas pelo Estado Novo e em favor da democracia.

Em 1947 retornou a Minas Gerais, tornando-se membro da Academia Mineira de Letras. No ano seguinte tornou-se secretário de Educação do governo Milton Campos e fez parte da criação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Sua ligação com a Unesco foi intensa nos anos seguintes à sua criação, tendo participado de várias assembleias gerais dessa entidade nas décadas de 1960, 1970 e 1980.

Retornou ao Rio de Janeiro no início da década de 1950 e lecionou inglês na Pontifícia Universidade Católica (PUC) por alguns anos até ser convidado, em novembro de 1955 pelo então presidente da República Nereu Ramos, para o cargo de ministro da Educação e Cultura. Sua gestão nessa pasta foi curta como a própria gestão do presidente Nereu Ramos, e em janeiro do ano seguinte já se desligou do Ministério e assumiu a Secretaria de Educação de Minas Gerais no governo de Francisco Bias Forte.

Ainda no ano de 1956, Abgar Renault passou a integrar a Comissão Internacional do Currículo Secundário da Comissão da Unesco, a qual colaborou até 1959, mesmo ano em que deixou a Secretaria de Educação de seu estado.

No início da década de 1960, tornou-se professor visitante da Universidade de Nova Iorque e foi congratulado com o título de Membro Honorário do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Stanford.

Nos anos seguintes suas atividades internacionais ligadas à educação se tornaram muito frequentes, tendo sido consultor da Unesco em 1961 na conferência sobre necessidades educacionais da África e participante assíduo das conferências do Bureau International d’Education realizadas em Genebra, Suíça; no Brasil, foi membro do Conselho Federal de Educação, chegando a se tornar vice-presidente deste órgão.

Em 14 de julho de 1967, o presidente da República, Artur da Costa e Silva, nomeou Abgar Renault para o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). No dia 18 do mês seguinte, houve a cerimônia de posse onde o ministro Pereira Lira discursou em sua homenagem exaltando suas qualidades intelectuais e suas virtudes enquanto homem público, afirmando que sua indicação para esta Casa só engrandecia a importância desta Corte de Contas.

Em 1969, o ministro Abgar Renault tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras ocupando a cadeira número 12. Em meio a notoriedade que alcançou enquanto intelectual, também havia conquistado respeito como poeta. Foi contemporâneo de Carlos Drummond de Andrade e participante ativo do movimento modernista de Minas Gerais. Mesmo convivendo com um grupo de poetas surrealistas modernos, sua obra possui caráter específico e original e não possui ligação direta com qualquer escola poética.

Junto à importância de sua produção poética, Abgar Renault se destacou também como grande tradutor. Era um ilustre especialista em William Shakespeare e traduziu para o português grande parte de sua obra além da de outros poetas ingleses, franceses, alemães, espanhóis e norte-americanos.

Em 1971 o ministro Abgar Renault tornou-se presidente do TCU e estabeleceu, em seu discurso de posse, como uma das metas fundamentais de sua gestão o fortalecimento do TCU nos estados por meio do aumento do número de servidores nas delegações dos estados.

Ao longo de sua gestão, Renault demonstrou-se interessado em fortalecer uma perspectiva do controle que visse na “utilidade social” o parâmetro fundamental para a fiscalização em detrimento do aspecto técnico-contábil.

Aposentou-se do cargo de Ministro do TCU em fevereiro de 1973. Perto da sua aposentadoria, realizou uma palestra onde revelou suas reflexões acerca da relação paradoxal do cargo de ministro de TCU: “É duro traçar uma linha divisória para todos aceitável, entre a irredutível severidade de cumprirmos o nosso dever e a irrecusável conveniência de não criarmos crises que redundariam em lesão grave para a vida administrativa e política da nação.

Em 1976 retornou ao Conselho Federal de Educação, onde ficou por mais seis anos. Nos anos seguintes continuou a trabalhar ativamente em projetos da UNESCO, dentre eles a comissão consultiva do The World Book Encyclopedia Dictionary e da Comissão Internacional de Alfabetização de Adultos. Além disso, foi diretor do Centro Regional de Pesquisas Educacionais João Pinheiro e presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa.

Como escritor, poeta, ensaísta e tradutor, Renault teve 17 obras publicadas. Era considerado um dos melhores tradutores de poesia do inglês para o português, especializado em Shakespeare e deixou um número considerável de originais inéditos.

Sua erudição rendeu-lhe ao longo da vida várias homenagens e condecorações oficiais, nacionais ou estrangeiras, como a Ordem Nacional do Mérito, Commander of the British Empire e Legião de Honra da França.

Após uma vida agitada e de várias facetas o ex-ministro Abgar Renault faleceu no Rio de Janeiro dia 31 de dezembro de 1995, aos 94 anos de idade.

 

Renault morreu no dia 31 de dezembro de 1995, estava internado na Casa de Saúde São José para tratamento de uma pneumonia dupla, aos 94 anos, de insuficiência respiratória, no Rio de Janeiro.

(Fonte: Veja, 10 de janeiro de 1996 – Edição 1426 – Datas – Pág; 72)

(Fonte: http://portal.tcu.gov.br – Tribunal de Contas da União TCU)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/1/02/brasil – FOLHA DE S.PAULO – BRASIL – DA SUCURSAL DO RIO – São Paulo, 2 de janeiro de 1996)

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