Abimael Guzmán, fundador do grupo Sendero Luminoso, no Peru
Abimael Guzmán (Tambo, 3 de dezembro de 1934 – Lima, 11 de setembro de 2021), líder histórico e fundador do Sendero Luminoso, grupo guerrilheiro de inspiração maoísta que atuou no Peru nas décadas de 1980 e 1990.
Chefe histórico da guerrilha maoísta Sendero Luminoso, o líder guerrilheiro era ex-professor universitário de filosofia, passou seus últimos 29 anos na prisão por ter sido o responsável intelectual de um dos conflitos mais sangrentos da América Latina, com 70 mil mortos e desaparecidos em duas décadas (1980-2000), de acordo com dados da Comissão da Verdade e Reconciliação, de 2003.
Ele abraçou o maoísmo e os métodos do líder cambojano Pol Pot e forjou a imagem de um revolucionário duro e implacável disposto a ordenar o massacre dos habitantes de um povoado nos Andes peruanos como punição por não apoiá-lo.
Abimael Guzmán ganhou destaque quando, no início dos anos 1960, deixou a cadeira de filosofia na Universidade San Cristóbal de Huamanga, em Ayacucho, região do sudeste do Peru onde a pobreza se tornou uma marca indelével.
Sonho de um caminho luminoso
Em Ayacucho criou e promoveu seu partido, cuja tarefa era “construir o comunismo ao longo do caminho luminoso de José Carlos Mariátegui” (pensador peruano, criador do Partido Socialista do Peru). Daí a origem de seu nome.
Guzmán cultivou o culto à personalidade e aqueles que o conheciam deviam tratá-lo como “presidente Gonzalo”.
A arma de Guzmán era sua própria interpretação do marxismo, que transformou seus seguidores em fanáticos de suas ideias.
O “grande salto à frente” começou em 1979, quando ele passou à clandestinidade e anunciou que estavam reunidas as condições para fazer uma revolução do campo à cidade.
Em 17 de maio de 1980, ele trocou os livros por dinamite. Naquele dia marcou o Peru com fogo. Sendero iniciou a luta com um ato simbólico: queimou urnas em uma cidade andina às vésperas da eleição que encerrou 12 anos de ditadura militar.
SENDERO LUMINOSO
A organização foi fundada na década de 1960 por estudantes e professores de universidades do Peru. Na época, Abimael Guzmán era professor de filosofia na Universidade Nacional de San Cristóbal de Huamanga, em Ayacucho.
O grupo realizou o 1º atentado em 17 de maio de 1980, ao queimar urnas que seriam usadas em uma eleição num vilarejo de Ayacucho.
Segundo estimativas da Comissão da Verdade e Reconciliação, criada para investigar o que aconteceu durante os anos de atuação da guerrilha, os conflitos entre o Sendero Luminoso e o governo peruano deixaram quase 70 mil mortos entre as décadas de 1980 e 2000.
A Comissão determinou que Guzmán foi responsável pela morte de 30.000 peruanos assassinados pelo Sendero Luminoso.
Em 1992, ele foi capturado e depois condenado à prisão perpétua por vários crimes, entre eles um atentado que deixou 25 mortos e 155 feridos em julho do mesmo ano, em Lima.
Em 2006, durante um julgamento cujas audiências duraram mais de um ano, um de seus lados desconhecido foi revelado quando seu tenente Oscar Ramírez, o camarada ‘Feliciano’, o acusou de ser um “covarde” e de não conseguir puxar o gatilho de uma arma.
“Um covarde, alcoólatra e um chorão”, disse ‘Feliciano’, que liderou uma facção radical do Sendero Luminoso que continuou a guerra após a prisão de seu líder, desrespeitando sua ordem de acabar com o conflito.
Abimael Guzmán faleceu em 11 de setembro de 2021, aos 86 anos na prisão de segurança máxima onde cumpria pena de prisão perpétua desde 1992.
Ele estava internado desde julho de 2021, quando foi transferido de uma penitenciária de segurança máxima para um hospital por problemas de saúde, em Lima. Cumpria pena de prisão perpétua desde os anos 1990.
No Twitter, o presidente do Peru, Pedro Castillo Terrones, eleito em junho, comentou a morte do líder da guerrilha e disse que a posição de seu governo de condenar o terrorismo é “firme” e “irrenunciável”.
“Morreu o líder terrorista Abimael Guzmán, responsável pela perda de um número incontável de vidas dos nossos compatriotas. Nossa posição de condenar o terrorismo é firme e irrenunciável. Apenas na democracia nós construiremos um Peru de justiça e desenvolvimento para o nosso povo”, afirmou.
“O dr. Abimael Guzmán faleceu, a Marinha informou sua esposa Elena Yparragurre sobre a morte”, disse o advogado Alfredo Crespo por telefone.
“Não sei a que horas ocorreu a morte. Ela pediu às autoridades que entregassem os restos mortais”, acrescentou.
Guzmán terminou seus dias como o prisioneiro mais famoso do Peru, sem concretizar seu plano de reproduzir no país com sangue e fogo o modelo de seu ícone Mao.
A autoridade penitenciária afirmou em nota que a morte de Guzmán ocorreu “no sábado, 11 de setembro, aproximadamente às 06h40 (8h40 de Brasília) no Centro de Detenção de Segurança Máxima da Base Naval de Callao (…) devido a complicações em seu estado de saúde”.
A esposa de Guzmán está presa na penitenciária Virgem de Fátima, em Lima, condenada à prisão perpétua por terrorismo. Ela era a número dois no Sendero Luminoso.
A morte do líder guerrilheiro foi anunciada um dia antes do 29º aniversário de sua captura, em 12 de setembro de 1992.
(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS / BRASIL / por Poder360 – 11.set.2021)
(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/mundo – NOTÍCIAS / MUNDO / RFI / por AFP – 11/09/2021)