Aimé Césaire (Basse-Pointe, Martinica, 26 de junho de 1913 – Fort-de-France, 17 de abril de 2008), ideólogo do conceito de negritude, defensor maior das raízes africanas e militante anti-colonialista, Césaire foi ainda um dos maiores poetas surrealistas do mundo, de acordo com André Breton.
Depois de se destacar com um aproveitamento escolar brilhante na Martinica, conquista uma bolsa que lhe dá acesso a Paris, onde rapidamente se interessa e escreve sobre as raízes africanas. Na capital da colónia do seu país funda o jornal LÉtudiant noir, em 1934. É nesta publicação que aparece, pela primeira vez, o conceito de negritude que irá influenciar tanto políticos como intelectuais por todo o mundo numa defesa crítica da África negra e sua independência. Em 1937 regressa a Martinica, onde casa, lecciona na área de Letras e funda a revista Tropiques, que configura mais um esforço na defesa e identificação da identidade da Martinica.
Durante a II Guerra Mundial, André Breton desloca-se ao arquipélago caribenho onde trava contacto pessoal com Césaire, por cuja poesia fica fascinado, prefaciando o seu livro Les Armes Miraculeuses. Após uma viagem ao primeiro país libertado do colonialismo, que conquistou a sua independência por uma revolta dos escravos, o Haiti, Aimé Césaire dedica-se à política praticamente até ao fim da sua vida: é eleito presidente da câmara de Fort-de-France e deputado, entre 1945 e 2001, primeiro pelo Partido Comunista Françês e, depois da desilusão com a União Soviética, em 1956, pelo Partido Progressista da Martinica de que é fundador e cujo programa prevê a libertação do jugo francês e a instauração de um socialismo autónomo na Martinica fora da esfera soviética.
Apesar de, em 1946, ser o relator da lei que eleva à categoria de Departamentos Franceses várias das colónias francesas (o que representou alguma autonomia real mas que lhe mereceu duras críticas dos independentistas), Césaire vai manter até ao fim da sua vida uma forte e radical oposição ao colonialismo e ao racismo europeus, encabeçando várias lutas políticas e intelectuais nesse sentido.
Sempre ligado ao surrealismo, Césaire produz uma extensa obra poética traduzida em diversos países, sem nunca deixar de tratar, em diversas publicações, as questões da negritude, colonialismo, racismo e identidade africana. Sobre o homem, o poeta e o político foram produzidas imensas obras, desde filmes a biografias e ensaios sobre os livros.
(Fonte: http://www.buala.org/pt/autor – Cultura Contenporânea Africana)
(Fonte: Veja, 12 de março de 1975 Edição n° 340 LITERATURA/ Por Leo Gilson Ribeiro Pág; 92/93)