A despedida de um imperador
Akiro Kurosawa (Tóquio, 23 de março de 1910 Tóquio, Setagaya, 6 de setembro de 1998), cineasta japonês. Deixou mais de trinta filmes, vários deles considerados obras-primas, como Os Sete Samurais (1954), Trono Manchado de Sangue (1957) e Ran (1985) esses dois últimos adaptações de Macbeth e Rei Lear, de Shakespeare.
Descendente de um clã de samurais, Kurosawa foi fortemente influenciado pela cultura ocidental. O interesse pelo Ocidente fez com que fosse muito criticado em seu país. Fora do Japão, ele era aclamado como nenhum de seus conterrâneos: foi o único diretor a receber duas vezes o Oscar de melhor filme estrangeiro, por Rashomon (1950) e Dersu Uzala (1975).
Em 1990, recebeu um Oscar especial pelo conjunto de sua obra. Ganhou Leões de Ouro e Prata no Festival de Veneza e a Palma de Ouro em Cannes. Em 1971, por causa de dificuldades financeiras, ele tentou suicídio cortando os pulsos. Kurosawa era uma espécie de embaixador.
Seus filmes, fossem épicos como Kagemusha (1980) ou intimistas como Rapsódia em Agosto (1991), foram uma ponte entre o Ocidente e a melhor tradição da cultura oriental. No domingo 6, o “imperador do cinema japonês” morreu em Tóquio, vítima de um derrame. Akira Kurosawa tinha 88 anos.
(Fonte: Veja, 16 de setembro de 1998 Edição n° 1564 ANO 31 N.°37 – DATAS Pág; 39)