Alcindo Pereira Gonçalves, general de conturbada carreira pública, foi secretário de Segurança Pública do Paraná em 1978, e diretor regional do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), teoricamente responsável pelos parques nacionais, entre eles o Parque Nacional de Sete Quedas.
Catarinense de Florianópolis, na reserva desde 1962, Gonçalves comandou a Polícia Federal no Paraná e em Santa Catarina, durante o governo Medici, e foi colega de turma do presidente João Figueiredo e do governador Ney Braga na Escola do Realengo e na arma da Cavalaria. Mas sua longa amizade de quarenta anos com Ney Braga foi abalada em 1978, quando proclamou sua candidatura a governador do Estado. Escolhido para o cargo, Braga marginalizou Gonçalves.
Em sua conturbada carreira pública, Gonçalves envolveu-se em 17 de janeiro de 1982, na tragédia do salto de Sete Quedas, na fronteira do Paraná com o Paraguai, da qual despejou na enxurrada, 25 metros abaixo, cerca de sessenta turistas, após uma velha ponte se romper de vez, bem no meio de seus frágeis 37 metros, de 65 anos que ligava dois altos rochedos, morrendo 32 pessoas, e, na qual cometeu o disparate de atribuir a culpa pela tragédia no parque às próprias vítimas.
“Eles não observaram o limite de peso da ponte”, afirmou o general, certamente por desconhecer a inexistência de avisos sobre o limite de peso da ponte.
Desde junho de 1981,quando o presidente João Figueiredo extinguiu o Parque Nacional de Sete Quedas, as comportas do canal de desvio foram fechadas em 13 de outubro de 1982, e começou a ser formado o reservatório da Usina de Itaipu. Em novembro, com o enchimento do lago principal da represa, o complexo de cachoeiras desapareceu. Restou alguma coisa a ser vista, e as pessoas continuaram indo ao local que abrigava o Parque. Em janeiro de 1983, uma passarela que não sofria mais manutenção, situada sobre o salto 14, desabou, jogando dentro da massa de água e matando as 32 pessoas que estavam sobre ela, na intenção de desfrutar a última visão do local. E ironicamente, acabou sendo a última visão que essas pessoas tiveram.
A bizarra declaração do general não foi o primeiro deslize de sua conturbada carreira pública. Em março de 1978, quando era secretário de Segurança Pública do Paraná, ele admitiu, numa entrevista coletiva sobre a prisão ilegal do professor Paulo Gomes de Oliveira pelo DOPS, que “faria um sequestro se estivesse em jogo a segurança nacional”. Em outro deslize, acusou o Exército pelo “sequestro” do professor.
(Fonte: Veja, 27 de janeiro de 1982 – N° 699 – BRASIL – Pág: 20/22)
(Fonte: https://www.oeco.org.br – Parque Nacional de Sete Quedas / Por De Maísa Guapyassú – 26 setembro 2007)