Aldo Lotufo (Cuiabá, 16 de janeiro de 1925 – Rio de Janeiro, 17 de setembro de 2014), primeiro-bailarino do Teatro Municipal por três décadas, ele foi o primeiro a dançar a versão completa do ‘Lago dos cisnes’ no Brasil, em 1959
Aldo Lotufo se tornou famoso, no fim dos anos 1950, como partner da primeira-bailarina Berta Rosanova (1930-2008). A dupla dançou os papéis principais da primeira montagem completa, no Brasil, de “O lago dos Cisnes”, em 1959. Até então, dançava-se excertos de balés, espetáculos picados. Lotufo também foi o primeiro brasileiro a dançar a integral de “Giselle” no Brasil.
O bailarino nasceu em Cuiabá, em 16 de janeiro de 1925, filho de Francisco Lotufo, imigrante italiano, e de Elvira, de origem espanhola. O interesse pela arte foi despertado aos 12 anos, quando assistiu a um espetáculo de fim de ano de uma escola, em Cuiabá, no qual uma de suas irmãs dançava um minueto.
Aos 19 anos, veio para o Rio de Janeiro, a fim de frequentar o curso preparatório para a carreira de arquitetura. Chegou a se formar na Faculdade Nacional de Arquitetura (em 1949), mas nos dois últimos anos do curso já dividia seu tempo com a dança — em 1947, começou a estudar no Ballet da Juventude.
Em agosto de 1948 apresentou-se pela primeira vez em público, atuando em Rei-Sol, balé em homenagem a Luís XIV, com coreografia de Vaslav Veltchek. No início de 1950 passou a fazer parte do Corpo de Baile do Teatro Municipal, iniciando sua atuação naquele mesmo ano, dia 12 de abril, no bailado “Noite de Valpurgis“, do último ato da ópera “Fausto”.
Lotufo dançou com várias gerações de primeiras-bailarinas do Municipal, de Berta, nos anos 1950, passando por Eleonora Oliosi, nos anos 1960, e chegando a Nora Esteves nos anos 1970.
— Era um bailarino clássico, romântico, muito limpo, muito consciencioso e honesto. Um bailarino nobre — diz Tatiana Leskova, que foi sua contemporânea no Municipal, com quem dançou “Romeu e Julieta”, “Les presages”, entre outros balés.
“Partner, diretora e amiga”, Tatiana conta que nos últimos anos, apaixonado por música e ópera, ele continuou a frequentar o teatro, “sempre na primeira fila”. E lembra-se que foi o russo Léonid Massine que o alçou à categoria de primeiro-bailarino, em 1955, quando veio montar no Brasil seu balé “Les presages” com a étoile da Ópera de Paris Yvette Chauviré. Depois que parou de dançar, nos anos 1980, Lotufo continuou atuando como professor e coreógrafo.
Paulo Melgaço, professor de História da Dança na Escola Maria Olenewa, observa que a parceria de Aldo Lotufo com Berta Rosanova poderia ser comparada à de duplas famosas do balé.
— Eles foram o grande casal brasileiro da dança, o que se chama de par perfeito. Se o balé daqui tivesse uma grande divulgação, como o do exterior, poderiam ser comparados a Margot Fonteyn e Rudolf Nureyev.
Aldo Lotufo morreu dia 17 de setembro de 2014, aos 89 anos, de complicações causadas por uma pneumonia, no hospital Casa de Portugal, no Rio Comprido, Zona Central da cidade do Rio de Janeiro.
(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura – 13964411 – CULTURA – POR O GLOBO – 17/09/2014)