Alex Vallauri, artista plástico e grafiteiro italiano, nascido na Etiópia e radicado no Brasil

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Pioneiro do grafite e da arte pop no país

uri prepara um de seus trabalhos (Foto: Divulgação)

Alex Vallauri prepara um de seus trabalhos (Foto: Divulgação)

 

Alex Vallauri (Asmara, 9 de outubro de 1949 – São Paulo, 27 de março de 1987), artista plástico e grafiteiro italiano, nascido na Etiópia, se mudou para Buenos Aires, Santos e, por fim, São Paulo e radicado no Brasil.

Alex Vallauri acreditava no poder do brega e chegou à estética estridente que o consagrou como pioneiro do grafite e da arte pop no país com um foco: extrair do mundo ao redor altas doses de exagero e quebrar tabus usando todas as cores.

Ele, que se dizia um “afro-italiano, meio portenho, meio brasileiro”, teve uma “vida ‘on the road'”.

Mas antes de invadir as ruas, estudou gravuras em Estocolmo, na que era então a escola mais renomada do gênero. Em Nova York, conheceu Keith Haring, Jean Michel Basquiat e Andy Warhol, no olho do furacão da arte pop.

“Estava achando que a vida era uma luta sem objetivos”, escreveu numa carta. “Aí, de repente, vi as Marilyns de Warhol, com seus sorrisos cansados a me olhar”.

Warhol, aliás, adorou uma das primeiras versões que Vallauri fez das colunas gregas com frangos ou perus assados, um tema que viria a repetir à exaustão em sua obra.

 

'Coluna com Peru Assado', dos anos 1980, que está no MAN

‘Coluna com Peru Assado’, dos anos 1980, que está no MAN

 

Era a síntese que sua prima, Beatriz Rota-Rossi chamava de “visão cheia de ternura do que se considera a ‘breguice’ de um povo” e seu “profundo desprezo pela hipocrisia burguesa” – motor de obras mais políticas, como a boca fechada por alfinete que fez durante a ditadura ou araras em prol das Diretas Já.

De fato, se Vallauri soube como ninguém construir uma versão nacional do pop, sua obra está também ancorada na técnica da gravura e numa tradição expressionista que contrasta com a irreverência de tudo o que fez.

Há nove anos, empunhando tubos de tinta spray e moldes vazados, Vallauri passou a enfeitar as ruas e muros de São Paulo com seus desenhos coloridos, que se destacavam na onda dos grafites pela qualidade artística e aguçado senso de humor.

Suas imagens, que reproduziram o mágico Mandrake, um pião com estrelas ou a irreverente Rainha do Frango Assado, ganharam também as ruas do Rio de Janeiro e de Nova York. Os grafites de Vallauri, feitos a princípio na calada da noite, ganharam o espaço das galerias. Em 1985, seus trabalhos foram um dos grandes destaques nacionais da 18.ª Bienal de São Paulo.

Ao morrer, Vallauri já tinha conquistado certa fama, grafitando muros de Nova York e espalhando por São Paulo suas botas de salto alto, araras e telefones. Com isso, tornou-se o que alguns críticos chamam de um “artista do povo”.

Mas Vallauri trilhou uma rota indireta para estar próximo do público, primeiro dominando a técnica para depois adotar ícones que sintetizam sua obra, como frangos assados, esqueletos e botas.

Freddie Mercury, vocalista do Queen, aparece noutra gravura que exacerba os contrastes entre fundo e figura.

Gravura em que Alex Vallauri retratou Freddie Mercury (Foto: Divulgação)

Gravura em que Alex Vallauri retratou Freddie Mercury (Foto: Divulgação)

O artista morreu dia 27 de março de 1987, aos 37 anos, de pneumonia intersticial, em São Paulo. Vallauri havia contraído o vírus da Aids em 1985.

(Fonte: Veja, 8 de abril de 1987 -– Edição 970 -– DATAS –- Pág; 95)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/04/1263143- ILUSTRADA/ Por Silas Martí – 16/04/2013)

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