Alexander Glazunov, compositor e maestro russo

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Alexander Glazunov (São Petersburgo, 10 de agosto de 1865 – Neuilly-sur-Seine, 21 de março de 1936), compositor e maestro russo cujo grande azar foi ter ficado espremido entre duas poderosas gerações: a dos compositores nacionalistas do período romântico (Mussorgski, Rimsky-Korsakoff, Borodin) e a dos modernos, esplendorosamente estrelada por Sergei Prokofieff (1891-1953).

Glazunov atuou como diretor do Conservatório de São Petersburgo entre 1905 e 1928, e também foi fundamental na reorganização do instituto para o Conservatório de Petrogrado, em seguida, no Conservatório de Leningrado, após a Revolução Bolchevique. Ele continuou dirigindo o Conservatório até 1930, apesar de ter deixado a União Soviética em 1928 e não retornou.

Como música, a de Glazunov sofre influências variadas, que vão de seu ex-mestre Korsakoff a Piotr Tchaikóvski. Mas, mesmo sem usar voos altos, o compositor era indiscutivelmente inspirado – como prova seu “Concerto para Violino” (escrito em 1905), uma obra-prima do romantismo atrasado. Já o “Chant du Menestrel”, de 1900, é ainda mais romântico e quase episódico, baseando-se em belas e fáceis melodias e numa habilidade consumada. O menestrel – no caso o violoncelo – canta envolventemente como respaldo de um bem-urdido tecido orquestral. Glazunov faleceu em Neuilly-sur-Seine (próximo de Paris) aos 70 anos.

Glazunov foi professor de Dmitri Shostakovitch, nascido em 25 de setembro de 1906, e tido oficialmente, como o maior compositor e uma glória nacional da União Soviética. Dissidente, numa época em que tal rótulo não tinha virado moda, e acidamente criticado pelos teóricos do “realismo socialista” – que viram nele excesso de “formalismo” -, Shostakovich acabou invertendo a corrente.
Mas nem por isso Shostakovich deixou, de fato, de ser “formalista” – embora num outro sentido. Percebe-se na música de Shostakovich um nítido esforço cerebral, mais uma vontade de construir do que uma luminosa centelha de gênio. Assim, seu “Concerto n.° 2” para violoncelo, após um denso primeiro movimento, acaba caindo num artesanato de sabor quase banal. Shostakovich faleceu em 9 de agosto de 1975, em Moscou.

(Fonte: Veja, 4 de maio de 1977 – Edição n° 452 – CONCERTOS/ Por Olívio Tavares de Araújo – Pág; 110)

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