Alexander Lenard (Budapeste, 9 de março de 1910 – Dona Ema, Santa Catarina, 14 de abril de 1972), escritor, poeta, médico, antropólogo e poliglota húngaro. Best seller em latim com sua tradução do clássico infantil “O Ursinho Winnie”.
Para os 4 000 habitantes do município de Dona Ema, na região dos verdes vales de Santa Catarina, a maior façanha de “seu Alexandre”, desde que chegara ao Brasil em 1951 como refugiado de guerra, tinha sido aparacer na televisão em 1956 respondendo sobre Johann Sebastian Bach, um profundo conhecedor da obra, no programa “O Céu É o Limite” (ganhou 200 cruzeiros).
Nos grandes centros universitários dos Estados Unidos e da Europa, o nome do humanista que falava doze línguas tinha outra dimensão. Lenard era o sábio e o poeta elogiado por Thomas Mann e Hermann Hesse, refugiado na Áustria em 1938 e lutador na resistência italiana contra os nazistas, que após a guerra se recolheu às bibliotecas e passou e escrever sobre as pesquisas médicas na Renascença. Até que um dia, fascinado pela extensão das matas brasileiras, candidatou-se a uma viagem de cargueiro por conta da Organização Internacional de Refugiados.
Instalado em Dona Ema com sua mulher, a professora Andrietta Lenard, entregou-se às suas duas maiores paixões: plantar árvores e executar Bach ao piano. Quando precisava de dinheiro, viajava aos Estados Unidos dar cursos sobre poesia, latim e grego. E para interessar as crianças no latim em 1958 traduziu a história de A. A. Milne “Winnie-the-Pooh” sob o título de “Winnie Ille Pu”, vendendo 100 000 exemplares, em sete edições consecutivas. Lenard morreu dia 14 de abril de 1972, aos 62 anos de idade, em sua fazenda de Dona Ema, na região dos verdes vales de Santa Catarina.
(Fonte: Veja, 26 de abril, 1972 – Edição n° 190 DATAS – Pág; 78)