Aline Kominsky-Crumb, cartunista americana foi pioneira ao pôr personagens femininas em evidência em seu trabalho, ao lado de uma colaboradora do grupo, Diane Noomin, fundou outra série underground de sucesso, “Twisted Sisters”

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A cartunista underground pioneira

A americana, foi pioneira ao pôr personagens femininas em evidência em seu trabalho

O cartunista americano Robert Crumb em casa com sua esposa e colega artista Aline Kominsky-Crumb, em Sauve, França, por volta de 2010. (Foto de Eamonn McCabe/Popperfoto via Getty Images)

Aline Kominsky-Crumb (nascida Goldsmith; Long Island, 1° de agosto de 1948 – Sauve, França, 29 de novembro de 2022), cartunista underground norte-americana, conhecida por destacar temas feministas e por seu trabalho muitas vezes brutalmente franco, altamente pessoal e autocrítico.

A cartunista americana Aline foi pioneira ao pôr personagens femininas em evidência em seu trabalho. Ela colaborou com veículos importantes, como a revista The New Yorker e o jornal The New York Times.

Ao lado de uma colaboradora do grupo, Diane Noomin, Kominsky-Crumb fundou outra série underground de sucesso, “Twisted Sisters”. Lesbianismo, empoderamento feminino e críticas ao patriarcado ecoavam a espinha dorsal da ideologia feminista que ganhava corpo à época.

Um dos principais nomes dos quadrinhos underground, também participou do coletivo feminista Wimmen’s Comix, que publicou, entre os anos 1970 e 1990, uma série antológica de quadrinhos que tocou em diversos assuntos considerados tabus. Apareceram em suas páginas discussões caras às mulheres, além de temas mais amplos, como sexo e homossexualidade.

Kominsky-Crumb, que era colaboradora próxima de seu marido, o cartunista Robert Crumb, era conhecida pelo trabalho que não era apenas autobiográfico, mas muitas vezes fortemente sexual – focando em suas inseguranças – e explícito. Ou apenas atrevido. Uma das primeiras capas da antologia Twisted Sisters – na qual ela colaborou com a também cartunista Diane Noomin (1947–2022) – a mostrava sentada quase nua no banheiro, imaginando quantas calorias havia em uma enchilada de queijo.

“As pessoas me disseram: ‘Isso é tão ultrajante, como você pode se desenhar sentada em um banheiro?’”, disse ela em uma entrevista em vídeo em 2019. “Eu disse, ‘Eu não sei, parecia natural para mim.’”

Kominsky-Crumb descreveu como influências criativas tanto a arte expressionista alemã quanto a falecida comediante judia Joan Rivers, cujas rotinas de stand-up ela admirava, em parte por sua natureza autodepreciativa. Muito mais recentemente, ela também admirou Lena Dunham e seu show Girls, e ficou emocionada ao saber que Dunham realmente disse que foi influenciada pela arte de Kominsky-Crumb.

O autor Art Spiegelman fez uma conexão semelhante. “Ela tem algo em comum com Lena Dunham, Amy Poehler, Amy Schumer, Sarah Silverman, mulheres que estão tentando lidar com suas identidades de uma forma que não é embelezada”, disse Spiegelman, autor de Maus, em um artigo de 2018 no The New York Times. “Elas estão apenas tentando viver e respirar como mulheres com todas as suas contradições. E é uma maneira liberada e libertadora de olhar para si mesmo.”

Kominsky-Crumb nasceu em Long Island, no subúrbio de Five Towns. “Ler, desenhar e pintar foram as coisas que me salvaram de uma infância muito difícil”, disse ela em uma entrevista de 2019, “com pais um tanto duros”, acrescentou.

Ela estudou arte em seus anos de faculdade no The Cooper Union, em Manhattan, e mais tarde mudou-se para o Arizona, fazendo bacharelado em artes plásticas na Universidade do Arizona. Ela conheceu Robert Crumb no início dos anos 1970 em San Francisco, onde se tornou parte do coletivo feminino Wimmen’s Comix antes de romper com o grupo e começar o Twisted Sisters com Noomin, que morreu em setembro.

A ruptura no coletivo foi entre duas facções com abordagens diferentes, disse ela – aquelas que eram “feministas muito militantes” e outras, como ela, “que eram feministas, mas também gostavam de homens”.

Sua obra costumava refletir questões pessoais, com personagens que lidavam com problemas relacionados a pressão social, autoestima e identidade -Kominsky-Crumb era de família judaica e diversas vezes falou sobre os estereótipos que frequentemente recaíam sobre ela.

Ela era casada com Robert Crumb, ícone dos quadrinhos underground. Eles se conheceram graças a um amigo em comum, que encontrou semelhanças entre personagens que eles haviam desenhado. Eles se casaram em 1978 e tiveram uma filha dois anos depois.

Juntos, colaboraram em quadrinhos como “Aline and Bob’s Dirty Laundry”. Nos anos 1980, a cartunista assumiu a edição da revista Weirdo, criada pelo marido e até hoje uma das principais influências para a consolidação do mercado de HQs.

Com Crumb, com quem se casou em 1978, ela produziu uma série de quadrinhos chamada Aline and Bob’s Dirty Laundry, sobre sua família. Eles tiveram uma filha, Sophie, que também é quadrinista. No início dos anos 1990, a família mudou-se para a França, estabelecendo-se em uma vila medieval na região de Languedoc-Roussillon.

Um documentário sobre a vida deles, Crumb, foi lançado em 1994. Entre seus trabalhos, Kominsky-Crumb publicou um livro de memórias gráfico, Need More Love, em 2007, uma coleção de suas obras de arte ao longo de quatro décadas. Sua retrospectiva Love That Bunch foi publicada em 1990 e expandida em 2018.

“Não consigo deixar de ver o absurdo de mim mesma o tempo todo”, disse ela na entrevista de 2019, tentando descrever seu ethos. “Isso é apenas a consciência que eu tenho e que sempre tive de mim, como sendo uma criatura absurda neste planeta.”

No Brasil, Kominsky-Crumb teve obras publicadas pela Companhia das Letras e emplacou quadrinhos na Piauí. Ela esteve com Robert Crumb na Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, em 2010.

O casal Crumb esteve no Brasil em 2010 para a Flip – Festa Literária Internacional de Paraty.

Kominsky-Crumb faleceu na terça-feira, 29, aos 74 anos, na França. Aline lutava contra um câncer, mas não resistiu. Ela estava em sua antiga casa na França, disse Alexander Wood, administrador do site que vende o trabalho de Crumb.

“Ela era o centro de sua família e da comunidade”, escreveu o site ao anunciar sua morte. “Ela tinha uma enorme quantidade de energia que aplicou em suas obras de arte, sua filha, seus netos e nas refeições que reuniam todos.”
(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/entretenimento/noticias – ENTRETENIMENTO / NOTÍCIAS / por AP – ESTADÃO CONTEÚDO – História por Redação – 02/12/2022)
(Fonte: https://www.otempo.com.br/diversao – DIVERSÃO / Por Agências – 1° de dezembro de 2022)

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