Almira Castilho, era parceira de palco do ex-marido, Jackson do Pandeiro com quem emplacou sucessos nas décadas de 50 e 60 como “A mulher de Aníbal” e “Forró em Limoeiro”

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Almira Castilho, ex-parceira de Jackson do Pandeiro

Almira Castilho de Albuquerque (Olinda, 24 de agosto de 1924 – Recife, 26 de fevereiro de 2011), ex-parceira de Jackson do Pandeiro

A cantora foi casada com Jackson do Pandeiro por 12 anos, entre 1955 e 1967, e compôs com ele ao menos 30 canções.

Almira também era parceira de palco do ex-marido, com quem emplacou sucessos nas décadas de 50 e 60 como “A mulher de Aníbal” e “Forró em Limoeiro”. Além disso ela atuou como atriz de rádio e chegou a participar de oito filmes entre 1958 e 1962.

Bisneta de espanhóis, por parte da mãe, e de índios, por parte do pai, foi criada com severidade pela tia, que pleiteou a guarda da menina porque a mãe desta casara muito cedo, aos 15 anos de idade.

Almira gostava de imitar Carmen Miranda e ensaiava passos de dança na escola. Formou-se em Pedagogia e abriu uma escola que ficou conhecida como a escola da professora Mimi, seu carinhoso apelido. Tinha o apoio da mãe biológica na sua intenção de pertencer ao rádio, apesar da rigidez da mãe de criação, que não almejava para Almira a carreira artística. Quando a Rádio Jornal do Commercio abriu concurso para seleção de radioatrizes, em 1952, Almira concorreu e ali começou sua carreira, que logo se ampliou para canto e dança.

Quando Almira Castilho aceitou um convite para participar do coro de “Sebastiana”, que seria cantada por Jackson do Pandeiro, não imaginou o quanto aquilo iria afetar sua vida. Na época uma ex-professora, ela iniciaria uma promissora carreira na Rádio Jornal do Commercio como rumbeira e radioatriz. Morena bonita, alta, corpo violão, olhos claros, dificilmente se poderia pensar que ela se enamorasse de Jackson do Pandeiro, um paraibano, baixinho, de físico mirrado, e mais: nem era ainda famoso, estava contratado pela rádio como simples pandeirista.

 

Nenhum dos dois poderia aparecer mais num palco sozinho que logo a presença do outro era exigida. O contato diário, as frequentes viagens, mesmo que na companhia da mãe da moça, fazem surgir boatos sobre os dois. Em fins de 1953, comemoraram aos beijos e abraços a chegada do primeiro disco de Jackson.

Com o namoro sacramentado, a primeira providência de Almira foi alfabetizar o companheiro. Além de professora, ela passa a ser sua orientadora artística. Era o eixo dele em termos profissionais e emocionais, além de estimulá-lo a levar sua música para além dos estados da Paraíba e Pernambuco. Era também empresária e tesoureira, e enquanto isso ele ficava livre para só pensar em música.

Chegam ao Rio de Janeiro, em 1954, e se apresentam na Rádio Nacional, nos programas de auditório de César de Alencar e de Paulo Gracindo. Ficam apenas quatro meses. Na Rádio Tupi do Rio, Almira e Jackson tomaram parte do programa de abertura da série “Recolhendo o Folclore”, uma criação de Almirante que era irradiada às quartas-feiras, às 20h35. Com a visibilidade conseguida, São Paulo também requisita a presença da dupla. Atuam em TV, rádio, boates, casas de show, alavancando uma grande vendagem de discos. “Dupla do barulho”, “dupla de ouro”, “dupla atração”, “dupla sensação”, “casal infernal”, “dupla sapeca”, “par fenomenal”…Praticamente todos os jornais e revistas entre Rio, São Paulo e Minas Gerais destinavam diariamente alguma nota ou comentário sobre eles.

A chegada definitiva, em 1955, se deu depois de uma briga onde Almira, Jackson e seus músicos escaparam por pouco de serem linchados. Convidados a fazer uma apresentação nos jardins da mansão do presidente do Náutico, Eládio Barros de Carvalho, Almira dançava usando por baixo da saia rodada uma espécie de perneira, exigência do marido. Enquanto Jackson cantava seus sucessos, alguns rapazes embriagados começaram a pegar nos tornozelos da cantora. Isso acabou por provocar uma grande briga na qual ela, o ciumento Jackson e seus músicos foram agredidos a pontapés, socos e cadeiradas, e foram obrigados a bater em retirada pulando o muro da mansão. Os dois decidiram, então, rescindir o contrato com a rádio, e voltaram ao Rio de Janeiro.

Já com um LP “Jackson do Pandeiro”, lançado pela gravadora Copacabana, transformam-se em celebridades. As várias apresentações faziam do casal o sucesso do momento. Mesmo sendo a rádio o espaço consagrado para as gravações e os shows, era na TV que o casal de nordestinos explorava o palco de forma expressiva e cômica. A dança fazia parte das apresentações.

Foi na TV Tupi que comandaram um programa semanal, intitulado “No Forró do Jackson”, dirigido por Mário Provenzano. Era o espaço onde os dois poderiam fazer o que quisessem, desde que repetissem o desempenho rítmico e plástico utilizado nos auditórios radiofônicos. Era um casal de matutos, fazendo tipos, cantando músicas folclóricas e contando histórias matutas. Jackson e Almira eram acompanhados por Geraldo “Cícero”, João “Tinda” Gomes, Severo, Vicente e Pacinho (zabumba, triângulo, acordeon, pandeiro e violão). Depois de desfeito, o Trio “Pau de Arara” (que era mais de três) foi rebatizado de “Borborema”.

Em 1957, lança o LP “Os Donos do Ritmo”.

Em 1958, teve lançado por Odete Amaral o samba-coco “Chiclete com banana”, parceria com Gordurinha, que se tornaria um grande clássico, gravado por nomes como Gilberto Gil, Gordurinha, Carmélia Alves, Beth Carvalho, Daniela Mercury, Gal Costa e Zé Ramalho, entre outros, além do próprio Jackson do Pandeiro. Com essa canção os compositores criaram a expressão “samba rock” na música brasileira. Nos versos “Eu só boto bebop no meu samba quando o Tio Sam tocar num tamborim” se faz uma crítica e um desafio, fala-se sobre as misturas que a influência estadunidense nos trouxe e as mudanças que podem ocasionar. Culmina sugerindo um termo que resume seu enredo “é o samba rock meu irmão.”

 

Almira participou dos seguintes filmes:

Minha sogra é da polícia (1958), O batedor de carteiras (1958), Aí vem a alegria (1960), O viúvo alegre (1960), Pequeno por fora (1960), Cala a boca, Etelvina (1960), Rio à noite (1962), Bom mesmo é carnaval (1962)

Lança, em 1961, os LPs “Mais Ritmo“, “Ritmo, melodia e a personalidade” e o compacto duplo “A Festa vai começar“.

Em 1963, “É Batucada” e “Forró de Zé Lagoa“; em 1964, “Tem Jabaculê” e “São João no brejo“.

Em 1965, “E Vamos nós“; em 1966, “O cabra da peste” e em 1967, “A Braza do Norte

Almira não conseguiu tolerar as infidelidades conjugais e, em 1967, exigiu de Jackson a separação. Depois de separada de Jackson ela costumava dizer: “Casamento, meu filho, é doença que em mim não pega nunca mais. Eu já fui até vacinada e cruzada na macumba contra esse micróbio. Estou de corpo fechado”. Ela viajou pela Europa, onde fez apresentações como dançarina de ritmos latinos. Casou-se com um alemão, chamado Aswin Fabere, antes de retornar ao Brasil.

A última aparição pública de Almira foi em 2009, quando recebeu a homenagem póstuma à Jackson do Pandeiro, feita pela Prefeitura do Recife, que homenageou o “Rei do Ritmo” naquele Carnaval.

Almira Castilho morreu, em 26 de fevereiro de 2011, aos 87 anos, enquanto dormia, em Recife. Há dois anos ela sofria de mal de Alzheimer, e tinha acompanhamento médico em casa.

O cantor Silvério Pessoa lamentou a morte da amiga, que classificou como uma pessoa muito criativa e dedicada à música.

“Ela estava sempre compondo alguma coisa. Era muito alegre e gostava muito de cantar. A gente acaba de perder o último laço vivo com a história de Jackson do Pandeiro.

(Fonte: https://oglobo.globo.com/rio – MÚSICA / POR O GLOBO – 26/02/2011)

(Fonte: https://jornalggn.com.br – CULTURA / Por MARA L. BARAÚNA – 25/08/2015)

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