Anastasia Baburova (Sevastopol, Ucrânia, 30 de novembro de 1983 – Moscou, 19 de janeiro de 2009), repórter, ativista libertária membro da organização Autônomous Action, era jornalista do jornal “Novaia Gazeta”, que se especializava em processos por crimes de guerra, violação dos direitos do homem, crimes militares.
Anastasia era estudante de jornalismo na Universidade Estadual de Moscou. Anastasia Baburova foi morto a tiro, a 19 de Janeiro, no centro de Moscou.
A russa Anastasia Baburova tinha 25 anos e era repórter do Novaya Gazeta. Co-fundado pelo ex-presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev, o jornal é a mais crítica publicação do país. Nascida logo antes da Perestroika, reestruturação econômica conduzida por Gorbachev na década de 80, Anastasia cresceu sem medo, em um ambiente com clima de liberdade fresca. Considerava-se cidadã do mundo – era fluente no inglês e aprendeu mandarim –, mas tinha pouca chance de viajar para o exterior. Em vez disso, viajava através dos livros.
Anastasia Baburova morreu em 19/1, com um tiro na cabeça, em pleno dia, no centro de Moscou. Estava com o advogado Stanislav Markelov, especialista em direitos humanos e que havia representado clientes como a repórter investigativa Anna Politkovskaya, morta a tiros em outubro de 2006. Markelov foi morto segundos antes de Anastasia. Não se sabe se ela foi uma vítima acidental em um atentado voltado a ele, atingida na tentativa de ajudá-lo.
Embate
No dia seguinte às mortes, um grupo de nacionalistas russos levaram champagne ao local dos assassinatos para comemorar a”eliminação” de inimigos. As mortes de Markelov e Anastasia refletem uma batalha contínua entre fascistas e anti-fascistas na Rússia, define a revista britânica Economist em perfil que traça da jornalista [5/2/09].
O fato de trabalhar no Novaya Gazeta – mesmo jornal de Anna Politkovskaya – não era por acaso.”Onde mais poderia trabalhar?”, dizia Anastasia aos amigos. Ela foi a quarta profissional do jornal morta nos últimos oito anos. A repórter também mantinha um blog, e nele fica claro que, para ela, qualquer sinal de violência ou racismo era algo intolerável.
Nascida em Sebastopol, porto no Mar Negro que, durante a infância de Anastasia, tornou-se parte da Ucrânia, ela aprendeu artes marciais e conseguiu entrar – sem”pistolão” – para o Instituto de Relações Internacionais de Moscou, onde os filhos da elite soviética eram tradicionalmente preparados para seguir carreira diplomática. Suas notas eram tão boas que lhe foi oferecida uma vaga na universidade americana de Yale. Anastasia decidiu que, em vez disso, queria ser jornalista, e deixou o Instituto.
Uma santa
Como repórter, ela trabalhou brevemente no Izvestia, mas não se encaixava em um jornal que transpirava nacionalismo e conformismo. Presa por filmar policiais expulsando moradores de um prédio, foi demitida por ser o tipo de jovem que”sabe muito pouco sobre a vida real, mas vibra com qualquer sinal de mudança social. Espera pela revolução, e quando ela não acontece fica entediada”. A definição é do editor doIzvestia Vladimir Mamontov, que a dispensou sem nunca tê-la conhecido.
Já Dmitry Muratov, editor do Novaya Gazeta, via Anastasia como um dos jovens personagens dos romances de Fyodor Dostoevsky, com um grande senso de injustiça e uma ânsia de mudar o mundo. Junto com seus amigos, a jovem repórter identificou o fascismo como a maior ameaça a seu país e jurou combatê-lo.
A Economist encerra o perfil de Anastasia com a citação de um poema de Ivan Turgenev. Uma jovem mulher está parada na frente de uma porta. Uma voz pergunta se ela está preparada para aguentar frio, fome, zombarias, prisão e morte, que a aguardam do outro lado. Ela diz”sim” a tudo, e entra.”Uma tola”, exclama uma voz atrás dela;”uma santa”, sugere outra.
(Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2009/11/06/2189049 – VOZ DA RÚSSIA – 6 Novembro 2009)
(Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view- MONITOR DA IMPRENSA – RÚSSIA – ISSN 1519-7670 – Ano 18 – nº 801 – na edição 524 -10/02/2009)